Delegada e observadores da Adufes fazem avaliação do 8º Conad Extraordinário

A edição ocorreu de forma virtual e contou com a participação de 224 representantes nacionais.

A delegação da Adufes foi convidada pela diretoria para fazer uma breve avaliação da atividade nacional, que, nesta edição, teve pauta única “Prorrogação do Mandato da Diretoria Nacional”. O sindicato agradece o retorno das manifestações opinativas dos docentes e os divulga para que a categoria conheça a pluralidade de posições sobre o 8º Conad Extraordinário do Andes-SN.

Segunda maior instância de deliberação do ANDES-SN, o Conad foi realizado nos dias nos dias 30 e 31 de julho de forma virtual devido à pandemia. Participaram do evento pela Adufes a professora Junia Zaidan, como delegada e Mônica Vermes e Raphael Góes, como observadores.  Na ocasião, o processo eleitoral do ANDES-SN (2018-2020) foi suspenso. Leia aqui a carta do 8º Conad Extraordinário.

Veja abaixo as manifestações dos docentes. A professora Mónica Vermes e o professor Raphael Góes optaram por fazer a avaliação em um único texto.

 

Um Conad em meio à adversidade

Junia Zaidan (delegada da Adufes)

Participei como delegada da Adufes-SS no 8º Conad Extraordinário, nos dias 30 e 31 de julho. A pauta deliberativa do evento consistiu nos termos em que se dará a prorrogação do mandato da atual diretoria nacional, já em andamento devido à suspensão das eleições pela Comissão Eleitoral Central (CEC), com o consenso das chapas inscritas. Previamente ao Conad, buscamos a discussão com a base, através da reunião aberta que realizamos, de modo virtual, no dia 29 de julho.

Nas análises de conjuntura, ficou evidente a importância das seções sindicais no enfrentamento que têm, em sua maioria, feito contra o ensino remoto; no debate e mobilização contra a política genocida de Bolsonaro e de muitos governos estaduais e municipais durante a pandemia; na discussão e tomada de posição a respeito do trabalho remoto e a decorrente intensificação da exploração do trabalho docente, entre outros temas que figuram nas pautas de luta do sindicato.

As 71 seções sindicais, representadas por 65 delegadas/os, decidiram, a partir da discussão de que também participaram 133 observadoras/es, aprovar o TR10, proposto pela diretoria nacional.

O TR10 foi aprovado pela plenária, estendendo por até 90 dias, prorrogáveis por mais um período de até 90 dias, do mandato da atual diretoria. Uma vez que oprimeiro período de prorrogação já estava em curso, foifundamental a garantia de tempo hábil para a consecução das tarefas postas para a direção nacional neste momento. Caberáà CEC refazer o regimento e o calendário eleitoral, embora, em minha compreensão,apenas o calendário necessitaria de refeitura e não o regimento. O TR10 também prevê a convocação do 9º Conad Extraordinário até setembro, o que, comparado às demais proposituras (TR12, propunha agosto e TR11 não indicava a convocação do 9º Conad), me pareceu consoante com a necessidade de retornarmos às Seções Sindicais para acumular discussão relativa às decisões no 9º Conad Extraordinário. Com a aprovação do TR10 em sua integralidade, a plenária considerou os demais TRs automaticamente superados, embora tenha havido grande controvérsia a esse respeito. Por exemplo, o  TR12 propunha a implantação de “programação de WebTV e de Web-rádio com funcionamento diário”, o que, a meu ver, merecia apreciação da plenária pornão se contrapor a nenhuma parte do TR aprovado e por prever a garantia da continuidade do debate e do aprofundamento das discussões de conjuntura que transcendem à questão propriamente eleitoral.

Tanto na reunião pré-Conad, na Adufes, quanto nas posições assumidas no evento, sustentei a afirmação de que as contribuições na forma de TR resultaram do esforço dos diversos grupos políticos que o ANDES abriga, objetivando o fortalecimento de nossa entidade neste contexto adverso.

Mónica Vermes (DTAM – CAr) e Raphael Furtado (DCN – CEUNES) 

Nos dias 30 e 31 de julho de 2020, delegados e observadores das sessões sindicais do Andes-SN de todo o Brasil nos reunimos em uma sala virtual para a realização do 8º CONAD Extraordinário.

