Na madrugada de terça (16) para quarta da última semana, apartamentos do Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp), na Cidade Universitária do Butantã, amanheceram com pichações de cunho xenofóbico, misógino e homofóbico.
Os moradores fotografaram as pichações e as apagaram, reportando o caso à Associação de Moradores (Amorcrusp). Na manhã seguinte (quarta 17), cinco apartamentos estavam com pichações com a cruz suástica, símbolo do nazismo, na porta, e um deles com a inscrição “Volta p/ Bolívia”.
A Amorcrusp suspeita que o autor, autora ou autores sejam moradores, por conta das referências diretas aos residentes dos apartamentos que foram alvo das pichações. A associação solicitou providências à Superintendência de Assistência Social (SAS, ex-Coseas), responsável pelas moradias.
“Acordar com uma suástica na porta do teu vizinho certamente tem a ver com o momento que o Brasil está passando, e isso não é normal”, diz a Amorcrusp, em nota oficial sobre o episódio, que reflete, no entendimento da associação, “uma onda apolítica, vazia, sem conversa ou debate, algo que paira no ar perigosamente, pois beira o nazi-fascismo e sua consequência é, como em qualquer reinvindicação de símbolos totalitários, a violência”.
Ainda segundo a nota, “Goebbels, ministro e um dos estrategistas de Adolf Hitler, dizia que ‘uma mentira contada cem vezes passa a ser uma verdade’. Modernamente, é o que vemos com as fake news espalhadas por WhatsApp e robôs seguidores, reencaminhando e dando audiência em grande escala às notícias falsas. Portanto, há uma ideia por trás do símbolo e um momento onde essa ideia se realiza”.
A Amorcrusp lembra que “distribuir ou veicular símbolos para fins de divulgação do nazismo é crime (Lei 7.716/89) que pode levar até cinco anos de reclusão e multa”. Assim, conclui, “é fundamental nos organizarmos para que esse tipo de retrocesso civilizacional — mediado por símbolos que enaltecem a discriminação e a violência — não torne a acontecer”.
Caso está sendo apurado, diz reitoria. A Assessoria de Imprensa da Reitoria informou que “o caso está sendo apurado para a identificação dos autores e serão adotadas as medidas cabíveis”: “Esse tipo de comportamento não pode ser tolerado, muito menos admitido em um ambiente universitário. A Reitoria da USP tomará todas as medidas cabíveis para que essas atitudes não se repitam”.
O reitor solicita à comunidade universitária, ainda, que “continue mantendo o ambiente saudável e rico dos debates eleitorais e não aceite provocações de grupos radicais, que, por não terem argumentos para discussões, apelam para a violência”.
*Com edição do ANDES-SN