Comando Nacional de Greve indica às bases a saída coletiva da greve e Adufes realizará assembleia para deliberar sobre o movimento

A greve na Ufes ainda está em curso em respeito à decisão da assembleia realizada na Adufes em 21/06. A decisão nacional é posterior e será analisada em nova assembleia geral já convocada para sexta-feira, 28, às 14 horas, na sede da Adufes, no campus de Goiabeiras, em Vitória-ES

O Comando Nacional de Greve (CNG) decidiu no domingo, 23, indicar o fim da greve e a assinatura do acordo com o Governo Federal. Essa decisão, publicada pelo CNG às 22h17 do dia 23 de junho, ocorre após consulta às bases que responderam a três perguntas feitas pelo CNG: 1- “Qual a avaliação da AG das propostas do governo apresentadas pelo MGI e pelo MEC?”; 2- “Devemos assinar ou não, as propostas apresentadas pelo MGI e pelo MEC?”; e 3- “Devemos continuar a greve ou construir sua saída coletiva no ANDES-SN?”. A rodada de assembleias que respondeu a essas questões aconteceu até o dia 21 de junho.

Da totalidade de assembleias realizadas em todo o país, 35 indicaram a assinatura do acordo e a construção coletiva para a saída da greve e outras 20 indicaram a continuidade do movimento grevista e a não assinatura do acordo, entre elas a Adufes. Essa indicação da Adufes, e de outras 19 instituições, foi definida antes da decisão do CNG de encerrar a greve, uma vez que as respostas da rodada de assembleias da semana passada embasou justamente a decisão de domingo, 23, do CNG.

Contudo, para encerrar a greve é preciso realizar uma nova assembleia local. A assembleia é a instância máxima deliberativa e ela decidiu, no último dia 21, pela continuidade da greve. Mas isso foi ANTES da decisão do Comando Nacional de Greve (CNG). Agora, com essa decisão nacional, tendo vencido nacionalmente a posição pela saída da greve, uma nova rodada de assembleias será realizada nas diversas universidades para que decidam como proceder, uma vez que elas têm suas particularidades, suas datas e deliberações próprias.

A decisão na Seção Sindical do Andes-SN na Ufes, que é a Adufes, só será tomada na próxima assembleia, já convocada para o dia 28 de junho. Ao contrário de “livres interpretações” feitas por matérias da imprensa e em postagens e comentários em redes sociais, NÃO HÁ NENHUMA DECISÃO SOBRE CONTRARIAR O COMANDO NACIONAL DE GREVE (CNG) QUE DELIBEROU PELO ENCERRAMENTO DA GREVE. A GREVE AINDA ESTÁ EM CURSO PORQUE A DECISÃO NACIONAL AINDA NÃO FOI ANALISADA EM ASSEMBLEIA DA ADUFES. Nenhum Comando Local de Greve ou Diretoria pode se colocar na contramão de uma decisão de assembleia.

Conforme comunicado do CNG nº 96, a nova rodada de assembleias será realizada até 3 de julho em seções de universidades em todo o país e não apenas na Adufes. O comunicado ainda reitera que “Observadas a variedade e as particularidades que um sindicato nacional desse porte comporta, uma saída coletiva só é possível em um intervalo temporal que garanta as condições de retomada organizada do trabalho”. Na Adufes, a assembleia já foi convocada para sexta-feira, 28 de junho, às 14 horas.

Assembleia realizada antes da decisão nacional

A Adufes realizou uma assembleia geral na última sexta-feira, 21 de junho, que tratou das seguintes pautas: eleição da delegação da Adufes para o 67° Conad, análise de conjuntura, e avaliação da greve. Ao propor a rodada de assembleias das bases, o Comando Nacional de Greve (CNG) indicou que a categoria respondesse a três perguntas: 1- “Qual a avaliação da AG das propostas do governo apresentadas pelo MGI e pelo MEC?”; 2- “Devemos assinar ou não, as propostas apresentadas pelo MGI e pelo MEC?”; e 3- “Devemos continuar a greve ou construir sua saída coletiva no ANDES-SN?”.

Para o 67º Conad foram eleitas/os Fernanda Binatti Chiote (delegada) e como observadoras/es e suplentes da delegada, pela ordem, Jacyara Paiva, Jeffa Santana, Lívia Moraes, Raphael Furtado, Rafael Bellan, Monica Vermes, Aline Bregonci, Cenira Andrade, Priscila Chaves, Marcelo Barreira, Patrícia Santos, Bernardete Mian, Maria Aparecida de Carvalho e Iguatemi Rangel.

Durante a assembleia, a integrante do Comando Local de Greve (CLG) Aline Pandolfi fez uma análise de conjuntura frisando os ganhos da greve e a importância dela como instrumento de luta das/dos trabalhadoras/es. Houve ampla participação da base, com participação de estudantes, que também puderam falar, sem direito a voto. As falas enfatizaram a importância do espaço da assembleia como instância legítima para o debate e decisões da categoria. Além disso, foi lembrada a importância de garantir que a universidade tome as medidas necessárias para que estudantes não sejam prejudicados na reposição de aulas e avaliações. Na sequência, os pontos indicados pelo CNG foram apreciados.

Para responder à primeira pergunta (“Qual a avaliação da AG das propostas do governo apresentadas pelo MGI e pelo MEC?”), a plenária aprovou, por ampla maioria, com 1 abstenção e 3 votos contrários, a seguinte proposta apresentada: “Após análise em retrospectiva de todos os esforços e mobilizações que fizemos; a intransigência do governo em atendimento às nossas pautas; a desidratação das pautas infimamente atendidas ou apenas prometidas; nossa avaliação é de que as propostas apresentadas pelo governo até 14 de junho são incompatíveis às necessidades que temos para o funcionamento adequados das IFEs, que deve garantir assistência estudantil que viabilize a permanência de estudantes, condições de trabalho e de vida para servidoras e servidores, demonstre respeito por nossa carreira e pelas/os docentes aposentadas/os e de fato demonstre compromisso com a educação pública de qualidade”.

Em seguida, os outros dois pontos foram analisados em conjunto e, ao final, votados em separado. A categoria docente indicou, por ampla maioria, com 11 votos contrários e 2 abstenções que o Andes-SN não assinasse o acordo com o Governo Federal, pois muitas propostas não estão documentadas, de forma que não podem ser assinadas com a garantia do que foi prometido. E, por fim, deliberou, por ampla maioria, 17 votos contrários e 1 abstenção, que o movimento grevista continuasse, por considerar as propostas insuficientes. .

O posicionamento foi enviado ao Comando Nacional de Greve (CNG) para ser avaliado junto com as decisões de professoras/es de dezenas de instituições federais de todo o país. A assembleia votou, ainda, por unanimidade, três encaminhamentos ao CNG:

  1. Expressa reivindicação de que nenhuma decisão de negociação que representasse rebaixamento das pautas ou encerramento da greve fosse tomada pelo CNG sem consulta às assembleias de base.
  2. Solicitação do conjunto de dados brutos das assembleias realizadas entre 17 e 21 de junho, conforme comunicados nº 84 e nº 88 e dos dados brutos das assembleias que resultaram na contraproposta do Andes-SN de 27 de maio (comunicado º 47).
  3. Que em todas as negociações e documentos seja garantida a menção direta à alteração do Decreto 1.590/1995 (de magistério “superior” para magistério “federal”).

Adufes