Manifestação na Ufes em defesa do Serviço Público ganha apoio da comunidade acadêmica

Nas ações, foram abordadas a importância da derrubada da Emenda 95 (Teto de Gastos), que congelou investimentos na Educação e na Saúde por 20 anos; da luta contra a PEC 32 (Reforma Administrativa); e da recomposição de parte das perdas salariais (19,99%)

Um ato que pode ser classificado como vigoroso. É com este sentimento que a Adufes avalia as diversas manifestações realizadas na Ufes durante todo o dia nesta quinta-feira, 28, Dia Nacional de Lutas. As atividades começaram cedo, antes do amanhecer, em dois portões de acesso ao campus de Goiabeiras, em Vitória, com abordagem e panfletagem com as pessoas que chagavam de carro ou a pé. Também foram realizadas ações no campus de Alegre, no Sul do Estado. A manifestação foi uma realização da Adufes com apoio do Sintufes.

Na sequência, houve um giro por diversos prédios do Campus de Goiabeiras, com convocação de estudantes, docentes e técnico-administrativos para as atividades que aconteceriam na sequência. A primeira delas foi uma roda de conversa no portão norte, onde representantes da diretoria da Adufes e do Sintufes fizeram falas explicando a conjuntura, os desafios diante do Governo Bolsonaro. Entre os que falaram estava o professor Rafael Teixeira, da diretoria da Adufes, que conduziu os trabalhos, e o membro da direção do Sintufes Ivan Gomes.

De acordo com a presidenta da Adufes, Junia Zaidan, tanto o giro pelas salas de aula quanto a roda de conversa foram momentos produtivos. “Foi uma estratégia de aproximação com a comunidade acadêmica. Muitos alunos nem conhecem ainda a universidade por conta do Ensino Remoto. Estamos abrindo o diálogo e isso é importante para que as pessoas entendam o movimento e saibam a trajetória que nos trouxe até esse momento de construção de greve unificada. E o retorno dos estudantes, por exemplo, foi bacana. Eles pararam para nos escutar, queriam saber mais. Quase não houve resistência às nossas abordagens em todos os segmentos”.

Junia Zaidan destacou, ainda, que todos os membros da comissão local de mobilização do Sindicato estavam presentes. O grupo foi formado logo após a última assembleia geral e está muito atuante. As atividades para a mobilização foram arquitetadas pelas/os integrantes.

Em Alegre, as ações foram lideradas pela vice-presidenta da Adufes, Aline Bregonci, e a 1ª secretária Ana Cláudia Meira. Aline ressaltou que a manifestação no Sul do estado também foi bem recebida e que configurou uma oportunidade de dialogar com a comunidade do campus sobre pautas importantes para a defesa do serviço público e da Universidade.

Ação no RU

Às 11h30, uma nova convocação pelo campus chamou a comunidade para uma aula aberta na frente do Restaurante Universitário (RU). Três professores (Rafael Bellan, Lívia Moraes e Priscila Chaves, da base) conversaram com as pessoas que aguardavam para almoçar. Eles abordaram a importância da derrubada da Emenda 95 (Teto de Gastos), que congelou investimentos na Educação e na Saúde por 20 anos; da luta contra a PEC 32 (Reforma Administrativa); e da recomposição de parte das perdas salariais (19,99%) em decorrência da inflação galopante que o país enfrenta.

Foi explicado aos estudantes que as bolsas de permanência estão congeladas há anos e que os valores não pagam nem alimentação, que elas não são suficientes, e que o RU está sucateado e com a qualidade da alimentação em queda, e que há problemas de manutenção da infraestrutura já existente. E o mais importante foi dizer à juventude que todas essas questões estão justamente relacionadas às pautas do movimento, uma vez que a redução dos orçamentos faz parte de um projeto maior que tenta impedir que esta mesma juventude esteja na Ufes cursando uma graduação de qualidade.

