“Educação Sim” ecoou no lançamento da Campanha da Fraternidade em Vitória

Milhares gritaram e levantaram bandeiras da Adufes “Educação Sim” na tarde de domingo, 6, durante o lançamento da Campanha da Fraternidade, na Praia de Camburi. Docentes da Ufes participaram da caminhada em defesa da educação pública

“Nos últimos anos assistimos as investidas de governos autoritários contra as escolas públicas, as pesquisas e a cultura. Só em 2022, o governo federal cortou mais de R$ 700 milhões da educação pública. Para onde vai esse recurso que deveria ir para pesquisas e o ensino? ”. Esse foi apenas um dos questionamentos feitos durante o trajeto da caminhada que saiu da Praia de Camburi com término no início da noite do dia 6 de março, em frente ao Teatro Universitário (campus de Goiabeiras/Ufes).

As crises do ensino público, da saúde, da democracia, além do aumento do desemprego e da fome, estiveram no centro das reflexões. A Campanha da Fraternidade (CF) 2022 lembrou também a morte de mais de 650 mil brasileiras/os pela pandemia da Covid-19.  Já na concentração, momento de silêncio com centenas de cruzes fincadas na areia da praia para simbolizar as vítimas do novo coronavírus. Uma cruz gigante, montada com um lápis e uma caneta de madeiras, representando o sofrimento da educação, foi carregada durante todo o percurso.

Professor há 20 anos na rede municipal de Vitória, Maurino Fidelis, criticou a atuação do governo federal no combate à Covid-19. “Perdi um primo no ano passado e vários colegas ”, lamentou.  No ES, apenas na área da educação, 1.479 profissionais morreram vítimas da pandemia. Além das dificuldades econômicas, sociais e sanitárias impostas pela pandemia, a Campanha da Fraternidade destacou a evasão escolar que ocorre, principalmente, pela falta de políticas públicas e de um sistema de ensino universal e inclusivo.

 Mais investimentos no Ensino. A presidenta da Adufes, Ana Carolina Galvão, lembra que o debate sobre a educação é fundamental e que as preocupações com o ensino não podem ficar apenas nos discursos, especialmente neste ano de eleições. “Precisamos de posicionamentos e ações firmes que olhem para a educação com responsabilidade. E a sociedade precisa prestar atenção e se posicionar diante dos retrocessos impostos ao setor”, diz, ressaltando que o governo Bolsonaro é inimigo da educação, da ciência e do ensino, ao promover cortes orçamentários, sucatear estabelecimentos públicos do setor e incentivar a perseguição a professoras e professores. “Sabemos que a prioridade não é a educação, nem a diminuição da desigualdade social, nem nada relativo ao povo”.

Fala com sabedoria, ensina com amor”. Esse é o lema da Campanha da Fraternidade 2022, que se expressa no Manifesto divulgado durante a caminhada. Em trecho do documento, é assinalado o processo “sistemático de desconstrução e desrespeito aos Planos Municipais, Estaduais e Nacional de Educação, construídos coletivamente para assegurar um financiamento público sólido, com controle social e planejamento”. Apesar de a Campanha da Fraternidade ser uma tradição da Igreja Católica, o manifesto termina conclamando por uma “escola laica com respeito à diversidade religiosa existente no país”.

Leia:  MANIFESTO EM DEFESA DA EDUCAÇÃO COM FRATERNIDADE

Desafios. Para o Padre Kelder Brandão, vigário para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória, o lançamento da Campanha da Fraternidade 2022 no ES foi bastante positivo, com uma participação expressiva da população, autoridades religiosas católicas e civis, parlamentares e, principalmente, centenas de professores, professoras (muitos da Ufes) e estudantes.

“A Campanha da Fraternidade ajuda a sociedade a assumir coletiva e democraticamente a escola pública, nas não exaure ou resolve os inúmeros problemas e desafios que o ensino público enfrenta em todos os níveis”, diz o Padre Kelder.

Leque alusivo à Lula Rocha. Além das bandeiras “Educação Sim”, a Adufes distribuiu centenas de leques com foto de Lula Rocha, militante dos movimentos negro e de direitos humanos no ES que faleceu no ano passado. Coordenador do maior cursinho popular do Espírito Santo, que conta com diversos núcleos na Grande Vitória, com objetivo de contribuir para inserir jovens das periferias nas universidades, Lula Rocha deixou sua marca também na luta pela educação pública e popular.

Kits escolares. Durante a abertura da CF 2022, foram arrecadados itens de material escolar que serão doados a famílias de estudantes que, diante da queda brutal da renda, do desemprego, da miséria, tiveram que priorizar a alimentação em detrimento de produtos indispensáveis para o aprendizado em sala de aula. A Adufes fez doação de kits, compostos por cadernos, lápis, borracha, apontador, lápis de cor, giz de cera, estojo e mochila.

Você ainda pode doar! Quem não pode participar da abertura da CF 2022 pode contribuir com itens de materiais escolares novos ou usados, desde que estejam em boas condições de uso. Os donativos podem ser entregues nas paróquias dos bairros.

Foto capa: Hélio Filho/Secom ES

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