Nota do Comando de Greve Docente da Ufes sobre Assembleia de Estudantes da Ufes/Goiabeiras e rompimento de suas relações com a gestão do DCE/Ufes

O Comando de Greve Docente da Ufes vem a público expor suas razões para a impossibilidade de compor com a gestão “Abre Alas” do Diretório Central do Estudantes (DCE/Ufes), em razão das hostilizações, silenciamentos e posicionamentos políticos antidemocráticos e opressores que este grupo tem promovido. Esse comportamento é fomentado, principalmente, pelas articulações que a gestão do Diretório tem feito com as forças mais reacionárias da Universidade que atacam trabalhadoras e trabalhadores da educação.

Na noite de 2 de maio de 2024, ocorreu, no campus de Goiabeiras, em Vitória, uma assembleia de estudantes que tomaria decisão sobre a deflagração de greve no referido campus. Alguns fatos, mobilizados pelo DCE, impressionaram as representantes do Comando de Greve Docente que lá estavam presentes como observadoras:

  • A comemoração após a decisão pela não deflagração da greve, que se deu com o seguinte canto: “Pau no cu de toda gente/A engenharia é diferente/Povo unido e sem pudor/Quando o pau levanta/Todo mundo espanta/Só adversário dá valor/Pau no cu!”. Os estudantes que entoavam seu canto misógino foram mobilizados pelo próprio DCE e seu comportamento se soma a outros episódios ocorridos dentro da Ufes desde que a greve foi iniciada e que devem fazer acender um sinal de alerta, uma vez que parece prosperar dentro da Universidade a naturalização do uso de toda a sorte de opressões para o ataque a quem pensa diferente;
  • A hostilização pessoal de docentes e a interdição de direito de resposta quando a Adufes foi falsamente acusada de ter abandonado estudantes logo após o primeiro dia do movimento grevista;
  • A metodologia da assembleia. Entendemos a assembleia como um espaço democrático e formativo, que demanda tempo e escuta de interlocutores. O DCE permitiu apenas três falas de três minutos para cada uma das posições (favoráveis e contrárias à greve), em uma assembleia com aproximadamente duzentas e cinquenta pessoas presentes;
  • A indignação e desorientação gerada no corpo discente presente pela ausência de um posicionamento coerente e respeitoso do seu Diretório Central, que esperou a votação terminar para no final declarar seus votos e se colocar contrário à greve, confundindo estudantes que ali estavam, e em seguida, comemorando publicamente sua participação decisiva na derrota do movimento estudantil.

Assim, após décadas de luta unificada entre docentes e DCE, por uma Ufes pública, gratuita, diversa, socialmente referenciada, laica, inclusiva, com satisfatórias condições de trabalho, estudo, pesquisa e extensão, o DCE se posiciona contrário aos interesses da classe trabalhadora, favorecendo uma postura de defesa dogmática do Governo Federal, abandonando suas bases, fortalecendo posicionamentos misóginos e fascistizantes em espaços outrora democráticos e formativos, as assembleias, instância soberana de decisão em movimentos de luta popular.

A greve é legítima, seja entre docentes, TAEs ou estudantes e cresce a cada dia, alcançando neste momento mais de 50 instituições de ensino no país. Seguiremos em luta, ombro a ombro com a classe trabalhadora.

O movimento grevista da Ufes se mantém unificado entre docentes e estudantes da base, que deflagraram greve em seus Centros Acadêmicos e que efetivamente defendem e constroem a universidade pública para as classes subalternas de hoje e de amanhã.

Adufes