Servidores e estudantes da UnB seguem em greve

Os servidores técnico-administrativos e os estudantes da Universidade de Brasília (UnB) seguem em greve contra o ajuste fiscal e os cortes orçamentários que têm atacado as condições de trabalho e estudo na instituição. Sucessivas demissões de trabalhadores terceirizados e cortes de bolsas motivaram as greves e as mobilizações da comunidade acadêmica da UnB.

Os trabalhadores terceirizados são os que mais forte e mais rápido têm sofrido as consequências da Emenda Constitucional (EC) 95 – do Teto de Gastos – e dos demais projetos de ajuste fiscal. Apenas na UnB, de acordo com o Sindicato dos Técnico-Administrativos da instituição (Sintfub), mais de mil trabalhadores foram demitidos desde o final de 2017. 533 deles foram demitidos desde o início do mês de maio, sendo 230 da limpeza, 27 da vigilância, 83 de portaria, 80 motoristas, 46 copeiros, 47 da jardinagem e ao menos 20 da manutenção. A reitoria da UnB ainda tentou aumentar o preço do RU e encerrou mil contratos de estágio.

Os servidores da UnB entraram em greve contra as demissões, assim como os estudantes, que primeiro ocuparam a reitoria da instituição e depois decretaram o movimento paredista. Grandes manifestações públicas contra os cortes e as demissões, e exigindo investimentos públicos na educação pública, foram realizadas na capital federal. Os estudantes foram duramente reprimidos pela Polícia Militar do Distrito Federal durante ato em frente ao Ministério da Educação (MEC), na Esplanada dos Ministérios em 26 de abril.

No dia 19 de abril, foi realizada uma mesa pública realizada na UnB, com a presença de representantes dos estudantes, técnicos, docentes, trabalhadores terceirizados e da administração da universidade, além da coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lúcia Fattorelli, e da deputada federal Érica Kokay (PT/DF), que mediou a audiência. O Ministério da Educação também foi convidado a participar do debate e havia confirmado presença, mas não compareceu, o que indignou os mais de 300 presentes. 

Avaliação
Ingrid Martins, estudante de direito da UnB e militante do movimento RUA Juventude Anticapitalista, comenta a importância de articular um diálogo nacional sobre as consequências da EC 95 para a educação pública a partir das experiências de luta da UnB. “A greve estudantil da UnB, deflagrada no dia 2 de maio, fez com que grande parte dos cursos e departamentos promovessem assembleias e aulas públicas para debater a necessidade de defender a UnB e a revogação da EC 95, gestada pelo golpe institucional de 2016. Além de mobilizar a nossa universidade, acumulamos sobre a importância de construir uma campanha nacional pela revogação da EC 95, unificando as estudantes e trabalhadoras da educação. Nesse sentido, a construção de iniciativas conjuntas com outros Diretórios Centrais de Estudantes (DCEs) do país, com a União Nacional dos Estudantes (UNE), com o ANDES-SN, a FASUBRA e a ANDIFES será o nosso próximo passo”, comenta a estudante.

Erlando Rêses, docente da UnB e 2º vice-presidente da Regional Planalto do ANDES-SN, comenta que apesar das grandes mobilizações e das greves a reitoria da UnB segue uma política subserviente ao Ministério da Educação e à sua política de cortes orçamentários e ajuste fiscal.  “Apesar de toda a resistência, a reitoria continuo realizando as demissões e não fez seu papel de enfrentar duramente o MEC e o governo federal. A reitoria deveria enfrentar o MEC, dizendo que o ministério não está cumprindo com os repasses orçamentários necessários”, conclui Erlando.

*Foto: Fasubra

 

Fonte: ANDES-SN