Kelder tem sido alvo de manifestações acusatórias a respeito de homilia proferida no domingo (22). Leia a nota aqui
A nota pública tem o objetivo de apoiar e solidarizar-se com o padre, em face da acusação de que teria feito “propaganda política” no último domingo. Na ocasião, Kelder fez fala sobre a importância da igreja e seus fiéis se posicionarem contra projetos que são “inimigos da igreja”. A acusação partiu do Padre Frei Agostinho Morosini, da paróquia Santa Rita de Cássia, na Praia do Canto, que usou expressões como “falso apóstolo” e “inimigo da igreja” ao criticar o posicionamento de Kelder por meio de um vídeo publicado nas redes sociais.
A nota foi assinada por cerca de 60 e entidades, fóruns, coletivos ligados à defesa da vida, à organização das/dos trabalhadoras/es, direitos humanos, serviços públicos, entre outros. O documento tem o objetivo de prestar solidariedade ao Padre Kelder “neste momento em que sua atuação afirmativa contra o obscurantismo torna-se ainda mais importante para a sociedade capixaba”. O grupo destaca que “Kelder aprendeu que a luta pela vida exige tomada de posição. Contra quem se irmana à violência, contra quem nega as contribuições da ciência para o bem comum, contra quem se vale da intolerância fundamentalista para eliminar o outro, contra quem afronta os direitos humanos para que apenas alguns tenham garantia de dignidade”. Reitera a afirmação de Kelder ao dizer que “esses, sim, [são] os ‘inimigos da igreja’, que, como aponta a Encíclica Papal “não pode e nem deve ficar à margem da construção de um mundo melhor, nem deixar de despertar as forças espirituais que possam fecundar toda a vida social”.
O documento, que está sendo amplamente divulgado, cita ainda que pelos preceitos católicos, a política partidária não deve fazer parte das práticas sacerdotais, como se pode testemunhar “no percurso de luta, caridade e responsabilidade de Padre Kelder”. É salientado que “os mesmos preceitos estabelecem que aos líderes da igreja e também a todos os fiéis cabe se empenharem pela vida social, contra projetos que, concretamente, ameacem oprimir ainda mais os oprimidos, excluir ainda mais os excluídos e promover a violência como se fosse natural e inevitável”. Por fim, o conjunto de entidades que assinam a nota reafirma que se mantém junto ao padre na luta contra o obscurantismo.
Apoio. A repercussão do caso inclui, além da publicização da nota, a divulgação de vídeos de apoio ao Padre Kelder nas redes sociais. Manifestaram-se em gravação os professores Maurício Abdalla, do Departamento de Filosofia, João Baptista Herkenhoff aposentado do Departamento de Direito – primeiro presidente da Adufes -, e atualmente membro do Conselho de Representantes do sindicato e a professora Ethel Maciel, do Departamento de Enfermagem. Também registrou seu apoio o frade dominicano e escritor Frei Betto. A Comissão de Promoção da Dignidade Humana (CPDH), da Arquidiocese de Vitória fez uma nota de apoio ao Padre Kelder. Leia a nota na íntegra abaixo
NOTA DE SOLIDARIEDADE AO PADRE KELDER BRANDÃO
(Vigário Episcopal para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória)
Prestamos nossa solidariedade e mantemo-nos ombro a ombro com o Padre Kelder Brandão neste momento em que sua atuação afirmativa contra o obscurantismo torna-se ainda mais importante para a sociedade capixaba.
A trajetória incansável de um sacerdote, como o Padre Kelder, que luta de forma intransigente em defesa da vida, o marcou profundamente por vivências que o convocam a jamais se omitir diante de qualquer forma de opressão. Seja na sua luta contra o extermínio de jovens em São Pedro e em outras regiões de vulnerabilidade social em que o braço armado do Estado faz suas vítimas, seja na articulação com movimentos populares, fóruns, coletivos, Kelder aprendeu que a luta pela vida exige tomada de posição. Contra quem se irmana à violência, contra quem nega as contribuições da ciência para o bem comum, contra quem se vale da intolerância fundamentalista para eliminar o outro, contra quem afronta os direitos humanos para que apenas alguns tenham garantia de dignidade. São esses, sim, os “inimigos da igreja” mencionados pelo Padre Kelder, que, como aponta a Encíclica Papal “não pode e nem deve ficar à margem da construção de um mundo melhor, nem deixar de despertar as forças espirituais que possam fecundar toda a vida social”.
