Nota da Diretoria da Adufes sobre o desrespeito à vida e à história de Lula Rocha

Nesta segunda, 19 de julho, na Câmara Municipal de Vitória, foi pautado o projeto de criação da Comenda Lula Rocha, ocasião em que alguns vereadores fizeram manifestações desrespeitosas à história de nosso companheiro.

De forma descontextualizada, um dos vereadores citou uma postagem de Lula no Twitter, dando a entender que ele agia de forma a manchar a reputação da polícia. Lula Rocha nunca agiu assim, mas também nunca se calou diante dos inúmeros casos de assassinatos, esses sim, que mancharam e continuam manchando, de sangue, os corpos da periferia, especialmente negros.

Em outra afirmação, também fora de contexto, o vereador afirmou que Lula cometeu crime contra o patrimônio público, por conta de uma ação realizada no Centro de Vitória, em que uma placa, da Av. Princesa Isabel, foi coberta por um adesivo de “Rua Marielle Franco” em registro aos mil dias do assassinato da vereadora, até hoje não solucionado. O registro de Lula foi feito por outras tantas pessoas, sem que exista subsídio que a ele atribua autoria, mas sua concordância com todas as vozes que se levantam contra as opressões e injustiças.

Noutra passagem, o vereador assinalou que não podia votar por uma Comenda a alguém que desrespeita a religião. Revela-se assim, que nada sabe sobre quem foi, o que defendeu e o que fez Lula Rocha, inclusive em defesa da liberdade religiosa. Nada sabe o vereador que se arroga da autoridade para falar da tribuna, tendo, ao que parece, feito uma busca de cinco minutos para ousar resumir uma história grandiosa.

O vereador afirmou, ainda, que Lula seria um “vagabundo”. Segundo o dicionário, o termo significa “levar vida errante, indo de um lugar para outro, sem objetivo certo; levar vida ociosa, não se dedicar ao trabalho ou ao estudo”.

Em oposição a esse adjetivo injuriosamente imputado ao nosso companheiro ontem na Câmara de Vereadores, Lula estudou, com sacrifício, como tantos brasileiros. E fez estudar centenas de pessoas, seja pelo incentivo que dava aos jovens, seja pela viabilização da Rede de Cursinhos Afirmação, que coordenou até sua morte.

Lula não levou vida errante ou ociosa e, ao contrário, trabalhou incansavelmente, muitas vezes de forma voluntária. Nunca vagueou sem objetivo certo. Ele sabia exatamente o que perseguia e colocou toda sua dedicação às causas populares – dos direitos humanos, dos negros, do direito à liberdade religiosa, em defesa da educação e tantas outras lutas do povo.

Lula era sorriso largo, afeto, seriedade, honradez. Não combina com ele o ódio destilado por quem não respeita a divergência e tenta silenciar quem ousa dizer que o mundo pode ser diferente.

Diretoria da Adufes

Adufes