Estudo feito pelo NUPLA também revelou que a maioria dos participantes vivem com pessoas do grupo de risco e temem contrair a doença.
O Núcleo de Pesquisa, Inovação e Planejamento Socioeconômico divulgou neste mês o relatório sobre a enquete intitulada “COVID-19 e o Isolamento Social: as percepções de acadêmicos, técnicos e docentes da UFES”. O cancelamento do semestre letivo (48%) e a suspensão das aulas durante o isolamento social com alteração do calendário (32%) representam juntos 80% da opinião das/osrespondentes. Veja relatório completo da enquete aqui
A pesquisa também demonstrou que apenas 17% querem a viabilização das atividades acadêmicas na modalidade de Ensino a Distância. Para a diretora da Adufes, Junia Zaidan, a enquete apresenta subsídios para a defesa do ensino presencial, só possível quando houver segurança para sua realização.
“A maioria dos respondentes foram estudantes, o segmento mais vulnerável da nossa comunidade, o que reforça a luta que temos encampado pelo ensino presencial, de qualidade e natureza insubstituíveis”, afirmou, ressaltando que os resultados obtidos pela pesquisa do NUPLA deveriam ser adotados como parâmetro complementar para as decisões tomadas pela Administração Central.
Isolamento. De acordo com o levantamento do núcleo de pesquisa, 56% das/os participantes consideram que nos próximos 60 dias, a disseminação do novo corona vírus irá aumentar. Para um dos coordenadores da pesquisa, o professor Marcelo Fetz, o pessimismo é um fator a ser considerado na enquete. “A comunidade está acompanhando o avanço do número de casos e as projeções alarmantes da Organização Mundial de Saúde. Estamos todos com medo”, salientou, recordando que há preocupação com as políticas públicas de saúde e os problemas econômicos do país.
Sobre as medidas de contenção da Covid-19, conforme demonstrou a enquete, 71% consideram o isolamento parcial com a manutenção de serviços essenciais uma ação importante para evitar a propagação da doença. “A maioria relatou que vive com pessoas do grupo de risco e teme contrair a enfermidade e disseminá-la na família”, disse o docente do departamento de Ciências Sociais.
Grupo de risco. Foi surpreendente na enquete o fato de 82,8% se dizerem pertencentes ao grupo de risco. A resposta, de acordo com interpretação do NUPLA, revelou que as/os entrevistadas/os se “sentem vulneráveis diante da pandemia”.
“Houve dificuldade de entendimento da pergunta, pois como sabemos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o grupo de risco é composto por idosos e portadores de doenças crônicas (diabetes, hipertensão, asmaetc.) e os respondentes foram estudantes, em sua maioria”, explicou, dizendo que, ainda assim, essa informação é relevante para Ufes. “As/os mais novas/os são menos suscetíveis a complicações do novo coronavírus, embora o número de jovens com a doença venha aumentando no estado”.
Avaliação do governo. Outro ponto do questionário foi a avaliação e o desempenho do Presidente da República diante da pandemia: 70% avaliou como péssimo. Em meio a deboches em relação às vítimas fatais em franca ascensão numérica, Jair Bolsonaro (sem partido) vem declarando desde o início da pandemia que a rotina normal no país deve ser retomada. Disse ainda que a imprensa brasileira espalhou o pânico em torno do coronavírus, o qual voltou a chamar de “gripezinha”; ignorando as expressas recomendações da OMS.
O estudo também traz informações sobre a avaliação das políticas de isolamento em vigência, as percepções futuras de superação ou não dos problemas trazidos pela pandemia bem como alternativas possíveis ao enfrentamento do vírus por parte da comunidade da Ufes.
NUPLA. A enquete desenvolvida pelo NUPLA foi coordenada pelos professores André Michelato Ghizelini e Marcelo Fetz, ambos departamento de Ciências Sociais. Consistiu em um questionário online, enviado com disparo em massa via sistema oficial de emails da Ufes a docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes de graduação e pós-graduação . As respostas foram enviadas entre 10 e 16 abril, por 3.815 respondentes.
Fonte: Adufes