Especialistas analisam no Cine Metrópolis como guerra às drogas se transforma em guerra aos moradores das periferias

Adufes integra organização das Jornadas de Políticas de Segurança Pública e Direitos Humanos que promoveu o evento no Cine Metrópolis e que realizará novo encontro no auditório do CCE, no dia 30 de novembro

Nesta quinta-feira, 26, foi realizado no Cine Metrópolis, no campus de Goiabeiras da Ufes, o 1º Encontro: Segurança Pública, Guerra às Drogas e Desmilitarização das Polícias. O evento, que fez parte das Jornadas de Políticas de Segurança Pública e Direitos Humanos, contou com o relato público de familiares de vítimas de violência de estado e com a fala de especialistas no campo.

Luiz Eduardo Bento de Mello Soares, um dos palestrantes, é antropólogo, cientista político e escritor. Soares é considerado um dos mais destacados especialistas em segurança pública no Brasil e defende a legalização das drogas, a unificação das polícias militar e civil, bem como o fim do encarceramento em massa.

O outro palestrante foi Orlando Zaccone, delegado de Polícia Civil, advogado e doutor em Ciência Política. Zaccone também é coordenador nacional do Movimento Policiais Antifascismo, desempenhando um papel relevante no debate sobre reformas nas forças de segurança e direitos humanos.

Controle das populações pobres

Eles abordaram de maneira crítica a chamada “guerra às drogas” e o seu resultado: o extermínio da juventude das periferias, em especial a população negra. Foram tratados temas como desmilitarização das polícias, arquivamentos de investigações sobre violência policial, encarceramento em massa, entre outros, e a ineficiência dessas medidas, consideradas equivocadas e que retroalimentam o ódio aos pobres, para a redução da violência urbana.

Para os debatedores, a Segurança Pública tem sido utilizada como dispositivo de controle social violento de populações pobres e vulneráveis.  O discurso jurídico de que Segurança Pública é um direito subjetivo do cidadão ofusca o que ela tem sido no mundo inteiro e o que produz neste momento na Faixa de Gaza, exemplificaram.

O 1º Encontro: Segurança Pública, Guerra às Drogas e Desmilitarização das Polícias foi uma realização da Adufes  com organizações sociais e religiosas, e do movimento sindical, com a participação  da Ufes. O evento propôs uma plataforma para discussão aprofundada sobre políticas de segurança pública e a busca por soluções que respeitem os direitos humanos e promovam uma sociedade mais justa e segura.

Jornada

A diretora da Adufes Ana Heckert representa o Sindicato nas Jornadas e destaca que a violência policial só tem crescido nas periferias brasileiras e, no Espírito Santo, em particular, no Território do Bem, em Vitória.

Ana salienta que “a polícia está autorizada pelo Estado a fazer os absurdos que faz: invadir as casas sem mandado, matar as pessoas em execuções e depois dizer que houve reação, etc.. Quando começou o movimento que tenta criminalizar o padre kelder Brandão (que atua no Território do Bem em defesa dos direitos humanos e está sendo ameaçado pela PM e pelo tráfico), nos reunimos para pensar o que fazer. Foi proposta uma Jornada de Debates para discutir de forma mais ampla os resultados da guerra às drogas que se efetiva como uma guerra contra moradores da periferia. Quisemos colocar em análise a expansão desta violência”.

No início do evento foi projetado um vídeo intitulado: Por que defender os direitos humanos no Espírito Santo é tão perigoso. No dia 30 de novembro um novo encontro será realizado no auditório do Centro de Ciências Exatas (CCE), no campus de Goiabeiras da Ufes. O segundo debate vai abordar gênero e raça recebendo movimentos sociais, pessoas que moram nas periferias, estudantes, professores, entre outros.

Palestina

Logo após o evento no Cine Metrópolis, foi realizado um ato em frente ao Teatro Universitário da Ufes protesto contra a carnificina promovida pelo Estado Sionista de Israel na Faixa de Gaza. A manifestação contou com o apoio da Adufes.

A Adufes se juntou às milhares de entidades e organizações da sociedade civil no Brasil e em todo o mundo. Desde o início de outubro, já se contam quase 6 mil pessoas assassinadas em bombardeios feitos por Israel, que incluem áreas residenciais, escolas, hospitais, igrejas. Há informações de que o número de crianças mortas em duas semanas equivale à taxa de mortalidade de um período de 20 anos. Além disso, Israel impede a entrada de alimentos, medicamentos e suprimentos necessários para a manutenção do abastecimento de água e energia, dificultando a abertura de um corredor humanitário que minimize o sofrimento de civis inocentes.

Apesar da tentativa de representantes dos diversos países que fazem parte da Organização das Nações Unidas (ONU) de pactuar o cessar fogo, inclusive com proposta do Governo Brasileiro, a busca por uma trégua não avança devido ao veto dos Estados Unidos, coniventes históricos e fornecedores de armamento a Israel desde 1948, quando o território palestino foi ocupado pelo estado de Israel, recém-criado à época, iniciando um apartheid e um processo de limpeza étnica. Este processo resultou no surgimento de organizações como o Hamas, cujas ações terroristas contra civis israelenses deflagraram os ataques e retaliações recentes do Estado de Israel contra o povo palestino.

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