Gestão “Autonomia & Afirmação” assumiu o mandato complementar para o Biênio 2021-2023 nessa quinta-feira, 7
A Adufes tem uma nova gestão! A nova diretoria da Adufes e o Conselho de Representantes tomaram posse nessa quinta-feira, 7, em uma solenidade marcante, que contou com a presença da base, personalidades e entidades. A diretoria “Autonomia & Afirmação”, que tem à frente a professora Junia Zaidan, foi empossada para o mandato complementar para o Biênio 2021-2023.
A diretoria e o conselho de representantes foram eleitos pela base em março. Para a direção, duas chapas estavam na disputa. O evento de posse ocorreu na sede do sindicato, em Goiabeiras, Vitória, e teve uma recepção para as convidadas e convidados após a posse, com apresentação musical da banda Samba de Preta.
Desafios
A nova diretoria inicia o mandato em um contexto de crise para a Universidade, para a Educação, para a Saúde, para as políticas públicas e para os serviços públicos em geral, com os desmontes e ataques aos direitos da população.
Em seu discurso de posse, a agora presidenta da Adufes, Junia Zaidan, ressaltou que nenhuma vitória para a classe trabalhadora foi conquistada sem sindicato, sem mobilização e sem luta. Também pontuou a unidade de ação com outros agentes políticos e entidades, destacando as lutas gerais e específicas que serão realizadas pela gestão.
“Nenhuma vitória para a classe trabalhadora jamais foi obtida sem a atuação do sindicato. E as nossas vivências cotidianas gritam cada vez mais alto em nossos ouvidos, ‘temos sim, diante de nós, as vias jurídicas para lutar; temos sim, diante de nós, a via parlamentar, temos também, claro, a articulação dialógica com a institucionalidade, vias das quais temos lançado mão. Mas, jamais podemos depositar nessas vias a nossa esperança, e sim afirmar as ruas, a mobilização das trabalhadoras e trabalhadores, e sempre que necessário, a interrupção do trabalho, que historicamente, nos legaram os avanços e conquistas de que hoje nós usufruímos”, destacou a presidenta da Adufes, Junia Zaidan.
A professora também apresentou a visão de sindicalismo da gestão Autonomia e AfirmAção, que dá centralidade ao eixo capital-trabalho e à luta unificada com as demais categorias. “Sim, encaramos a vida sindical dando centralidade à relação capital-trabalho e, a partir desse eixo, definindo nossas estratégias e táticas, e é nossa inscrição na sociedade, com movimentos populares, com sindicatos de outras categorias, com as centrais sindicais, as associações e demais organizações da sociedade civil que confere todo sentido ao nosso trabalho”, ressaltou.
Lutas
“Não nos iludamos que seja suficiente derrubar Bolsonaro nas ruas e nas urnas”, afirmou a presidente empossada, apontando as tarefas que também devem ser feitas, como os enfrentamentos pelo arquivamento da PEC 32/2020, que acaba com o serviço público brasileiro, pela revogação das reformas trabalhista e previdenciária e também pela revogação da Emenda Constitucional 95, que instituiu o teto dos gastos. Junia ressaltou também o compromisso com o diálogo com a Reitoria, o Sintufes e o DCE.
“O diálogo que a gestão que se encerra e da gestão que se inicia têm buscado e continuará buscando incessantemente com a reitoria, com o Sintufes, com o DCE, será fundamental para avançarmos na construção de uma universidade para a classe trabalhadora”, frisou.
Precarização
Sobre o trabalho das/os docentes na Instituição de ensino, no discurso de posse, Junia reforçou a atenção da gestão à precarização do trabalho. “Dentro da Ufes, a nossa atenção tem sido, e precisa se confirmar, no modo como as novas morfologias do trabalho, do teletrabalho, ampliam a precarização, ainda que estejamos retornando ao presencial”, disse.
Quanto aos enfrentamentos específicos a serem feitos pela categoria, a docente pontuou a luta nacional pela valorização do salário, que, em decorrência da desestruturação da carreira, chega a 50% de defasagem, e também pontuou a luta pela reposição salarial de 19,99%, pauta da greve que tem sido construída pelo conjunto do serviço público federal. “Além dessas lutas específicas para a categoria, reafirmamos o nosso compromisso com a autonomia universitária, a ser perseguida em todos os seus processos, incluindo a escolha dos gestores eleitos pela comunidade. Trazemos em nossas mãos o trabalho realizado desde 2019 junto da Gestão Propositiva e Plural, trabalho que nos dispomos a honrar”.
Além da presidenta, Junia Zaidan, a direção da nova gestão da Adufes é composta pelos seguintes nomes: Jacyara Paiva (CE), como vice-presidenta; Aline Bregonci (CCAE), como secretária geral; Ana Cláudia Meira (CCAE), como primeira secretária; Edson Cardoso, como tesoureiro geral; Alexandre Cunha (CCS), como primeiro tesoureiro; Luciano Vidon (CCHN), como primeiro suplente; Ana Heckert (CCHN), como segunda suplente; Rafael Teixeira (CCJE), como terceiro suplente e Luciana Soares (Criarte) como quarta suplente.
