Coletivos e projetos receberam alimentos que foram doados por meio de cestas básicas e refeições prontas em Vitória
Nos últimos meses a Adufes vem apoiando projetos e ações de solidariedade que levam alimentação a diversas comunidades em Vitória. As ações tornaram-se ainda mais importantes em um cenário de crise sanitária com 19 milhões de pessoas passando fome e 116 milhões convivendo com algum grau de insegurança alimentar, segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).
Os coletivos e entidades que vêm recebendo a contribuição do Sindicato em 2021 foram contemplados por meio do edital “Luzimar dos Santos Luciano, de apoio às ações de solidariedade em virtude da Covid-19”, lançado pela Adufes em maio deste ano. Os recursos foram aprovados no orçamento da entidade, em assembleia da categoria realizada no mês de março, e a utilização foi decidida pelo Conselho de Representantes, que acompanha todas as etapas de doações da Adufes.
Entre os projetos contemplados está o “Saco vazio não para em pé”, do Instituto Raízes, que atende famílias das comunidades do Morro da Piedade, Moscoso, Fonte Grande, Capixaba, Centro e adjacências. O coordenador do Instituto, Jocelino da Conceição Silva Junior, explica que a região enfrenta profundos problemas sociais, o que torna o território uma prioridade absoluta para investimentos sociais. As doações da Adufes beneficiaram 50 famílias com cestas básicas e as ações do Instituto já chegaram a mais de 1.000 famílias.
De acordo com o coordenador, durante a pandemia o Instituto Raízes fez um levantamento na comunidade, por meio de formulário na internet, que constatou a necessidade de apoio fundamental às famílias em situação de vulnerabilidade social. A pesquisa inicial apresentou um diagnóstico social de mais de 1.100 pessoas que indicavam demanda de alimentos, sendo que 70% das pessoas que responderam ao formulário declararam estar desempregadas ou trabalhando de maneira informal.
O levantamento também identificou que, das pessoas que precisavam de auxílio, 92% eram pretas ou pardas, e 74% mulheres chefes de família, responsáveis pelo sustento do lar. Além disso, 60% das famílias possuíam mais de duas pessoas, 24% tinham idosos em casa, 8,7% cuidavam de pessoas com deficiência, e 55,8% não recebiam qualquer apoio governamental. “O Instituto propôs a criação de uma Central de Doação de Alimentos na Região do Centro de Vitória em parceria com diversos coletivos, que ocorre desde abril ano de 2020, contemplando mais de 1.000 famílias cadastradas, beneficiando mais de 4.000 mil pessoas”, explicou Jocelino.
As ações do Instituto Raízes continuam e também acontecem em outras frentes, como na valorização dos direitos humanos e práticas de cultura, sociabilidade, defesa da educação pública, assistência social e políticas públicas. O trabalho é feito a partir da memória social local, com a valorização dos saberes e práticas dos atores da comunidade, promovendo a integração cultural, familiar e social, refletindo sobre o contexto socioeconômico do território. Devido à sua atuação junto às comunidades, o Instituto Raízes recebeu no ano de 2018 o Prêmio Estadual de Direitos Humanos.
Cozinha Solidária
O projeto Cozinha Solidária, da Frente Povo Sem Medo, também recebeu a contribuição da Adufes, o que ajudou na produção das 200 marmitas que são distribuídas todos os sábados na região denominada Território do Bem, que inclui as comunidades de São Benedito, Bonfim e Bairro da Penha, em Vitória.
A integrante da coordenação do projeto, Isabella Mamedi, explica que para concretizar a Cozinha Solidária foram feitas parcerias com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA) Sapê do Norte, Rede Urbana de Agroecologia (RUCA), Movimentos de Segurança Alimentar, e as organizações do próprio Território do Bem, como a Pastoral do Povo de Rua e a Frente Povo Sem Medo. O projeto Cozinha Solidária tem como objetivo criar organicidade dos movimentos sociais nos territórios, suprindo as necessidades mais imediatas das pessoas, mas também disputando um horizonte político sobre a fome e todo o debate da segurança alimentar no país.
A realização das ações do projeto se dá a partir do entendimento de que a insegurança alimentar não tem relação apenas com a pandemia, mas também se dá pelas péssimas medidas governamentais tomadas nos últimos anos, como o fim do CONSEA (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), o corte em investimentos em políticas sociais, a aprovação da Emenda Constitucional 95 (Teto de Gastos) que congela os investimentos públicos, as reformas trabalhista e da previdência que atacaram os direitos das/os trabalhadoras/es e a seguridade social. Além disso, há medidas ainda em curso, como a Reforma Administrativa (PEC 32), a terceirização, e as privatizações que aprofundarão a precariedade das condições de vida da população. A crise sanitária, com péssima gestão do governo Bolsonaro, somada à queda de renda e à inflação dos alimentos dificulta o acesso regular a refeições para muitas famílias. Há, ainda, desemprego, desigualdade social, regional, racial e de gênero.
Unidos da Piedade
A tradicional escola de samba Unidos da Piedade faz carnaval e também atua em ações de solidariedade que atendem famílias das comunidades da Fonte Grande, Capixaba, Romão, Forte São João, Piedade, Moscoso, Vila Rubim, e Ilha do Príncipe. Os moradores da região passam por desemprego. Além disso, a falta de atividades das escolas de samba no período mais crítico da pandemia retirou a renda de muita gente que trabalha nos preparativos do Desfile das Escolas de Samba da Grande Vitória, no Sambão do Povo. Sem Carnaval e eventos em torno do desfile, também faltou a fonte de renda. E a população negra da região está ainda mais vulnerável no cenário atual.
O presidente da Unidos da Piedade, Valdeir Lopes de Sá, explica que a colaboração da Adufes beneficiou 50 famílias atendidas pela escola de samba, mas que os projetos desenvolvidos pela agremiação tem uma abrangência muito maior em diversas frentes.
Edital
O edital “Luzimar dos Santos Luciano, de apoio às ações de solidariedade em virtude da Covid-19” homenageia a professora do Departamento de Enfermagem, falecida em junho de 2020, em decorrência da Covid-19. A docente do Centro de Ciências da Saúde (CCS) integrava o Comitê Operativo de Emergência da Ufes e estava trabalhando intensamente no combate à Covid-19.
CONTRIBUA COM AS AÇÕES
INSTITUTO RAÍZES
Banco Banestes
Agência: 104
Conta: 3131624-3
Picpay: procurar por Instituto Raízes ou usar o link https://app.picpay.com/payment?type=store&hash=BEQHqSnraoFFaOS7
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COZINHA SOLIDÁRIA – FRENTE POVO SEM MEDO
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Adufes