O racismo no Brasil é estrutural e estruturante, azeitando a máquina capitalista de pobreza, desigualdades e opressões à classe trabalhadora. Mesmo após a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, quando as pessoas negras escravizadas foram legalmente libertas, a sociedade brasileira manteve a estrutura sobre a qual se alicerçou, mantendo a lógica escravocrata na distribuição dos papeis sociais destinados à população negra.
Sendo assim, é preciso evitar a armadilha de individualizar o problema do racismo, o que leva a questão para a esfera moral. É preciso ter em mente que as instituições brasileiras foram moldadas para funcionar a partir da desigualdade racial sobre a qual está fundada a estrutura social brasileira. Mesmo após a transição para uma sociedade de trabalho livre, foram mantidas as raízes profundamente racistas e violentas que utilizaram a barbárie como forma de consolidação de um capitalismo dependente que reservou à população negra o trabalho braçal e as margens da sociedade.
Hoje, com um governo de extrema-direita, o Brasil expõe à luz do dia o racismo que nutre desde sempre. As crises tornam o problema ainda mais agudo, fazendo aumentar os mais diversos tipos de violência contra a população negra. É preciso que todas/os que almejam uma sociedade verdadeiramente livre estejam aliados à luta antirracista como forma de combater a estrutura social que permite as diversas opressões contra grupos minorizados e contra a classe trabalhadora brasileira.
Adufes