A quem interessa criminalizar professoras/es da Ufes?

A Adufes e o Comando Local de Greve (CLG) deram início a uma grande intervenção no campus de Goiabeiras da Ufes, em Vitória, nesta quarta-feira, 26 de junho. Dezenas de faixas foram penduradas nas grades em frente à avenida Fernando Ferrari e um outdoor de led também integra a ação. Todas as peças fazem a seguinte pergunta: A quem interessa criminalizar professoras/es da Ufes? Entenda a razão dessa intervenção e reflita sobre quais seriam os atores que teriam interesse nisso.

Desde que a Greve Docente foi iniciada na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), no dia 15 de abril, um processo de criminalização crescente das/dos professores da instituição entrou em curso, com investidas jurídicas e discursivas baseadas em acusações que carecem de comprovações.

A Adufes é a única seção sindical da greve das federais que enfrenta investidas vindas de diversas frentes, de dentro e de fora da Universidade por meio de judicializações, publicações criminalizantes, comunicados intimidadores e cobranças de chefias que desrespeitam o direito à greve e podem resultar em punições a docentes.

Redes sociais

Este movimento revela uma tentativa de criminalização não apenas da greve, mas de toda a categoria docente. Além disso, postagens em redes sociais, notas e até mesmo envio de informações enganosas a veículos de imprensa também integram esse combo criminalizante da luta e da categoria. A greve, e as/os docentes que participam dela, são culpabilizados por situações que não são de sua responsabilidade, como o fechamento do Restaurante Universitário (RU), por exemplo, que sempre teve acesso livre durante todo o movimento.

Punições

Além disso, há uma criminalização mais velada, expressa em ações de chefias para realização de atividades com intimidações “disfarçadas”, gerando listas de adesão à greve e intimidando docentes que aderiram ao movimento. Professoras/es foram ameaçadas/os com falta e corte de ponto caso não comparecessem a reuniões, atacando o direito à integralidade da greve.

Essas investidas, além de intimidar docentes individualmente e o movimento grevista como um todo, vieram acompanhadas de acusações que imputam crimes contra professoras/es, como assédio, de maneira genérica e sem a apresentação de provas, colocando em suspeição todas/os as/os docentes em greve.

Denuncismo

Se não é uma novidade a perseguição política a sindicatos, movimentos sociais e partidos de esquerda, certamente uma das diferenças a que estamos assistindo nesse momento é o uso de expedientes jurídicos e de comunicação que vimos no governo passado. Houve divergências transformadas em denuncismo; disputa de narrativas com distorções dos fatos; uso de aplicativos de mensagens para disseminar o ódio à greve; ataques machistas, misóginos, transfóbicos e capacitistas; ameaças pessoais – veladas ou explícitas; e até mesmo agressão física.

Diante deste cenário voltamos a perguntar: a quem interessa criminalizar professoras/es da Ufes?

Adufes