Repúdio à fragmentação da Ufes:  é o  fim do ensino público superior federal gratuito e socialmente referenciado!

Nos últimos dias temos presenciado uma nova onda de ataques ao ensino superior federal. Adotando uma política de terra arrasada, que inclui  a redução das verbas para as universidades e  agências de fomento à pesquisa,  o governo  Bolsonaro anuncia a criação de cinco novas universidades para dividir o que restou do orçamento destinado às universidades federais.

Este anúncio nos causou perplexidade e revolta. Perplexidade por motivo duplo, em primeiro lugar, devido à política exercida pelo governo Bolsonaro em relação às IES, que, desde o início de sua gestão promoveu apenas cortes no orçamento,  sucateamento da estrutura e nenhum novo investimento. Em segundo lugar porque uma das novas universidades propostas seria criada a partir do desmembramento da unidade da UFES em Alegre. Nossa revolta resulta da acintosa manobra de tentar promover mais esse desmonte, desprezando totalmente a necessária consulta e participação da própria Ufes, cujas partes envolvidas o Centro de Ciências Agrárias e Engenharias (CCAE) e o Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde (CCENS) em nenhum momento foram convidados a debater sobre a criação da Universidade Federal do Vale do Itapemirim (UFVI).

O ministro da educação Milton Ribeiro, em 20/10/2021, apresentou à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle na Câmara dos Deputados, dados sobre a criação de novas universidades, a partir do desmembramento de instituições já existentes, sem a criação de novos cursos, novas vagas e, nem tampouco a contratação de novos professores. As cinco novas universidades anunciadas são – Universidade Federal do Sudeste e do Sudoeste do Piauí, a da Amazônia Maranhense, a do Norte Mato-Grossense, a do Alto Solimões e a do Vale do Itapemirim.

A ideia da UFVI emerge como algo preocupante, pois não significará apenas o nascimento de uma universidade pequena, frágil, sem estrutura e sem o devido investimento. Essa fragmentação representa também o enfraquecimento da Ufes e de toda a sua história consolidada em 67 anos. O CCAE e o CCENS representam muito para a Ufes, vinte e oito porcento das pesquisas com financiamento da Ufes pertencem a esses dois centros. Além disso, Alegre representa uma parcela significativa da comunidade universitária da Ufes, aglutinando, entre alunos, técnicos e docentes, quase quatro mil pessoas.

Separar esses centros da Ufes significa separar sonhos e lutas, significa desprestigiar a história da Ufes e significa sobretudo negar a existência da Ufes no sul do estado há quarenta e cinco anos.

A Ufes já promove a interiorização! São 17 cursos de graduação, 09 de mestrado e 03 de doutorado, que já atendem não só ao litoral sul capixaba, como também à região do Caparaó e demais estados brasileiros. Portanto é urgente fortalecer as unidades do campus sul, defender a Ufes, sua história e legitimidade!

Nós, da Adufes, do DCE e do Sintufes, manifestamo-nos contrariamente à proposta da UFVI por entender que a Ufes não pode ser enfraquecida sob o argumento eleitoreiro e oportunista de criação de uma nova universidade. Não somos contrários à criação de novas unidades,  contudo acreditamos que essas devam surgir a partir de projetos autênticos e com o investimento necessário. E não a partir de meras divisões com o intuito de promoção política de seus idealizadores.

É importante destacar que essa discussão surge em paralelo à Reforma Administrativa, que, uma vez aprovada, acabará com os concursos públicos e os serviços públicos.  Como as novas universidades criarão novos cursos? Como contratarão novos servidores?

Por todos esses motivos aqui apresentados estamos denunciando esse projeto de desmonte, que tem como único objetivo falir a educação pública neste país!

Não à fragmentação da Ufes!

Vitória – ES 25 de outubro de 2022.

 

Associação dos Docentes da Ufes (Adufes)

Diretório Central dos Estudantes da Ufes (DCE)

Sindicato dos Trabalhadores na Ufes (Sintufes)

Adufes