O sindicato vem apoiando ações de solidariedade assim como outras seções sindicais do Andes-SN
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, a Adufes vem realizando diversas ações para garantir os direitos da categoria e também participando de iniciativas de solidariedade. Inicialmente, o sindicato colaborou com a doação de cestas básicas para comunidades de São Mateus e da Grande Vitória e também destinou recursos para confecção de máscaras em Alegre.
Cancelamento das festas juninas. Diante de tantas dificuldades que a população vem enfrentando, a diretoria decidiu cancelar as festas juninas tradicionalmente realizadas em Vitória e nos campi do interior e destinar o valor a ações solidárias. Segundo a presidenta da Adufes, Ana Carolina Galvão, “neste momento não temos nada a comemorar, com tantas vidas perdidas e com ataques que temos sofrido”. Em 2019 foram gastos R$67.572,22 com as festas juninas e essa foi a base de cálculo para programar o valor agora disposto para as ações solidárias.
Consulta ao Conselho de Representantes. Para tomar essa decisão, a diretoria consultou por e-mail, entre 5 e 8 de abril, o Conselho de Representantes (CR) da Adufes, uma vez que não há possibilidade de realização de assembleias nesse período. A consulta apresentava duas demandas. “Inicialmente pretendíamos atender a duas solicitações que nos chegaram. A primeira, para apoio financeiro a estudantes e a segunda, para a compra de embalagens para álcool gel”, explicou Ana.
As/os conselheiras/os se posicionaram e alguns inclusive deram sugestões de que os recursos tivessem outra destinação, mas não houve defesa da manutenção das festas juninas. À consulta realizada, entre vinte e um/a conselheiras/os titulares,sobre a proposta da diretoria de realocar os recursos para apoio a estudantes e compra de embalagens para álcool gel, dezenove responderam positivamente e ainda se manifestaram outras/os seis suplentes, também favoráveis. Quatro conselheiros sugeriram revisão da destinação, mas os demais não se manifestaram sobre isso.
Segundo a presidenta, “Foram mais de quarenta mensagens trocadas, incluindo manifestações e respostas a todos os questionamentos feitos pelo CR”. Os Professores Gabriel Luchini e José Antônio da Rocha Pinto, conselheiros do Centro de Ciências Exatas (CCE), acreditam ser necessário ampliar a escuta à base neste momento. “Em 2020, é razoável que esse tipo de discussão possa ocorrer via web e dessa forma estão fazendo outros sindicatos […] se essa consulta fosse realizada dessa forma, teríamos mais espaço para outras propostas”, afirmaram Luchini e Rocha. A Adufes tem organizado transmissões virtuais, publicado vídeos e mantido abertos outros canais em que a categoria tem se manifestado. “Em breve pretendemos realizar plenárias virtuais que vão ao encontro da sugestão dos conselheiros”, comunicou a presidenta, Ana Carolina.
Para o conselheiro do Centro de Ciências da Saúde (CCS), Alexandre Cunha, a consulta por e-mail foi uma maneira ágil de acionar o CR. “A forma em que a consulta foi feita foi bastante detalhada e permitiu que todos fizessem suas ponderações e sugestões”, afirmou o professor do Departamento de Terapia Ocupacional. Na opinião da conselheira Maria Elizabeth Barros de Barros, representante do Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN), a estratégia de ouvir o Conselho de Representantes por meio eletrônico foi legítima e eficaz pois “todos tiveram a oportunidade de se manifestar e a deliberação expressou a posição da maioria, o que significa que a decisão foi tomada de forma democrática”, assinalou a docente.
Encaminhamento do CR. No dia 15 de abril, após colher todas as respostas das/dos conselheiras/os e buscar orientação jurídica a respeito da realocação dos valores, a diretoria retornou ao Conselho de Representantes com o resultado da consulta, que determinou o apoio financeiro aos estudantes, conforme consultado ao Conselho de Representantes e alterou o que seria para as embalagens de álcool gel, destinando recursos para a campanha “Máscaras solidárias”, de professoras do CCS, dos cursos de Nutrição e Enfermagem. “Abandonamos a proposta inicial, de viabilizar embalagens de álcool gel porque fizemos tentativas de contato com os responsáveis, mas não obtivemos resposta. Essas propostas de auxílio foram analisadas por ordem de chegada e a campanha do CCS era a primeira demanda na fila, além de ter caráter similar a outra ação com a qual já havíamos colaborado, em Alegre”, explicou Ana Carolina. Do valor total (R$67.572,22), portanto, R$66.072,22 foram destinados a estudantes e R$1.500,00 à confecção de máscaras (CCS), sendo este o mesmo valor destinado às outras ações já apoiadas pela Adufes.