Durante sua fala, a professora Priscila Chaves, da base, ressaltou que o sistema capitalista ultraneoliberal tenta fazer crer que a impossibilidade de estar na Ufes é responsabilidade do sujeito, quando é um engano, pois o sistema está mobilizado e atuando para que o dinheiro seja drenado para instituições privadas de ensino e outros setores que se apropriam dos recursos públicos para ampliar seus lucros.

Durante a tarde foram realizadas atividades culturais de música e literatura e a panfletagem seguiu durante todo o dia e também à noite com mobilizações diversas sempre explicando à comunidade acadêmica a gravidade do momento e o risco que a universidade corre de ser destruída, assim como os serviços públicos em geral e a própria democracia do país.

Emenda Constitucional 95

A Emenda Constitucional 95 é sentida na universidade por toda a comunidade acadêmica diariamente. Há todo tipo de ampliação da precarização. Estudantes sofrem com a insuficiência das políticas de assistência estudantil defasadas, o que é agravado pela falta de moradia estudantil na Ufes. Além disso, o RU perde a qualidade e docentes sentem a precarização das condições físicas em sala de aula. “Passamos a pandemia inteira lutando pelo óbvio, que são equipamentos e condições de trabalho. Mas a universidade está estrangulada financeiramente pelos cortes orçamentários”, frisou Junia Zaidan.

PEC 32

A PEC 32, a chamada Reforma Administrativa, é uma ameaça severa aos serviços públicos. Ela foi “barrada” em 2021, mas o texto continua no Congresso Nacional e a qualquer momento pode voltar a tramitar. Seu conteúdo perverso quer, entre outras medidas, acabar com a estabilidade. Sendo assim, servidoras/es públicas/os ficariam submetidas/os às pressões de políticos e gestores indicados sem concurso, impedidos de atender aos interesses do Brasil, uma vez que poderiam perder seus empregos sem justificativa. Por isso os apoiadores do Governo Bolsonaro, dentro e fora do Congresso Nacional, querem aprovar a medida, para ampliar a prática de corrupção das “rachadinhas”, em que o funcionário precisa entregar parte do salário para o político que o indicou e agir no trabalho para beneficiar os interesses dos poderosos que garantem o seu emprego.

Recomposição Salarial

A presidenta da Adufes, Junia Zaidan, lembra que a adesão à pauta da recomposição salarial de 19,99%, que recupera parte das perdas inflacionárias dos últimos anos, também foi recebida de maneira positiva. “Houve uma convergência das falas com adesão política-ideológica com o que estamos reivindicando, mas também a partir da expressão do estrangulamento que nós estamos vivendo. As contas que nosso salário pagava há três anos ele não paga mais. A gente está voltando ao presencial, tendo que comer fora e reorganizar a vida, com a contratação de variados serviços para a dedicação exclusiva exigida das/os docentes. E isso está doendo no bolso. O sindicato arregimenta apoio tanto pela via da carreira e salário, que são eixos clássicos da luta sindical, quanto pela concepção da luta e da sociedade que queremos construir, o que vai além dos nossos interesses enquanto categoria”.

Ainda de acordo com a presidenta da Adufes, juntas as pautas levadas à comunidade nesta quinta-feira, 28, são elemento importante para desgastar e colocar o dedo na ferida. “Expomos as vísceras do Governo Bolsonaro que é corrupto, privatista, elitista, genocida e lambe-botas dos Estados Unidos. Também apontamos para o cenário pós-eleitoral, deixando registrado para o próximo governo, seja qual for, que é preciso revogar as medidas de ataque à classe trabalhadora, como a Reforma Trabalhista, Reforma da Previdência, Emenda Constitucional 95 e enterrar de vez a PEC 32. Com isso, mobilizamos para a construção da greve. Esse é o papel que essas pautas cumprem”, concluiu.

Confira algumas imagens da manifestação:

Adufes