Pelos preceitos da religião que nosso companheiro professa, a política partidária jamais deve fazer parte das práticas sacerdotais, como inequivocamente mostra o percurso de luta, caridade e responsabilidade de Padre Kelder. Os mesmos preceitos estabelecem que aos líderes da igreja e também a todos os fieis cabe se empenharem pela vida social, contra projetos que, concretamente, ameacem oprimir ainda mais os oprimidos, excluir ainda mais os excluídos e promover a violência como se fosse natural e inevitável. Com Kelder, mantemo-nos na luta contra o obscurantismo que viceja quando nos furtamos a assumir nosso lugar ao lado dos mais vulneráveis.
Vitória – ES, 25 de novembro de 2020.
ABJD (Associação Brasileira de Juristas pela Democracia)
Adufes (Associação dos Docentes da UFES, Seção Sindical do ANDES-SN – Diretoria)
Amus (Associação de Mulheres Unidas da Serra)
Associação Ateliê de Ideias
Associação Gold: Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade
CADH (Centro de Apoio aos Direitos Humanos)
CEBI Centro de Estudos Bíblicos ES
CDDH-Serra (Centro de Defesa dos Direitos Humanos)
CEC Coletivo de Estudos de Conjuntura
Central Única dos Trabalhadores
Centro de defesa Dom Tomás Balduíno
Círculo Palmarino
Coletivo de Agitação Antifascista
Coletivo Dona Astrogilda
Coletivo Educação pela Base
Coletivo Mães Eficientes Somos Nós
Comitê Popular de Proteção dos Direitos Humanos
CONERES (Conselho de Ensino Religioso do ES)
CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, Seção ES)
Conselho Regional de Serviço Social-CRESS
CSP Conlutas
FETAM – ES
Fórum Bem Maior (Forum de Moradores do Território do Bem)
Fomes (Fórum de mulheres do ES)
Fórum Capixaba em Defesa da Vida dos Trabalhadores
Fórum Capixaba de Lutas Sociais
Fórum de Homens Capixabas pelo fim da violência contra as mulheres
Fórum Estadual de Educação de Jovens e Adultos do ES
Fórum Estadual de Promoção da Liberdade Sindical no Estado do Espírito Santo
Fórum Metropolitano Sobre Drogas
Instituto Raízes
Intersindical CCT
Luta Unificada dos Trabalhadores da Educação – LUTE/ES
MNDH/ES (Movimento Nacional dos Direitos Humanos)
MNU (Movimento Negro Unificado)
Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra
Movimento em Defesa de Direitos e Serviços Públicos de Qualidade
Movimento Mulheres em Luta -MML ES
Núcleo BrCidades do Espírito Santo
Núcleo Capixaba da Auditoria Cidadã da Dívida – NC-ACD
Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial do Espírito Santo
PO – Pastoral Operária ES
Resistência e Luta Educação ES
Sinasefe Ifes
SINDIALIMENTAÇÃO-ES – Sindicato dos Trabalhadores em Alimentação do ES
Sindicato dos Bancários
Sindicato dos Empregados no Comércio
Sindicato dos Ferroviários do ES/MG
Sindicato dos Jornalistas
Sindimármore
Sindipúblicos
SINDSAUDE
Sindseg-Gv-ES – Sindicato dos Vigilantes da Grande Vitória
Sintufes (Sindicato dos Trabalhadores da UFES)
SINDFER (Sindicato dos ferroviários do ES/MG)
Sindipetro
Sispmc
A lista de assinaturas desta nota foi fechada às 10h do dia 26/11. Será atualizada na página do Fórum Capixaba de Lutas Sociais no Facebook. OBRIGADA/O POR DIVULGAR!
Fonte: Adufes