Professores da Ufes param dias 2 e 3 outubro; greve por tempo indeterminado não está descartada

Durante a plenária, realizada na tarde de terça-feira (10/9) na sede da Adufes, a categoria rechaçou o programa “Future-se” e os cortes orçamentários do governo Bolsonaro.  Os docentes posicionaram-se também contra as medidas de contenção de gastos que estão em curso nos campi. Denunciaram, inclusive, que tais medidas atacam, sobretudo, os setores mais oprimidos da universidade.

“No momento em que as universidades e institutos federais sofrem graves ataques e com o governo tentando empurrar goela abaixo o programa privatista ‘Future-se’ é fundamental uma resposta à altura”, disse o presidente da Adufes, José Antônio da Rocha Pinto, destacando a importância do movimento paredista.

Depois de amplo debate, com participação de estudantes e de técnicos, os docentes deliberaram por aderir à paralisação nacional da educação. Na Ufes, o movimento paredista será nos dias 2 e 3 de outubro. A categoria também votou pela manutenção do indicativo de greve por tempo indeterminado já aprovado em plenária realizada no mês passado.

Assembleia Unificada. Os/as professores/as decidiram ainda pela realização de uma grande mobilização envolvendo os três segmentos da Ufes para debater o desmonte que as universidades estão sofrendo. A data da assembleia geral unificada está sendo definida e visa debater os cortes de verbas e o “Future-se”, que objetiva a privatização das instituições federais de ensino.

Durante a assembleia unificada da Ufes, os docentes, técnicos e estudantes, vão posicionar-se sobre o “Future-se” e a intenção é que o Conselho Universitário (CUn) acate a decisão da comunidade acadêmica.

Indignação. Na plenária da Adufes, vários docentes questionaram a aplicação dos cortes pela administração central. “O reitor encaminhou a toque de caixa para comunidade acadêmica no dia 9 de agosto, três dias antes do início do período letivo, um comunicado sobre a suspensão de diversos serviços”, queixou-se um docente.

“Já cortaram bolsas, manutenção de equipamentos, ar condicionado, contratos com trabalhadores terceirizados e material de limpeza. O que mais será cortado? É preciso radicalizar as nossas ações de enfrentamento ao governo e também à administração”, cobrou uma professora.

Neste ponto, o presidente da Adufes ressaltou que a reitoria ao invés de fazer cortes no Programa Integrado de Bolsas (PIB), por exemplo, poderia cancelar o convênio com a Polícia Militar. “Se não há dinheiro nos cofres da universidade, como está sendo mantida essa parceria com a Secretaria de Segurança Pública? A comunidade precisa ser ouvida”, defendeu.

Educação NÃO é mercadoria. O programa “Future-se” entrega a gestão das universidades às organizações sociais (OSs) – entidades de caráter privado. Trata-se da criação de um fundo, composto pelas mensalidades da pós-graduação que serão cobradas e por imóveis públicos que serão cedidos pela União, estados e municípios a essas OSs, para custear a rede federal de ensino superior que tem sido vítima de cortes orçamentários. Veja aqui o folder FUTURE-SE é a FATURA da Educação Pública.

O programa pretende mudar 17 leis federais, incluindo as mais recentes como o Novo Marco de Ciência e Tecnologia e a Lei da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). O Ministério da Educação de Bolsonaro prevê que essas empresas estejam presentes diretamente na gestão das IFES, o que traz uma perspectiva ainda mais ameaçadora ao papel social das universidades federais do país.

O projeto é também uma ameaça à autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira, patrimonial e ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão das universidades públicas brasileiras, ambos garantidos pelo artigo 207 da Constituição de 1988.

Fonte: Adufes