Estudantes da Ufes em vulnerabilidade social. A partir do cadastro do Programa de Assistência Estudantil da Ufes, a Adufes selecionou 868 estudantes da Categoria C, com renda per capita de até 0,5 salário mínimo, que recebiam auxílio transporte, material de consumo e gratuidade no Restaurante Universitário (RU). Essas/es estudantes tiveram suspensos seus auxílios de transporte durante a pandemia e não podem mais se alimentar no RU. Segundo a 1ª tesoureira da Adufes, Fernanda Binatti, “Gostaríamos de poder ajudar um número maior de pessoas ou mesmo com um valor mais significativo. Mas dentro das condições que temos, selecionamos os mais necessitados (menor faixa de renda) e que tiveram a maior redução (66%) no auxílio pecuniário que recebiam (R$147,50), fora a perda da alimentação”. Com a complementação que será concedida, a perda financeira será diminuída para apenas 16,5%.
Para os Professores José Antônio da Rocha Pinto e Gabriel Luchini, seria desejável dar ao recurso alcance de maior impacto social. “Assim, acreditamos ter sido essa movimentação do sindicato, de prestar auxílio financeiro, importantíssima. Por outro lado, certamente se houvesse espaço para debate, acreditamos que os recursos poderiam ser distribuído de maneira a impactar beneficamente ainda mais parcelas da sociedade”, afirmaram os docentes.
No ponto de vista da conselheira do CCHN, Maria Elizabeth Barros de Barros, porém,o momento de excepcionalidade deixa uma parcela da população mais vulnerável. “Em tempos de necropolítica neoliberal, política que dita quem pode viver e quem deve morrer, a destinação da verba para esses estudantes é uma forma de diminuir os graves efeitos das políticas de austeridade e exclusão”. Para a professora, direcionar recursos em favor desses estudantes não se caracteriza como uma ação assistencialista, mas humanitária “em momento em que a vida de alguns, na verdade muitos, parece não valer mais nada”, enfatizou a docente do Departamento de Psicologia da Ufes.
Cadastramento de estudantes. No formulário online disponibilizado pela Adufes para cadastramento dos estudantes assistidos pela PROAECI, 715 solicitaram o auxílio. A presidenta da Adufes explica que cada estudante cadastrado vai receber o valor líquido de R$73,00. “Não é muito, mas certamente minimiza o impacto sobre a vida das famílias daquelas/es em maior situação de vulnerabilidade de nossa comunidade acadêmica”, afirmou Ana Carolina. O auxílio destinado ao transporte, em virtude de outras necessidades, muitas vezes leva as/os alunas/os a se deslocarem a pé, de bicicleta, carona etc., para economizar o dinheiro. “Portanto, essas pessoas já precisavam e agora precisam ainda mais de ajuda”, disse Ana.
Depósitos do apoio financeiro. A Adufes está fazendo a verificação dos dados informados pela Proaeci para efetuar os pagamentos. Segundo Ana Carolina, os depósitos já foram iniciados e a expectativa é que todas/os as/os cadastradas/os recebam até a próxima semana, embora o processo possa demorar um pouco devido ao funcionamento alterado dos bancos e a algumas inconsistências no preenchimento do formulário, que são checadas, uma a uma.“Pedimos paciência aos estudantes, mas salientamos que estamos fazendo o mais rápido possível”, disse Ana.
Ações de seções sindicais são cruciais para enfrentamento da Covid-19 em comunidades. Essa é a chamada da matéria do Andes-SN, que ressalta a importância da atuação do sindicato junto à classe trabalhadora em geral nesse momento. Veja o texto aqui
O Andes-SN realizou levantamento sobre apoio das seções sindicais a ações de solidariedade. Das quinze seções que responderam à consulta, doze estão ajudando comunidades e estudantes com cestas básicas (kits de higiene pessoal, limpeza etc.). Duas seções sindicais, por sua vez, destinaram recursos exclusivamente para Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e afins (máscaras, álcool gel, aventais descartáveis, termômetros infravermelhos e tendas/gazebos para as ações de triagem). Além disso, uma seção sindical informou colaborar tanto com cestas básicas quanto com EPIs.
Portanto, 86% das seções sindicais estão realizando ações como as que foram encampadas pela Adufes. Conforme Ana Carolina, “O que às vezes pode ser interpretado como “assistencialismo”, na verdade, é não virar as costas às necessidades imediatas de sobrevivência das pessoas”. Enfatizou ainda que as decisões estão em conformidade com o regimento da Adufes e o Estatuto do Andes-SN, uma vez que nosso sindicato, embora atue pelas/os docentes vai além disso, não diferenciando assim a qual “categoria” os necessitados e explorados pertencem.
Diálogo com a base. A Adufes vem realizando um conjunto de atividades e inclusive, inaugurando novos canais de contato com as/os docentes, como as lives. “Procuramos todas as formas fazer a escuta da categoria, especialmente nesse momento, em que não é possível a realização de assembleias, reuniões e atendimentos presenciais”, destacou Ana Carolina, acrescentando que a diretoria está à disposição para dialogar com as/os docentes, receber sugestões, críticas e dar maior detalhamento a quaisquer informações que as/os sindicalizados desejem.
Fonte: Adufes