Em Seminário realizado na ALES, movimentos criticam desmonte da Petrobrás e a política de aumento dos preços dos combustíveis


O seminário “Privatização da Petrobras e o Aumento dos Preços dos Combustíveis: como isso afeta todos os brasileiros”, realizado na Assembleia Legislativa do ES (ALES), em Vitória, no dia 20 de fevereiro, contou com a participação de parlamentares, movimentos sociais e sindicatos. Iniciativa dos mandatos da Deputada Estadual Iriny Lopes (PT) e do Deputado Federal Helder Salomão (PT), bem como do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES), o evento teve a participação da Adufes, representada pelos professores Nelson Figueiredo e Marlene Cararo

Na ocasião, foram feitas críticas à política econômica do governo Bolsonaro que afetam a Petrobrás, favorecendo a importação de combustíveis em detrimento tanto da produção interna, necessária à satisfação das necessidades da população brasileira quanto dos investimentos na produção nacional, fundamental para gerar emprego e renda.

 A diretora do Sindipetro-ES, Priscila Patrício, fez uma avaliação positiva da greve nacional dos petroleiros. Depois de 20 dias de paralisação, com adesão de cerca de 21 mil trabalhadores/as em 21 unidades do país, a greve levou a justiça do trabalho a reverter demissões e a mediar negociações entre a categoria e a direção da empresa que até então se recusava a negociar.  Segundo a dirigente “O movimento não vai parar, permanecemos mobilizadas/os em defesa da soberania nacional”.   Para Priscila Patrício, “As dificuldades financeiras e o endividamento não têm relação com as condições macroeconômicas”, visto que a Petrobras é uma empresa consolidada no mercado mundial e que há grande interesse internacional em seu desmonte.

O economista capixaba, aposentado da Petrobrás e egresso da UFES, Cláudio da Costa Oliveira explicou que a política de preços adotada pela Petrobras não é lastreada pelo dólar, como muitas pessoas imaginam, mas, sim, no Preço de Paridade de Importação (PPI). “Para determinar o PPI, a Petrobrás apura o preço internacional em dólares em uma refinaria no exterior (por exemplo no Golfo do México), soma a este preço o custo para transporte até o Brasil, despesas portuárias e alfandegárias, o gasto com seguro para garantir a estabilidade do câmbio e de preços e acrescenta ainda uma percentagem de lucro. Ou seja, a Petrobrás precifica a gasolina, o diesel e o gás de cozinha em suas refinarias como se fosse um importador para revenda e não um produtor no Brasil. É um absurdo.”

Para o economista , quem perde com essa política de preços é o cidadão brasileiro e quem ganha são as importadoras de combustível, as usinas produtoras de etanol e as empresas estrangeiras de petróleo, que estão tendo lucros altíssimos e estão na fila para comprar as nossas refinarias a preço de banana. Sobre a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), acrescentou: “Essa é uma invenção da elite brasileira para dizer que a Petrobras quebrou. Por um lado, é uma mentira muitas vezes repetidas sem contestação, por outro lado é o calcanhar de Aquiles da atual gestão da economia nacional. Se essa política mudar, muda tudo. Se essa politica mudar cai o presidente da Petrobras e o Ministro da Economia, pois as empresas que hoje lucram com sua depreciação não mais se interessarão nos ativos da nossa petroleira.”

“A Petrobras não é dos ricos nem dos banqueiros, a Petrobras é do povo brasileiro”. A palavra de ordem foi proposta por estudantes do Coletivo Levante Popular da Juventude durante o evento. O diretor Nelson Figueiredo leu a moção de apoio da ADUFES à luta dos petroleiros e concluiu sua fala afirmando que “Apoiamos as mobilizações dos trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás e queremos que o debate da defesa da soberania nacional seja feito também nas universidades e nas escolas”. Os diretores da Adufes distribuíram materiais de divulgação da greve nacional da educação, marcada para o próximo dia 18 de março.

Ao final do seminário, a deputada Estadual Iriny Lopes (PT) propôs a criação de um Fórum permanente para debater os ataques que o Governo Bolsonaro  vem promovendo contra empresas e instituições estratégicas da sociedade brasileira, como a Petrobras, as universidades, as escolas, o SUS, etc.

Fonte: Adufes