Vergonha: Na ONU, Bolsonaro reafirma política ultraliberal, ataca Amazônia e defende ditadura

O discurso do presidente Jair Bolsonaro na 74ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York (EUA), na manhã dessa terça-feira (24), reafirma sua política de ultradireita, autoritária e conservadora.

Em 32 minutos, Bolsonaro esbravejou mentiras, manteve ataques à Amazônia e ao meio ambiente, assim como reafirmou a exploração de terras indígenas. “Quero deixar claro: o Brasil não vai aumentar para 20% sua área já demarcada como terra indígena, como alguns chefes de Estados gostariam que acontecesse”, disse.

O presidente defendeu o que acredita ser a “soberania brasileira sobre a Amazônia”: mente na ONU, minimiza as recentes queimadas na Amazônia e segue com a política de defesa de ruralistas, do agronegócio, da mineração e de madeireiros ilegais.

Esbravejou sobre o que seriam falácias do presidente Emmanuel Macron, mesmo sem citá-lo diretamente, pelas declarações do francês no ápice dos incêndios da Amazônia: “Valendo-se dessas falácias, um ou outro país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras da mídia e se portou de forma desrespeitosa, com espírito colonialista”.

Após criticar o presidente da França de maneira velada, Bolsonaro, ao contrário, foi todo elogios ao presidente dos EUA, Donald Trump, “que bem sintetizou o espírito que deve reinar entre os países da ONU: respeito à liberdade e à soberania de cada um”, apoiou-se descaradamente nesse falso discurso.

Elogiou ainda o Estado assassino de Israel, que faz parcerias com na área de tecnologia e segurança, ou seja, política de armamento contra morros e favelas  brasileiras, além da busca pelo fortalecimento de um estado armado.

Mentiu descaradamente ao defender “seu compromisso intransigente com os mais altos padrões de direitos humanos”. Esqueceu, no entanto, de seus discursos anteriores, as omissões nos crimes contra os direitos humanos e da foto postada por seu filho em novembro 2017 na qual aparece com uma camiseta escrita “direitos humanos, esterco da vagabundagem”.

Voltou a apoiar a ditadura militar, saudou a Polícia Militar, sem discorrer uma única palavra sobre as mortes causadas por policiais, em que são alvejadas crianças e o povo pobre nas  periferias, principalmente nas favelas cariocas.

“Em meu país, tínhamos que fazer algo a respeito dos quase 70 mil homicídios e dos incontáveis crimes violentos que, anualmente, massacravam a população brasileira. A vida é o mais básico dos direitos humanos. Nossos policiais militares eram o alvo preferencial do crime. Só em 2017, cerca de 400 policiais militares foram cruelmente assassinados. Isso está mudando”, salientou.

As mais de 434 mortes no Rio de Janeiro de inocentes no primeiro trimestre deste ano pelas mãos da polícia foram ignoradas. Genocídio feito em nome de uma “política de segurança” do governo de Wilson Witzel, com permissão do governo Bolsonaro/Mourão, que destrói famílias nas favelas, mata crianças e mata trabalhadores indiscriminadamente.

Condenou o que em sua avaliação é socialismo, ou seja, repete as fake news do “fantasma do comunismo”, acusando ditaduras, quando ele mesmo é um defensor declarado de regimes ditatoriais. Seguiu seu discurso colocando suas crenças religiosas à frente. “Meu país esteve muito próximo do socialismo, o que nos colocou numa situação de corrupção generalizada, grave recessão econômica, altas taxas de criminalidade e de ataques ininterruptos aos valores familiares e religiosos que formam nossas tradições”.

Refutou ainda o que de acordo com sua avaliação são ideologias que ignoram a biologia, em uma explicita defesa de sua intolerância contra a diversidade.  “A ideologia invadiu nossos lares para investir contra a célula manter de qualquer sociedade saudável, a família. Tentam ainda destruir a inocência de nossas crianças, pervertendo até mesmo sua identidade mais básica e elementar, a biológica”. Continuou com a defesa de que essa “ideologia se instalou no terreno da cultura, da educação e da mídia, dominando meios de comunicação, universidades e escolas”.

Defendeu ainda uma política de estado mínimo, de aumento da privatização e da flexibilização de direitos trabalhistas no que chamou de “desburocratização, da desregulamentação” no mundo do trabalho.

“Não pode haver liberdade política sem que haja também liberdade econômica. E vice-versa. O livre mercado, as concessões e as privatizações já se fazem presentes hoje no Brasil”, reafirmou o tom ultraliberal do governo.

Segundo a CSP-Conlutas, Bolsonaro reafirma seu caráter de inimigo das causas sociais e dos povos originários, assim como o de liberal-conservador e defensor da ditadura. “Um assecla do capitalismo”, reforça o dirigente da SEN (Secretaria Executiva Nacional) Atnágoras Lopes.

De acordo com a Central. o tom deve ser respondido com a defesa explícita do socialismo, o que muitas vezes foi traído pelas direções burocráticas.

A CSP-Conlutas ante a essa verborragia programática do governo Bolosnaro/Mourão seguirá insistindo em unir a classe trabalhadora e o povo pobre em geral contra tais asseclas do imperialismo norte-americano e defendendo um programa alternativo:

  • Basta desse governo inimigo;
  • Em defesa de nossa Previdência pública;
  • Contra as Privatizações da Petrobrás,  Correios,  Eletrobrás e Bancos públicos;
  • Em defesa do emprego, contra o genocídio do povo negro e das periferias;
  • Terra e moradia aos que vivem do trabalho;
  • Defesa dos serviços e servidores públicos.
  • Em defesa das liberdades democráticas e nosso direito de manifestação,  organização e greve!

“O Brasil precisa de um governo dos trabalhadores.  Por tudo isso, o país precisa de uma nova greve geral. Nossa luta pelo Socialismo não se confunde a defesa da volta do PT ou qualquer projeto de conciliação de classes”, resume Atnágoras ao rechaçar o discurso de Bolsonaro na ONU.

Fonte: CSP-Conlutas