Contas da Ufes não fecham; reitor diz que universidade já funciona no limite


O quadro é crítico e exige da comunidade acadêmica e da sociedade capixaba reação imediata. Essa é a constatação do presidente da Adufes sobre a Audiência Pública que debateu os impactos dos cortes no ensino superior federal. O evento, realizado na segunda-feira (10/6) no Teatro Universitário, campus Goiabeiras/ Ufes, em Vitória, reuniu pró-reitores da Ufes e do Instituto Federal do ES (Ifes), representantes do Ministério Público Federal, parlamentares e assessores, e principalmente estudantes, professores e técnicos. O 2º Tesoureiro da Regional Leste do ANDES-SN, Ricardo Behr, também esteve presente na atividade.

Numa breve exposição, os reitores revelaram como os cortes têm atingido as duas instituições, prejudicando a manutenção de serviços essenciais, como limpeza e vigilância, além do pagamento de despesas como água e luz, etc. “Convivemos com essa realidade de contingenciamentos no orçamento desde 2015 e não temos mais onde cortar despesas” , ressaltou o reitor durante Reinaldo Centoducatte durante sua apresentação “números na Ufes” .

Números. R$ 30 milhões. Esse é o déficit projetado, caso a asfixia financeira de Bolsonaro não seja revertida. Dos R$ 70 mihões previstos para o orçamento de custeio (gastos com limpeza, segurança e manutenção), R$ 27 milhões foram bloqueados e, com base nas despesas projetadas, o déficit comprometerá todo o planejamento da instituição.

Mesmo diante do quadro dramático com geração de impactos sérios no ensino, na pesquisa, assistência e extensão universitária, Centoducatte se mostrou confiante com a locução junto ao Ministério da Educação (MEC) e equipe econômica do Governo.

“Não vamos fechar as portas simplesmente porque estamos em crise financeira. A universidade existe para servir a sociedade e não a esse ou aquele governo”, desabafou. Na Ufes, o bloqueio dos recursos orçamentários equivale a 33% do orçamento total inicialmente previsto de R$ 99,4 milhões (incluindo orçamento de custeio e de capital e emendas parlamentares).

Instituto Federal. O reitor do Ifes, Jadir José Pela, disse que serviços fundamentais para o funcionamento das unidades no ES estão prejudicados. “Como compra de materiais para laboratórios, visitas técnicas e alguns tipos de trabalho em sala de aula”, pontuou. Ao apresentar a análise financeira, Jadir Pela destacou que o orçamento de 2019 da instituição é de R$ 65 milhões e que o corte nas verbas de custeio são de cerca de  25 milhões ( 37,8%). “Se o governo não liberar recursos não será possível mantermos abertas nenhuma das 22 unidades no Estado”, disse.

A procuradora da República, Elisandra Oliveira Olímpio, que  representou o Ministério Público Federal (MPF) frisou que um dos objetivos da audiência foi alcançado.

“A partir dos diagnósticos apresentados vamos avaliar as medidas que podem ser adotadas, seja ações na Justiça ou medidas no âmbito extra-judicial para mudar esse quadro de desmonte da educação pública brasileira”, garantiu.

Greve Geral. O presidente da Adufes, José Antônio da Rocha Pinto, considerou o quadro financeiro da Ufes como “muito grave” Na avaliação dele, a audiência não foi capaz de pontuar de fato o que  poderá acontecer nos próximos meses, caso os cortes não sejam revertidos.  “Temos que continuar o debate sobre as consequências dos cortes e fortalecermos o enfrentamento ao projeto político desse governo para a educação”, salientou o professor, reforçando o chamado para a Greve Geral de 14 de junho (próxima sexta-feira) contra a reforma da Previdência, em defesa da Educação e por empregos.   

De acordo com o presidente da Adufes, que está na organização da Greve Geral, o movimento paredista irá reunir setor dos transportes, servidores públicos, profissionais da educação, bancários, petroleiros, comerciários, portuários, e várias outras categorias  no Estado contra os ataques do governo Bolsonaro.

Alunos preocupados. Para Victor Netto Rangel, estudante de Direito da Ufes, a audiência pública sobre os cortes foi algo meramente institucional. Na avaliação dele, a reitoria da Ufes não mostrou os reais impactos dos cortes. “A universidade não mostrou como irá reagir diante dos cortes já anunciados e os estudantes querem participar do processo de resistência e defesa da universidade pública”, finalizou.

Fonte: Adufes