Movimentos sociais, sindicatos, e outras entidades analisam proposta da Ufes para cumprimento da Lei de Cotas para docentes e encaminharão reivindicações à Reitoria

Docentes que atuam na luta antirracista e anticapacitista, assim como outros segmentos da comunidade acadêmica e da sociedade não foram ouvidos pela universidade, que elaborou uma proposta de resolução e encaminhou diretamente à instância deliberativa

A Adufes, o Sintufes, o DCE, o Movimento Negro, o Movimento das Pessoas com Deficiência e mandatos discutiram na noite desta quarta-feira, 12 de abril, na sede do Sindicato, o cumprimento da Lei 12.990/2014, que estabelece cotas para concursos de docentes, legislação que é descumprida pela Ufes há nove anos.

Os participantes se debruçaram, linha a linha, sobre a proposta de resolução apresentada em março pela Administração Central da Ufes para finalmente cumprir a lei. O objetivo da reunião é construir reivindicações que serão encaminhadas à Reitoria da Universidade. Docentes que atuam na luta antirracista e anticapacitista, Sindicato, e movimentos sociais não foram ouvidos pela universidade, que elaborou uma proposta de resolução e encaminhou diretamente à instância deliberativa. Os movimentos, com base no princípio de “Nada sobre nós, sem nós” reivindicam que a Reitoria faça a escuta da comunidade antes que o projeto, que em uma análise preliminar já mostrou ter diversos problemas, tramite nas instâncias deliberativas da Universidade.

A Adufes se manifestou no dia 30 de março em seus canais de comunicação e enviou no mesmo dia um Ofício à Reitoria, novamente solicitando a participação dos segmentos diversos nas discussões.

Dívida

Houve um debate sobre a forma como as vagas dos diversos departamentos serão reunidas para a reserva dos percentuais propostos para pessoas negras e pessoas com deficiência, identificando problemas no que está proposto. Contudo, para além disso, durante o encontro também foi questionada a forma como Ufes vai pagar a dívida de nove anos que ela acumulou com a população negra e com as pessoas com deficiência ao não cumprir a lei, acumulando um passivo de vagas não destinadas que precisa ser compensado.

A presidenta da Adufes, Junia Zaidan, ressaltou que decisões tão relevantes não podem ser tomadas em gabinetes. Apesar de considerar positiva a atenção que a Universidade finalmente deu ao tema, ela frisa que é imprescindível que os diversos segmentos sejam ouvidos e que a construção da Resolução seja coletiva, uma vez que há um atravessamento político inegável na questão operacional de como se dará o cumprimento da Lei.

Participaram da reunião desta quarta-feira, 12/04, Adufes, Sintufes, DCE, CPD, Movimento Negro Unificado, Círculo Palmarino, base da Adufes, UNEGRO, NEAB Instituto Elimur,  UJC, Rede Afirmação de Cursinhos Populares, FEJUNES, GTPE, CEPIR, mandato do vereador de Vitória André Moreira, mandato da deputada estadual Iriny Lopes, e o mandato do deputado federal Helder Salomão.

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