Conselho de representantes
Na noite dessa quinta-feira, também tomaram posse as/os integrantes do Conselho de Representantes. Elas/es cumprirão o mesmo tempo de mandato da direção da Adufes e têm uma função autônoma em relação ao sindicato. O grupo reúne professoras/es de todos os Centros da Ufes, que articulam as demandas das/os docentes dessas unidades com a diretoria da Adufes.
A agora conselheira, Priscila Monteiro Chaves, do Centro de Educação, destacou que está muito satisfeita com o resultado das urnas e com a garantia de que a direção continuará atuando de forma autônoma dos partidos políticos e da Reitoria.
“Os representantes são autônomos, ainda que a gente comungue de muitos objetivos em comum, e considerando que o campo da Educação tem sido muito atacado, tanto na educação básica quanto no ensino superior, nós, nos nossos centros reunimos diferentes pautas, diferentes reivindicações e, ocupar essa cadeira, esse espaço, para mim é uma grande responsabilidade. Espero conseguir conversar com os meus colegas, espero conseguir fazer essa articulação entre as demandas dos meus colegas com a direção que toma posse”, disse Priscila.
Clique aqui e confira a lista com os nomes das/os eleitas/os para o Conselho de Representantes.
Entrega da gestão
A presidenta da Gestão Propositiva e Plural, Ana Carolina Galvão, que encerrou o mandato nessa quinta-feira, 7, destacou, em seu discurso, as lutas realizadas pelo sindicato, seja no plano macro ou de demandas específicas da categoria. Ela também fez menção à pandemia de Covid-19, que trouxe desafios diários para a gestão, mas que foram enfrentados. Ela pediu um minuto de silêncio em homenagem às vítimas.
Ana também pontuou que os princípios do programa da gestão foram seguidos e ressaltou como pontos principais a autonomia, a transparência e as respostas aos desafios políticos do presente, bem como a recuperação da relação do sindicato com a base. Ela frisou ainda que o diálogo foi presente na gestão.
“A finalização deste mandato nos traz a alegria e satisfação de ter feito, compartilhadamente, a melhor gestão que pudemos”, frisou Ana.
Homenagem
Durante a cerimônia de posse, a Adufes também prestou homenagem à reitora eleita em 2019, mas não empossada por Bolsonaro, Ethel Maciel. Ela recebeu uma menção e ganhou uma bandeira do Andes, cuja cor lilás alude à luta das mulheres.
A professora Ethel, que faz parte da base da Adufes, ressaltou a importância do sindicato para a defesa das pautas das professoras e professores. “Que essa gestão continue as pautas de luta, que foram tão marcantes na gestão passada e que continue a colocar essas pautas importantes para os docentes, para a comunidade universitária, principalmente em relação ao fortalecimento da democracia e da autonomia da universidade, que foram tão atacados nesse governo”, disse Ethel.
A luta é coletiva
Entidades e personalidades marcaram presença na cerimônia de posse da nova diretoria da Adufes, como o vice-reitor Roney Pignaton, diretores de centro, como Edinete Maria Rosa (Centro de Ciências Humanas e Naturais), Etereldes Gonçalves (Centro de Ciências Exatas), Lorenzo Ruschi (Centro Tecnológico). Também participaram o membro da direção nacional do ANDES-SN, Mário Mariano (de forma virtual), o senador Fabiano Contarato (Partido dos Trabalhadores, de forma virtual), a vereadora de Vitória Camila Valadão (PSOL), o padre Kelder Brandão, da Arquidiocese de Vitória, bem como representantes de outros sindicatos, partidos, movimentos e entidades, como Luar Santana de Paula (Sintufes), Filipe Fermino (central sindical CSP Conlutas), Maria Amélia Dalvi (PCB), Lara Gobira (PSTU), Edna Calabres (Fórum de Mulheres) Waleska Timóteo (Sindsmuvi) entre outros.
Entre os movimentos, o integrante da coordenação e direção do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Leomar Honorato Lirio, destacou que essa união das entidades é importante, que apesar das pautas específicas de cada segmento, há pontos em comum de luta, como a geração de emprego, renda e o acesso às políticas públicas. Lirio ressaltou a relação do MPA com a Adufes, como um espaço importante para a construção de alternativas e oportunidades para as famílias do campo.
“Para nós, movimento do campo, essa relação com a Adufes já é de um bom tempo, principalmente para marcar esse território, que é um espaço que geralmente os camponeses não estão presentes, que é a universidade. Então, quando a diretoria, a instituição abre esse diálogo, para nós é muito importante, de construir novas alternativas e oportunidades para que as famílias camponesas possam ter acesso a esse espaço, que é a educação superior”, disse.
Adufes