Material tem objetivo de discutir as implicações da adoção do ensino remoto na Ufes.
É notório que a Reitoria quer implantar o ensino remoto durante a pandemia da Covid-19, tanto na graduação quanto na pós-graduação. A Adufes questiona essa postura por entender que a Administração Central pretende tomar essa decisão sem amplo debate com a comunidade acadêmica. Esse é o motivo da criação da cartilha denominada “A Ufes e o ensino remoto em tempos de pandemia”, por meio da qual a Associação analisa as implicações e propõe encaminhamentos para a discussão sobre os planos de Biossegurança e Contingência da UFES, cuja elaboração deve ser prioridade neste momento, além de contribuir com a reflexão sobre as consequências de uma possível adesão ao ensino remoto.
Essa contribuição tem como base o modelo de educação para a classe trabalhadora, que a Adufes defende, cujas premissas recobrem, a diversidade, a qualidade de ensino, o enfrentamento à exclusão, o bem-estar coletivo e a contrapartida que a Universidade deve dar à sociedade. A cartilha será encaminhada à Reitoria (leia ofício 27) , para seu conhecimento, com solicitação de que envie o documento ao GT de Assessoramento à Administração Central e a todos os setores da Universidade, como departamentos, colegiados, conselhos, entre outros.
“Com essa iniciativa a Adufes reitera seu posicionamento pela suspensão do calendário acadêmico, cuja não formalização tem como objetivo a manutenção da possibilidade de implementação do ensino remoto. A Adufes também mantém sua disposição para um diálogo aberto com a Administração Central, em particular com seu GT de Assessoramento, e busca garantir que a comunidade acadêmica tenha acesso à diversidade de posições e opiniões a respeito do ensino remoto, entre as quais, a posição da Adufes, construída coletivamente”, diz a presidente da Associação, Ana Carolina Galvão.
Na cartilha, a Adufes evidencia a defesa da educação pública e presencial, que deve ser colocada em prática por meio de ações como planejamento da transição entre isolamento social e retorno das atividades, com amplo debate e no seu devido tempo; realização de plenárias virtuais para que a comunidade acadêmica possa discutir coletivamente sobre as decisões a serem tomadas; garantia de universalização de equipamentos e internet para toda a comunidade acadêmica; preparação das instalações para que haja condições de retomada das atividades presenciais, garantia de condições de trabalho, entre outras.
O material foi elaborado de maneira coletiva por professores da UFES com base em reflexões construídas, partilhadas e fortalecidas por meio do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), do Grupo de Trabalho de Política Educacional (GTPE), formado nacionalmente por seções sindicais filiadas ao Andes-SN, da diretoria da Adufes, do GTPE composto por docentes da Ufes filiados à Adufes e também por meio da base de professoras e professores da Universidade, sindicalizados ou não, participantes das discussões realizadas por diferentes canais constituídos, como redes sociais e plenárias virtuais do sindicato, além de visitas a departamentos e colegiados da Ufes.
A confecção da cartilha e sua ampla divulgação se fazem necessárias diante do histórico de falta de diálogo da Administração Central com a comunidade acadêmica e das práticas de coação e desinformação praticadas pela Reitoria desde a suspensão das aulas presenciais. A realização de poucas reuniões do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), impossibilitando que a reivindicação da suspensão do calendário acadêmico pudesse ser debatida no Conselho adequado para a discussão; além do parecer equivocado da Procuradoria da UFES sobre a suspensão do calendário, afirmando que acarretaria, por exemplo, na paralisação das atividades de pesquisa e extensão, redução de salários e não pagamento de bolsas; são algumas das maneiras encontradas pela Administração Central para espalhar o pânico e a desinformação em meio à comunidade acadêmica.
Na cartilha, é possível encontrar o histórico dos debates e ações implementadas no âmbito da Universidade desde o início do isolamento social, o porquê da necessidade da suspensão do calendário, o histórico do Ensino à Distância no Brasil e os interesses aos quais sua implementação em meio à pandemia e de forma antidemocrática atende.
Também são apresentadas sugestões para o plano de Biossegurança e Contingência. O documento traz, ainda, debates a respeito das mais diversas realidades dos estudantes no que diz respeito, por exemplo, ao acesso à internet e equipamentos eletrônicos; das condições de trabalho dos professores; do Centro de Educação Infantil Criarte nesse cenário, entre outros assuntos que devem ser discutidos de forma ampla com a comunidade acadêmica e em prol dela.
Leia a cartilha aqui
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