Caminhada contra o fascismo mobiliza comunidade acadêmica

Um grupo com dezenas de professores, técnico-administrativos, pais e estudantes da Ufes mobilizou a comunidade local na manhã de quarta-feira (24/10), Dia Nacional de Luta dos Servidores Públicos. 

 “Livro sim, arma não”, e outros gritos de protesto contra a defesa explícita do machismo, fascismo, autoritarismo, racismo, lgbtfobia e misoginia, ecoaram pelo campus de Goiabeiras, em Vitória. Ao som de tambores e de trompete entoando melodias saudando a preservação da democracia, da liberdade, da vida e do amor, a manifestação foi, aos poucos, ganhando adesão à medida que percorria os Centros e demais prédios, como Biblioteca Central e Restaurante Universitário, onde o ato foi finalizado.  

“A gente não pode continuar assistindo cenas de ódio, de autoritarismo, racismo e misoginia sem fazer nada. Por isso estamos aqui para conversar com vocês”, disse um docente ao megafone à medida que a caminhada prosseguia. Vários professores/as também manifestaram-se sobre a conjuntura e sobre as reais ameaças que o avanço da cultura e da política fascistas representa para a população brasileira e suas instituições. “Não queremos cursos pagos. Queremos as cotas, mais financiamentos, laboratórios e mais livros”, destacou outra docente.

Luta unificada. Teve também falas de temor de fechamento de escolas e universidades públicas. “Não podemos concordar com uma proposta que promove a educação a distância e a substituição da pedagogia pelo autoritarismo e que nega nos currículos os efeitos maléficos da Ditadura Militar de 1964”, disse uma estudante lembrando que, independente do resultado do segundo turno das eleições presidenciais, o enfrentamento ao fascismo precisa continuar.

“Estamos juntos com os trabalhadores desta universidade pedindo um Brasil sem fascismo, sem ódio e sem horror”, ressaltou outra aluna de Serviço Social.  Ao lado dela caminhava Katia Vassoler, que tem dois filhos fazendo Medicina na Ufes.  “Vocês querem pagar mensalidade para estudar nesta universidade? Reflitam sobre isso. Eu quero ensino público e gratuito, quero as cotas, saúde pública, mas tudo isso pode acabar”, alertou. Kátia também lembrou que a  escola deve ser um espaço para a transformação social positiva, não pode servir à reprodução das desigualdades e das injustiças que marcam a sociedade.

Indecisos. Outra mãe de aluno ainda fez chamamento para o comparecimento às urnas no próximo domingo (28), dia do segundo turno das eleições presidenciais.  “Tem gente que diz ‘não vou votar, estou indignado’. Mas a gente não pode se furtar a isso neste momento”. E completou: “ Temos que ter consciência em relação aos rumos do país”.

Ela lembrou que as duas candidaturas são antagônicas. De  um lado, a proposta autoritária, que tem  pouco ou nenhum respeito à diversidade, que quer o desmonte do estado. Do outro, a que prega a inclusão, investimentos, desenvolvimento, e, acima de tudo, a democracia e que incentiva o convívio de ideias opostas.

Fonte: Adufes