Quem lucra com o adoecimento das/os trabalhadoras/es?

No Dia Mundial da Saúde (7 de abril) é importante refletir sobre os impactos que a saúde de docentes sofre com o trabalho a partir de uma perspectiva que entende a saúde como produção de vida e não como ausência de doença

Para que seja possível lutar pelo bem-estar das/os docente, é preciso ter a inequívoca noção que a saúde não se trata de ausência de doença.  Saúde precisa ser entendida como atividade/ ação. É o que defende o diretor da Adufes e professor da Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Ufes, Alexandre Cunha. O docente explica esta forma de entendimento sobre saúde ajuda na compreensão do adoecimento da categoria.

“Nesse sentido, as tarefas que o trabalho exige, quando executadas a partir de uma imposição vinda de superiores de maneira extremamente verticalizada, coloca o/a trabalhador/a apenas como alguém que executa o que outra pessoa pensou/imaginou. Trata-se, no geral, de um sistema que separa as ações de planejar, decidir, executar e avaliar entre várias pessoas. O trabalho é fragmentado em pequenas tarefas dissociadas, se tornando uma tarefa que nos torna tristes, cansados, sem motivação para que seja feito o que se exige”, disse.

Alexandre Cunha defende que, para mudar esse cenário, é necessário que o trabalho, de fato, seja um modo de produção compromissada com a vida das pessoas que trabalham e com o prazer delas e não um amontoado de tarefas criadas para suprir ou alimentar portais, que geram trabalho extra para as/os docentes, ao invés de integrar e automatizar processos.

“Esse prazer, de um modo simples, é a possibilidade de se ver no resultado do trabalho e de perceber que é importante na construção coletiva do trabalho. Trabalhar é fazer escolhas, apostas. Trabalhar é processo coletivo que enuncia conquistas, lutas culturais, técnicas, sociais e não essa burocracia que acaba com estas possibilidades, tornando-o apenas tarefas a serem repetidas”, defendeu.

SUS

Nessa perspectiva, a defesa do SUS é algo fundamental, uma vez que o avanço das terceirizações por meio de grupos empresariais que se apropriam do fundo público da saúde ampliam a lógica de enxergar a saúde como ausência de doença.

“Grupos privados da saúde, que lucram com procedimentos pautados na cura de doenças, estão cada vez mais presentes no sistema público de saúde, controlando as organizações contratadas quando os serviços de saúde são terceirizados. Essa lógica, limitada ao cuidado das doenças, sobrecarrega o sistema, gerando filas de espera que beneficiam os grupos privados”, alertou.

O diretor da Adufes reforça a importância de uma defesa forte e eficaz do SUS, para romper com a lógica que favorece o lucro. “Precisamos ampliar a noção de saúde para o exercício de autonomia e protagonismo das pessoas. O sistema de saúde precisa cuidar dos adoecimentos, mas também precisa funcionar para que tenhamos pessoas com prazer de trabalhar e viver”, concluiu.

Adufes