Foram dois dias de trabalho especialmente extenuantes por causa do formato das reuniões, realizadas virtualmente em uma sala da plataforma zoom. O motivo fundamental desse CONAD foi discutir a necessária prorrogação do mandato da atual diretoria (em acordo com as duas chapas inscritas para as eleições). Foi realizada também uma análise de conjuntura, com a apresentação de 9 teses, refletindo a diversidade das forças que compõem o Andes, apresentadas pelos proponentes e debatidas pela plenária. Os eixos desse debate foram os ataques à nossa categoria pelo governo federal, reforçando a importância e urgência da pauta “Fora Bolsonaro e Fora Mourão”; as dificuldades enfrentadas no dia a dia de trabalho, já carregado de tensões em função das várias formas como a pandemia atinge nossa categoria, e em face da crescente pressão para adesão a formas de ensino remoto (quando estas já não foram, de fato, impostas): sem infraestrutura adequada, sem preparo específico dos docentes, sem o tempo necessário para uma reelaboração dos planos das disciplinas/cursos, sem um mapa minucioso da situação de nossos e nossas estudantes. Foram também lembrados e homenageados os profissionais da educação superior vítimas da COVID-19. E como a pandemia descontrolada não faz pausas, durante a realização do CONAD nos chegou a notícia da morte de dois professores contaminados pelo coronavírus. Lembramos também como nós e aqueles que nos são próximos estão sendo impactados pela perda de familiares e amigos, pelo desarranjo do equilíbrio das famílias, com a desarticulação das rotinas, a perda de renda e um permanente estado de medo.

Para deliberação foram apresentados três textos propondo alternativas para o manejo das eleições durante o período de isolamento social exigido pela pandemia. A Resolução aprovada por amplíssima maioria foi aquela proposta pela diretoria atual do sindicato com três itens a serem referendados pelo próximo Congresso do Andes:
1 – Pela prorrogação do mandato da atual Diretoria Nacional (biênio 2018-2020), pelo prazo de até 90 (noventa) dias prorrogáveis por mais até 90 dias;
2 – Que a Comissão Eleitoral Central (CEC) será responsável por refazer o regimento e o calendário eleitoral, tão logo seja possível a realização de eleições sindicais, a partir do diálogo com as duas chapas concorrentes ao pleito;
3 – Que a Diretoria Nacional do ANDES-SN convoque um CONAD Extraordinário até setembro de 2020, para deliberar sobre o novo regimento e calendário eleitoral recomposto e aprovado pela Comissão Eleitoral Central (CEC).

A realização desse CONAD extraordinário foi importantíssima para dar solução aos entraves causados ao processo eleitoral do Andes pela pandemia, mas é necessário registrar quanto essa alternativa de assembleia digital amorna as discussões, eliminando os vários “ruídos” saudáveis que compõem as interações presenciais: a fala do corpo, as conversas paralelas, o trânsito pelo ambiente dialogando com este e aquele colega encontrado pelos corredores. O quadradinho com o rosto de cada um traz à lembrança as campanhas políticas sob a lei Falcão, as falas encapsuladas nos minutos concedidos e fechadas no microfone não percebem reação da plenária, dando a desanimadora sensação de estar falando só. Será necessário mobilizar nossa inteligência e nossa criatividade para superar essas limitações – aprendendo com os entregadores por aplicativo, com os metroviários de São Paulo, com as categorias que estão conseguindo se fazer ouvir a despeito das restrições de circulação e aglomeração que estamos enfrentando. A categoria expressou com clareza sua rejeição à atual condução da política brasileira e às alternativas precarizadas de ensino que estão sendo propostas/impostas como solução emergencial e temporária, mas que sabemos que podem vir a ser incorporadas nessa estranha fantasia de “novo normal”. Precisamos agora encontrar as formas de nos fazer ouvir. Infelizmente o Conad não apresentou minimamente um plano de luta, mesmo frente a tantos desafios colocados, atendo-se apenas ao debate da regularização legal e das normas eleitorais. No momento em que a pandemia abate vítimas evitáveis na casa do milhar por dia, em em que o total de mortes se aproximava do assustador número de 100 mil, em que governos genocidas ameaçam com o retorno das aulas presenciais e que a farsa do ensino remoto destrói o ensino nas universidades e institutos, só podemos lamentar que não tenhamos saído com propostas que norteassem a categoria frente a esses desafios tão urgentes.

A morte não pode continuar governando o país.

Fonte: Adufes