Adufes participa do Seminário Nacional “60 anos do Golpe de 1964 – Memória, Verdade, Justiça e Reparação”, em Porto Alegre

A Adufes participou do Seminário Nacional “60 anos do Golpe de 1964 – Memória, Verdade, Justiça e Reparação”, realizado em novembro na Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. O evento, que durou três dias, destacou a importância da memória histórica e da luta por justiça, com foco nas violações de direitos humanos durante a ditadura militar no Brasil.

O Seminário, realizado entre os dias 21 e 23 de novembro, foi promovido pelos Grupos de Trabalho de História do Movimento Docente (GTHMD) e de Política de Formação Sindical (GTPFS), em parceria com a Comissão da Verdade do Andes-SN. O evento contou com mesas de debate, palestras e atividades de formação voltadas à análise dos impactos do golpe empresarial-militar de 1964 no Brasil. Também foram discutidos os desafios atuais na luta por memória, verdade, justiça e reparação.

Além disso, a programação do seminário incluiu o módulo nacional do Curso de Formação Sindical “60 anos da ditadura empresarial-militar e o movimento docente”. Foram realizadas duas mesas com os temas: “Responsabilidade empresarial com a ditadura” e “A ditadura e a repressão contra populações trabalhadoras, negras, periféricas, indígenas, quilombolas e LGBTI+”. As atividades atendem à resolução do 42º Congresso do ANDES-SN, que determinou ao GTPFS a realização deste módulo de formação política.

Entre as atividades realizadas, houve uma oficina dedicada ao compartilhamento de experiências e à formulação de ações práticas para fortalecer a criação de comissões da verdade e a retirada de homenagens a apoiadores do regime militar em universidades e institutos federais.

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Mónica Vermes, docente da base da Adufes, participou do seminário e lembrou que ele ocorreu, muito oportunamente, na semana em que vieram a público informações sobre o golpe planejado em 2022 para impedir a posse do então presidente eleito Lula.

“Precisamos estar permanentemente vigilantes. Das excelentes mesas participaram representantes das comissões da verdade de vários países do cone sul e pesquisadores que nos permitiram acompanhar os avanços nas pesquisas e nos entendimentos sobre o ciclo de ditaduras em nosso continente. Três pontos merecem destaque: a consolidação da compreensão de que se tratou de ditadura militar-empresarial, a decepção com os governos progressistas quanto a atitudes mais firmes com relação à justiça e reparação e a não excepcionalidade da violência, que continua sendo perpetrada contra grupos mantidos à margem”, salientou a professora.

A docente da base da Adufes Priscila Chaves também esteve no evento e destacou que a atividade foi fundamental para a formação política. “Foi apontada a necessidade de fortalecermos tanto as comissões da verdade nas diferentes instituições quanto a atuação de sindicatos classistas no combate à violência do Estado, que se modifica em parte com o fim do regime ditatorial. Nas muitas faces e dimensões que o autoritarismo se apresenta na nossa sociabilidade e mina nossas condições de luta, a desmilitarização da polícia e das instituições escolares é cada vez mais urgente”, disse.

Homenagem

A cerimônia de encerramento do seminário contou com uma homenagem ao historiador e pesquisador Enrique Serra Padrós, falecido em 2021, aos 61 anos. Padrós, docente do Departamento de História e do Programa de Pós-graduação em História (PPG-História) da UFRGS, foi reconhecido por sua dedicação à denúncia das violações de direitos humanos, especialmente no contexto das ditaduras militares na América Latina. Seu trabalho acadêmico e militante, que inclui pesquisas, artigos e publicações, segue influenciando estudantes e pesquisadores.

Ditadura

Há 60 anos, iniciava-se um longo período de violência e opressão no Brasil. Entre os dias 31 de março e 1º de abril, depois de longa preparação e com forte apoio empresarial, os militares tomaram o poder em um golpe que instituiu o terror de Estado e promoveu mudanças profundas na dinâmica do capitalismo brasileiro, ampliando a concentração, a desigualdade e a exploração, bem como a subordinação externa.

O Relatório da Comissão Nacional da Verdade registra 434 vítimas da ditadura empresarial-militar, entre mortos e desaparecidos, além de 8.350 indígenas e pelo menos 1.654 camponeses assassinados. Segundo o relatório da Comissão da Verdade do ANDES-SN, publicado em 2020, 106 estudantes universitários, 12 docentes e 1 técnico administrativo também foram vítimas. No entanto, acredita-se que esses números possam ser maiores, devido à dificuldade em resgatar a memória completa do período.

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