Adufes, Sintufes e DCE realizam reunião de emergência com a Reitoria da Ufes

Assim que o Governo do Estado anunciou as novas medidas de restrição, a diretoria do sindicato entrou em contato com a Reitoria para solicitar uma reunião imediata para tratar do funcionamento da Ufes.

Uma reunião de emergência foi realizada na manhã de hoje com as entidades representativas dos segmentos (Adufes, Sintufes e DCE). Participaram da reunião Ana Carolina Galvão, Edson Cardoso (Adufes), Luar Santana (Sintufes), Nathalia Cravo, Hilquias Crispim (DCE), Paulo Vargas, Roney Pignaton, Claudia Pedroza, Claudia Gontijo, Josiana Binda, Cleison Faé (Administração Central).

De acordo com o diretor da Adufes, Edson Cardoso, as medidas de Casagrande são tardias, mas necessárias “e também insuficientes para os setores que serão mantidos sem o devido resguardo”, comenta. Ele explica que a categoria já está completamente esgotada física e psicologicamente e com as novas restrições sanitárias a situação se agrava ainda mais. “Nunca nos recusamos a trabalhar, mas a pandemia se arrasta devido à política genocida do governo federal e também em função da frouxidão das medidas dos governos estadual e de municípios. Isso nos exige reorganização dos tempos de trabalho, do atendimento às necessidades materiais das professoras e professores e do foco do nosso serviço”, destaca.

Trabalhadoras/es presenciais. Durante a reunião, as entidades questionaram sobre a situação das/os trabalhadoras/es que deverão manter suas atividades, em especial as/os terceirizadas/os, que são as/os mais fragilizadas/os em termos trabalhistas. Cleison Faé (superintendente do Hucam), informou que cada chefia foi orientada a avaliar a possibilidade do trabalho remoto e que, no caso dos serviços mantidos no hospital, será garantido transporte numa ação coordenada entre Ufes, Secretaria de Saúde (Sesa) e Hucam. A Pró-reitora de gestão de pessoas, Josiana Binda, mencionou a suspensão já feita de algumas atividades presenciais desde 17 de março e que agora, aquelas/es que não têm condições de trabalhar presencialmente devem comunicar às chefias e se autodeclarar impedidos pela ausência do transporte público. O vice-reitor, Roney Pignaton, informou que os contratos de serviços não essenciais serão interrompidos sem corte de salários e com posterior e gradativa reposição da carga horária. A coordenadora do Sintufes, Luar Santana, pediu que a situação de técnicas/os seja avaliada permanentemente e que as informações passadas durante a reunião cheguem a todas/os as/os servidoras/es.

Vitória. Suspensão do ensino híbrido no CCS. A Adufes também reiterou o pedido que já havia encaminhado no início da semana sobre a suspensão do ensino híbrido no Centro de Ciências da Saúde (CCS). No documento, o sindicato assinala que a decisão do CCS “contraria não só a razoabilidade, ante a gravidade escancarada da Covid-19 no atual momento, mas também ignora a subordinação advinda do art. 12 do Estatuto da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES e do art. 2º do Regimento Geral. Acrescenta-se que não houve consulta ao Comitê Operativo de Emergência da Universidade (COE-Ufes) nem ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão e a Direção do CCS desobedece a expressão literal da Instrução Normativa 001/2021 da PROGRAD”.

Durante a reunião, o reitor informou que o ofício da Adufes será respondido ainda hoje, mas adiantou que a orientação da Reitoria ao CCS foi suspender todas as atividades presenciais neste momento. “Consideramos uma vitória essa interrupção e esperamos que as atividades não retornem enquanto não houver condições sanitárias adequadas e estaremos atentos a isso”, assegurou Ana Carolina Galvão, presidenta da Adufes.

