Reitoria cancela reunião do Cepe após orientar Comando Local de Greve a solicitar a suspensão do calendário acadêmico ao órgão colegiado superior decisório

Suspensão do calendário acadêmico reduzirá as possíveis práticas de assédio contra professoras/es e estudantes durante a greve

O Comando Local de Greve (CLG) Docente defende a suspensão do calendário acadêmico da Ufes por entender que essa é a melhor forma de resolver uma série de problemas que estão ocorrendo em razão de chefias que insistem em cobrar tarefas e prazos desrespeitando professoras/es que estão em greve.

Outra questão a ser resolvida diz respeito às/aos estudantes que hoje tem aula com alguns professores que furam a greve, e que posteriormente precisarão cursar outras disciplinas, das/os docentes que estão acompanhando a deliberação da categoria e estão com suas atividades paralisadas. Além disso, elas/eles podem perder atividades avaliativas e precisam ter a garantia do direito à avaliação e reposição de aulas, especialmente naqueles cursos que deliberaram por greve estudantil.

O cenário posto já é de comprometimento do calendário acadêmico, obrigando sua reformulação em algum momento. Na prática, o calendário já está suspenso, adiado e/ou alterado, e sua manutenção de maneira precária prejudica docentes e estudantes. Diante disso, o Comando Local de Greve Docente questiona por qual razão ele não é suspenso oficialmente.

No entanto, a decisão depende de uma deliberação do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe). Em reunião com o Comando Local de Greve Docente na última segunda-feira, 6 de maio, a Administração Central da Ufes orientou o movimento a encaminhar o pedido ao Cepe, o que prontamente foi feito (confira o Documento avulso n°: 23068.024477/2024-87). Entretanto, na quarta-feira, dia 8, a própria Reitoria suspendeu a reunião do Cepe que aconteceria na sexta-feira, 10 de maio.

“Mais uma vez a Reitoria falta com a palavra firmada com o Comando Local de Greve”, disse Ana Carolina Galvão, presidenta da Adufes e integrante do CLG. Isso porque o sistema de protocolo acusa que o documento foi recebido pela Secretaria de Órgãos Colegiados Superiores no dia 7 de maio, às 9h34, em tempo hábil para tomar conhecimento e manter a sessão do Cepe já prevista. Contudo, só foi despachado no dia 9, após o cancelamento da sessão.

“Nós estamos fazendo todos os esforços de diálogo com a Reitoria, mas a cada dia temos um acontecimento novo que vai na contramão de nossos pedidos e acordos”, ressaltou Ana. Ela lembra, ainda, que uma síntese das solicitações discutidas na última reunião, incluindo a suspensão do calendário, foi enviada na terça-feira, dia 7, ou seja, também antes do cancelamento da sessão do Cepe. “Tudo parece ser ignorado”, lamenta.

Assédio

Enquanto isso, professoras e professores em greve sofrem pressões de toda ordem. Há chefias convocando reuniões, pedindo relatório de atividades que não serão realizadas, listas de quem está em greve e quem não está, e outras práticas assediosas. Até mesmo a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG), por exemplo, pressiona professoras/es em greve para que apresentem avaliação dos relatórios parciais de Iniciação Científica (IC).

Com relação à IC, a Administração Central orientou, na mesma reunião de 6 de maio, que a prorrogação do prazo fosse solicitada diretamente à PRPPG. O pedido foi feito prontamente pela Adufes por ofício (confira o Processo digital n°: 23068.024796/2024-92), mas a PRPPG respondeu por e-mail que “essa demanda deve ser requerida diretamente à autoridade máxima da Ufes, no caso o Reitor, via Gabinete do Reitor”.

Já pelo sistema de protocolo, o documento teve algumas idas e vindas antes da resposta por e-mail, circulando de Pró-reitor para Diretor de Pesquisa e, finalmente, o envio ao Reitor. “Parece que os repasses de informações não estão sendo feitos e isso revela que a forma de organização da gestão da Ufes não está funcionando e atrasando o andamento das coisas. O prazo para entrega das avaliações dos relatórios é segunda-feira e até agora, não se tem orientação a respeito”, lastimou Ana Carolina.

Outras universidades suspenderam

Até o momento, seis universidades já suspenderam seus calendários e em nenhuma das delas houve suspensão de bolsas, auxílios e contratos. Trata-se de uma ação discricionária que beneficia estudantes que farão a reposição de todas as aulas de uma vez e terão direito garantido à avaliação. Além disso, a suspensão reduzirá a exposição da comunidade universitária a variados possíveis assédios, inclusive institucionais, que se proliferam em ambiente cujo clima é de constrangimento entre seus membros e de abuso por parte de chefias.

Adufes