As ações de luta ocorreram em todo estado, desde a manhã até à noite, quando houve um barulhaço.
Com quase 500 mil mortes em decorrência de sua política de gestão da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) esteve em sua primeira vista ao Espírito Santo, na sexta-feira (11), sob manifestações de “Bolsonaro, você não é bem-vindo!”. Na data, além de denunciar as mortes, as atividades de luta tiveram por objetivo pedir pelo “Fora, Bolsonaro e Fora, Mourão”, auxílio emergencial de no mínimo R$600,00, recomposição de verbas para a saúde e educação. As/os manifestantes também rechaçaram as privatizações e a Reforma Administrativa (PEC 32).
Pela manhã, enquanto pró-bolsonaristas aguardavam o presidente no aeroporto de Vitória, no norte do estado, em São Mateus – o principal destino de Bolsonaro – manifestantes fincaram cruzes, afixaram faixas e cartazes em locais públicos. No centro da cidade, na Praça São Benedito, os materiais alertavam para o número de mortes pela Covid-19 e pediam “vacina no braço, comida no prato”. Havia ainda críticas ao desemprego, fome, aos cortes de recursos na educação pública.
O presidente veio ao Estado para participar da cerimônia de entrega de 434 casas do conjunto habitacional Residencial Solar São Mateus. Como habitual, Bolsonaro circulou sem máscara, promoveu aglomeração e em seu discurso, voltou a defender remédios com a ineficácia comprovada. Para o professor do Departamento de Física, Raphael Góes, que participou da manifestação no norte, o ato demonstra disposição para a luta. “Estavam presentes, além de professores da base da Adufes e do Sinasefe, militantes do MST, CSP-Conlutas, CUT, MML, etc. Foi uma manifestação importante, reunindo dezenas, em um clima de unidade”, disse.
Outdoors e vandalismo. Em sua passagem pelo estado, o presidente encontrou dezenas de outdoors que foram instalados para repercutir durante a visita. As peças da campanha “O Senhor da Morte chefiando o País – Fora, Bolsonaro!” sofreram atos de vandalismo e depredação, devidamente registrados por meio de um boletim de ocorrência para denunciar os casos. “Exigimos que a Polícia Civil tome as devidas providências, mas caso isso não ocorra, iremos fazer uma queixa-crime junto ao Ministério Público. Essa ofensa à democracia, à liberdade de expressão e ao movimento sindical não vai nos parar”, garantiu Eduardo Lacerda, diretor do Sindipetro, uma das entidades que compôs o dia de luta em São Mateus.
Na parte da tarde, representantes de diversos movimentos sociais e sindicais realizaram faixaços em pontos estratégicos da capital. As ações ocorreram na Ufes (campus de Goiabeiras), no Ifes (Avenida Vitória), em frente à Petrobras (Reta da Penha), na Orla de Camburi, na Sedu (Avenida Cezar Hilal) e no Centro, em Vitória. Finalizando as atividades do dia de luta, às 19 ocorreu o barulhaço, momento em que milhares fizeram ecoar com apitos, panelaços, buzinaço o grito: FORA, BOLSONARO!
Ódio de classe. No momento da chegada de Bolsonaro ao aeroporto, uma jovem, de forma emblemática, trazia em suas mãos um cartaz em papelão com a frase: “Bem-vindo ++++ 500.000”. Sozinha, diante de apoiadores do atual governo federal que também aguardavam, a moça protestou pelos quase 500 mil mortos e pela política de genocídio adotada desde o início da pandemia no Brasil.
Em vídeo que circulou o país, um grupo de apoiadoras/es do presidente xingou ferozmente a militante com palavras de ódio e de misoginia. Moradora de Cariacica e mestranda de Direito na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a estudante foi agredida verbalmente por bolsonaristas que tentaram intimidá-la, tomando o cartaz de suas mãos. Na ocasião, foi defendida por equipes de jornalistas que estavam no local para fazer a cobertura e evitaram que ela sofresse violência física.
Avaliação do ato. Para o diretor da Adufes, Edson Cardoso, as mobilizações dos capixabas nessa sexta-feira e no último dia 29 de maio deixararam evidente que o governo federal e o presidente Bolsonaro são cada vez mais rejeitados pela população. “A morte de milhares, o negacionismo, os cortes na ciência, na saúde e na educação, dentre outras políticas, têm sido rechaçados com veemência pelas/os trabalhadoras/es”, frisou, parabenizando as iniciativas de protesto.
19J. No próximo dia 19 de junho, sábado, haverá ato pelo “Fora, Bolsonaro e Mourão” em Vitória, articulado pelas centrais sindicais, sindicatos e movimentos estudantil e populares. A concentração será às 15h, em frente ao Teatro Universitário (Ufes), no campus de Goiabeiras. Na ocasião, a organização fará ação solidária em apoio a diversas famílias em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar. Serão recolhidas doações de alimentos não perecíveis. A observância dos protocolos sanitários (máscara, álcool 70% e distanciamento físico) é obrigatória para participar da passeata.
Créditos: Sérgio Cardoso, Ascom CSP-Conlutas, Ascom Sintufes e Kadidja Fernandes
Adufes