Earte. Outro ponto apresentado foi a necessidade de adaptação do Ensino-aprendizagem remoto, temporário e emergencial (Earte). A Adufes já agendou, em conjunto com o Sintufes e DCE, uma reunião com a Reitoria para o dia 7 de abril em que pretende discutir o Earte, ensino híbrido, calendário, entre outros assuntos. Porém, Ana ressaltou que a realidade se impõe e uma adequação imediata precisa ser feita. “Só essa semana nós recebemos treze solicitações de docentes a respeito do Earte. Isso mostra a gravidade do momento”. Ela destacou que é preciso ter sensibilidade institucional, pois “não podemos deixar que as demandas sejam resolvidas individualmente. É uma questão de empatia e humanidade que precisa ser tratada coletivamente”, disse.

O representante do DCE, Hilquias Crispim, mencionou a sobrecarga também para os estudantes e pediu que a mensagem da universidade para a comunidade acadêmica expresse nitidamente sua preocupação com todo o contexto da pandemia, traduzindo-se nas medidas adotadas. Nathalia Cravo chamou atenção também para a questão da saúde mental de todas e todos.

Segundo o professor Paulo Vargas, a Administração Central discutiu a possibilidade de suspensão do calendário nesse momento, mas concluiu que é bastante complicado tomar essa medida, pois vai criar dificuldades para o semestre letivo. A sugestão da Reitoria, portanto, é que cada docente que considere não ter condições de manter as atividades, pode adiá-las e ajustar o cumprimento do calendário diretamente com suas turmas.

A presidenta da Adufes insistiu, novamente, que a situação não pode ser tratada de forma individual, pois assim sendo as/os docentes ficam vulneráveis às eventuais pressões de colegiados e chefias. “Continuo pedindo que vocês avaliem como podem administrar isso de maneira que toda a comunidade acadêmica enxergue o respeito da Reitoria às dificuldades e aos diferentes momentos e realidades das pessoas durante esse período”, disse Ana.

O reitor afirmou que a gestão vai reavaliar a decisão de manutenção do calendário. Caso não haja alteração, se comprometeu a fazer uma comunicação para esclarecer e sensibilizar os gestores – direções de centro, coordenadores e especialmente chefes de departamento, sobre a possibilidade de flexibilizar as aulas nesse momento.

Vacinação das/os trabalhadoras/es da educação. O governo estadual anunciou que a partir de 15 de abril passará a vacinar profissionais da educação e da segurança pública com a reserva técnica (5%) das vacinas. Contudo, os critérios ainda não foram detalhadamente divulgados e  têm previsão de divulgação na próxima semana. Durante a reunião com a Reitoria, Ana apresentou vários questionamentos: “a vacinação vai começar pela educação básica? As escolas serão reabertas antes de terminar de vacinar todos? Será dada prioridade à rede pública? A referência aos “profissionais da educação” inclui todos, de serviços gerais a diretores? Já terão sido vacinados os trabalhadores do transporte, dos supermercados, população de rua etc. ou essas pessoas continuarão sem imunização?”.

Ainda em relação à vacinação, a presidenta da Adufes indaga sobre a organização da imunização da comunidade acadêmica. Segundo ela, considerando que a Ufes lida com estudantes adultas/os, não basta vacinar as/os trabalhadoras/es da universidade. “Além disso, os terceirizados estarão incluídos? A universidade está funcionando remotamente, é justo que estejamos antes daqueles e daquelas que estão trabalhando presencialmente? É um dilema ético que precisamos enfrentar”. Por isso, foi sugerido que com a máxima urgência seja convocada uma reunião das entidades e Reitoria com a Secretaria de Saúde (Sesa) para reivindicar transparência e gestão coletiva desse processo. “A Ufes tem assento em conselhos e fóruns do governo, como Conselho Estadual de Educação, Fórum Estadual de Educação, Conselho Estadual de Direitos Humanos, entre outros. A universidade tem dezenas de cursos em seus campi que interagem diretamente com as escolas da educação básica e precisamos estar juntos dos outros segmentos para defender a vida de todas e todos, inclusive, para além do campo educacional”, finalizou Ana. A Reitoria considerou a iniciativa importante e se comprometeu a buscar a Sesa para essa reunião conjunta com urgência, inclusive acionando Secretarias Municipais, se for o caso.

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