A Adufes lamenta profundamente que a América Latina tenha perdido nesta terça-feira, 13 de maio, um dos líderes de esquerda mais importantes da história: José “Pepe” Mujica. De origem popular, Mujica foi lutador incansável contra a ditadura no Uruguai, tendo sido preso, torturado, e perseguido.
Mujica nasceu em Montevidéu, capital do Uruguai, em 20 de maio de 1935, e estava prestes a completar 90 anos. Ele foi o 40º presidente de seu país, entre 2010 e 2015. Neste período, reduziu a pobreza de 37% para 11% e aumentou em 250% o valor do salário mínimo.
Mujica terminou seu governo com 65% de aprovação da população e promoveu avanços progressistas como a liberação da maconha para uso pessoal e a legalização do aborto, em 2012, assim como a regulamentação do casamento entre pessoas homossexuais, em 2013.
Na educação, tentou fazer o que poucos tentaram: democratizar verdadeiramente as estruturas, descentralizando o poder e propondo mais participação popular. Sua proposta não teve apoio na época e ele admitiu que nessa batalha havia sido derrotado. Contudo, continuou a pensar da mesma forma, defendendo que a educação é uma questão do povo e não apenas de educadores, visão que continua a inspirar quem acredita que outro modelo de escola, universidade e sociedade é possível.
Em sua última grande entrevista, concedida ao The New York Times, em agosto de 2024, Mujica reforçou uma de suas principais convicções: “a humanidade precisa trabalhar menos, ter mais tempo livre e ser mais pé no chão”, afirmou. Para ele, o futuro depende de desacelerar. Ele já havia dito que “não há liberdade sem tempo para viver”, em coerência com sua trajetória crítica ao consumismo, ao lucro e à produtividade a qualquer custo. No Brasil, a campanha pelo fim da escala 6×1 dialoga diretamente com a visão de Pepe, pois o seu mote defende que ninguém é livre se a vida se resume a trabalhar seis dias para, quem sabe, ter um para si.
Que a memória de José “Pepe” Mujica nos sirva de farol na direção da construção de um mundo justo e solidário.
Fontes: The New York Times, Exame, Veja, e InfoMoney.
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