No dia 29, realizou uma discussão na sede do sindicato, com a participação de Eblin Farage e Hélvio Mariano, e há nova plenária agendada para 10 de outubro
Como parte das deliberações do 40º Congresso do Andes-SN, a Adufes realizou, no dia 29 de setembro, o debate “CSP-Conlutas: balanço dos últimos dez anos, sua relevância na luta de classes e a permanência ou desfiliação da Central”. A discussão ocorreu na sede do sindicato, em Goiabeiras, Vitória, e contou com a participação de Eblin Farage (UFF), ex-presidenta do Andes, e Hélvio Mariano, docente da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro).
A coordenadora do Grupo de Trabalho (GT) Política de Formação Sindical da Adufes Ana Carolina Galvão mediou a discussão, que também está disponível no canal do sindicato no YouTube. Confira abaixo:
Durante o debate, a professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) Eblin Farage posicionou-se favoravelmente à desfiliação, e abriu as discussões explicando o processo de filiação à Central, que ocorreu em 2011. O Andes, conta ela, à época, não estava filiado a nenhuma central sindical e também fez parte do processo de construção da CSP-Conlutas. A Central nasce como uma alternativa à Central Única dos Trabalhadores (CUT) – entidade à qual o Andes havia sido filiado.
“A CSP-Conlutas nasce como uma novidade. Um espaço que reúne movimentos sociais, populares, estudantis e sindicais. Então, estaria como o objeto do desejo, como o porvir que nós almejávamos na construção de uma outra referência de organização da classe. Na prática, as contradições falaram mais alto do que o porvir”, critica Eblin ao fazer a defesa da desfiliação.
A ex-presidenta do Andes destaca que durante a trajetória de construção desse porvir, de uma central sindical que pudesse reunir trabalhadores de diferentes ramos formais, informais, do campo e da cidade, movimentos sociais e sindical, houve problemas no processo. Ela elenca três pontos: ausência de democracia interna da central e de métodos pouco democráticos, a construção de um movimento artificial e a falta de autonomia em relação a partidos políticos.
Apesar dos apontamentos, Eblin defende que não é uma crítica à combatividade da central sindical. “Nós não questionamos a combatividade da CSP-Conlutas. Nós não questionamos a importante função e o papel que ela exerceu historicamente, desde quando o Andes perdeu o registro sindical no governo Lula até todas as manifestações que nós fizemos de enfrentamento a diferentes governos. Quem nunca deixou de estar nas ruas foi a CSP-Conlutas”, frisa Eblin.
Ela pontua também erros de análise de conjuntura da central, que, a seu ver, comprometem a ação, como a adesão ao “Fora Dilma”. Esses erros comprometem também a unidade com outros movimentos e segmentos da classe.
Do outro lado do debate, o professor Hélvio Mariano, da Universidade Estadual do Centro-Oeste, começou sua fala explicando que não é um processo fácil, que a discussão não é simples. Ele reforçou que não fala em nome da central. Sua posição, pela permanência, é de alguém que viveu parte da história da criação da CSP-Conlutas e da filiação do Sindicato Nacional à entidade.
O professor apontou o histórico da desfiliação do Andes da CUT. Ele conta que, após a central se aliar ao governo Lula e participar das reformas trabalhista/sindical e previdenciária, cria-se no Andes um movimento pela desfiliação, pois a análise era de que houve uma “traição” por parte da CUT.
“Saímos da CUT pela questão da traição, mas saímos da CUT sabendo que íamos construir a coordenação, não a Central (CSP-Conlutas), mas a coordenação”, destaca, reforçando a fala da professora Eblin de que o Andes participou da construção da CSP-Conlutas. Para Hélvio, “não existe CSP sem Andes e Andes sem CSP”.
A CSP-Conlutas tem um projeto político diferente de sindicato e essa construção coletiva contou com o apoio do Andes, observa Hélvio. Tanto que, conforme professor, a concepção sindical da CSP-Conlutas não está dissociada da concepção que o Andes tem, e que é difícil encontrar uma outra central com o mesmo alinhamento.
Sobre as discussões feitas dentro da central e as decisões da coordenação da entidade, como os posicionamentos políticos, Hélvio pontua que não são motivos para a saída. “Isso não é um motivo para que a gente saia de uma central que, pela primeira vez, se aproxima, da nossa concepção, do que nós construímos, que nós lutamos, e convencemos uma parcela da classe trabalhadora, mesmo que pequena e minoritária, que aquele era o caminho. Nós não entramos lá, nós criamos aquilo em conjunto e, de repente, a gente fala “não, agora não serve mais”, algo que nós investimos, nós criamos e que era a nossa concepção sindical, porque ela não difere da nossa concepção sindical”, pontua Hélvio sobre a relação entre o Andes e a CSP-Conlutas, reforçando que o momento de instabilidade política que vivemos é gravíssimo e que fortalecer a central sindical é fundamental neste momento. Para o docente, o Andes poderá rever sua decisão adiante, mas que, agora, considera temerária a saída.
Questões
Após as falas iniciais da professora e do professor, a diretoria da Adufes e a base docente fizeram questionamentos sobre as pressuposições equivocadas de que (1) a saída do Andes da CSP significaria automática adesão a outra central e (2) falar em CSP seria automaticamente falar sobre o partido político que tem espaço majoritário em sua composição; Também foram feitas perguntas sobre o que o momento político aponta como medida mais adequada para a organização da classe trabalhadora e sobre o impacto financeiro da filiação à CSP no orçamento do Andes. Eblin e Helvio responderam a essas e outras questões. Assista ao debate e confira as respostas e a discussão completa no YouTube!
A Adufes promoverá outro debate sobre a questão no dia 10 de outubro, às 18h, na sede do sindicato, e em breve divulgará uma edição especial do Fique por Dentro apresentando os argumentos contra e a favor da desfiliação. As discussões serão levadas ao Conad Extraordinário que será realizado em novembro e a decisão será tomada no Congresso do Andes, em 2023. Acompanhe o sindicato e saiba mais!
Fotos: Sérgio Cardoso.
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