Expressões da cultura capixaba brilharam durante o 43º Congresso do Andes

 

O 43º Congresso do Andes-SN, que aconteceu em Vitória entre 27 e 31 de janeiro, já deixou saudades e um dos grandes motivos foi a programação de atividades culturais, que valorizou diversas expressões da cultura capixaba e seus movimentos de luta durante os dias do evento.

Logo na abertura do congresso, o coletivo cultural UfeSLam mostrou a potência da juventude negra. O projeto de extensão da UFES promove competição de poesia falada e aborda temas ligados às vivências e dificuldades enfrentadas na sociedade e no ambiente acadêmico, incluindo luta de classe e enfrentamento de preconceitos e opressões. 

Diante do teatro lotado, eles soltaram a voz numa interpretação contundente e cheia de atitude. “Hoje não vou aturar suas piadas, sua cara amarrada, não vou mudar de calçada só pra você se sentir seguro. Não! Eu me recuso a alisar o meu cabelo e performar uma negra calma, comportada e linguajar domesticado. Hoje eu só vou falar com quem tem fome, nem sei falar esse maldito sobrenome”, bradava o trio de jovens, sob o olhar de uma plateia atenta, que ovacionou o grupo ao final da sua apresentação.

Na quarta-feira, 29, foi a vez da cantora travesti Ury Vieira que, acompanhada de Lets Chaves no violão, fez interpretações viscerais de artistas potentes como Elza Soares e Alcione. “Hoje, 29 de janeiro, Dia da Visibilidade Trans, tive a oportunidade de junto ao meu grande amigo Lets Chaves poder levar um pouco da nossa arte e da nossa existência para dentro da Academia. Obrigada Adufes e Andes pelo convite e pela confiança para fazer parte desse momento”, escreveu Ury em suas redes sociais no dia de sua apresentação.

Também na quarta, mas durante a noite, no Brizz, aconteceu a atividade cultural oferecida pela Adufes para os participantes do evento. O público prestigiou a apresentação de artistas de carreiras consolidadas no Estado, e que também são ex-alunos da Ufes. O quarteto foi formado por André Prando, Julia Nali, Novelo e Zé Tom, além do DJ Renato Lima. 

De volta ao Teatro da Ufes, na quinta-feira, 30, outra apresentação de impacto foi a do Afro Kizomba, primeiro bloco afro do Carnaval de Rua de Vitória, que teve como um de seus fundadores o militante histórico dos Direitos Humanos no Espírito Santo, Lula Rocha, em 2018, no Museu Capixaba do Negro – MUCANE. 

No mesmo dia, outra referência da cultura capixaba subiu ao palco. Foi a Banda de Congo Raízes da Barra, criada em 2018 por netos e bisnetos de mestres do congo da Barra do Jucu, em Vila Velha, local expoente da cultura do congo com tradição desde os anos 50. Com seus tambores e casacas, o grupo mostrou a tradição do congo, patrimônio imaterial capixaba.

Já na sexta-feira, 31, último dia do evento, foi a vez da cantora russa Ekaterina Bessmertnova, que abraçou a música brasileira. Ela se apresentou com seu companheiro, Léo de Paula, com atuação que emocionou grande parte do público. O encerramento das atrações culturais ficou a cargo da Bateria Ritmo Forte, da Unidos da Piedade, que levantou o público presente com sambas consagrados em todo País. A Piedade foi a primeira agremiação do carnaval capixaba, com 70 anos de tradição, e já se consagrou 14 vezes campeã do carnaval do Estado.

Adufes