Assembleia Geral: categoria participa de ampla análise de conjuntura da greve e aprova ações para negociações com o Governo Federal

Análise de conjuntura abordou três aspectos: “Por que não fizemos greve no Governo Bolsonaro?”; “A postura antissindical do Governo Lula”; e “A greve fortalece a extrema direita?”

A Adufes realizou nesta sexta-feira, 7, uma assembleia geral que fez a análise de conjuntura da greve e debateu ações pela reabertura das negociações com o Governo Federal. Além disso, a plenária aprovou a inclusão de outros dois pontos de pauta: aprovação de uma nota produzida pela diretoria da Adufes e pelo Comando Local de Greve (CLG) e a aprovação do painel pintado na área externa da sede da Adufes retratando o professor Cleber Maciel para que a obra não sofra nenhuma modificação sem que haja aprovação por uma outra assembleia da categoria. Tanto a nota, quanto o painel foram aprovados por unanimidade.

Quanto às ações para reabertura das negociações, a plenária aprovou, também por unanimidade, o seguinte:

  • Dar continuidade às ações parlamentares;
  • Dar continuidade aos atos nacionais e locais concomitantes com planejamento antecipado que permita o fortalecimento das caravanas;
  • Que as seções sindicais realizem panfletagens em terminais de ônibus e outros locais de grande circulação;
  • Realizar atividades com aposentadas/os nas Seções Sindicais;
  • Envolver outros sindicatos e movimentos sociais nas atividades de greve;
  • Organizar caravana da Adufes para ato no MGI para a próxima reunião que for agendada com o Governo Federal (após dia 14 de junho).

Conjuntura

Durante o encontro, a professora Mônica Lanes, integrante do CLG, fez um panorama sobre a conjuntura atual da greve docente e, na sequência, diversas/os docentes se inscreveram para falar e registrar seus posicionamentos. Mônica se debruçou sobre três pontos para realizar a sua análise: “Por que não fizemos greve no Governo Bolsonaro?”; “A postura antissindical do Governo Lula”; e “A greve fortalece a extrema direita?”.

Quanto à primeira questão, a professora, que é do Departamento de Serviço Social da Ufes, lembrou que havia um grande ato de rua nacional programado para 18/03/2020, durante o Governo Bolsonaro, que foi cancelado em razão da pandemia do Covid -19. A Educação já vinha fazendo grandes manifestações chamadas de “Tsunami da Educação” que tinham como alvo principal a rejeição às políticas bolsonaristas. Além disso, em 2015 houve uma greve com assinatura de acordo até 2019. Uma nova greve tendo como pauta questões salariais poderia ser considerada ilegal e logo após esse período a emergência sanitária mundial começou.

A postura antissindical do Governo Lula foi abordada a partir de fatos como a negativa da União de pautar até mesmo a recomposição do orçamento para a política de educação, assim como as recomposições salariais. Mesmo pontos que não dependem de orçamento não foram considerados. Mônica Lanes explicou que a estratégia, agora que a greve forçou algum avanço nas discussões, é não deixar parecer que eles são resultado do movimento, desvalorizando o principal instrumento de luta da classe trabalhadora.

“Quando foi a última vez que a Universidade parou para pensar de fato a Universidade, a educação e a nossa carreira? Quando foi a última vez que conhecemos tantos de nós fora de nosso cotidiano? Podemos dizer que sim, essa já é uma vitória de nossa greve. Eles querem negá-la e nós queremos afirmar que a greve ainda é instrumento de luta de nossa classe”, disse.

Acerca de um hipotético fortalecimento da extrema direita com a greve, a professora lembrou que a escalada da extrema direita no mundo não é uma questão conjuntural, mas um traço estrutural do capitalismo. Ela demonstrou em sua fala que o capital em crise é ainda mais agressivo e fará qualquer coisa para assegurar a manutenção das condições propícias para manter a acumulação.

“Ouso dizer que hoje uma das poucas forças (não a única) que estão em luta contra a ultra-direita no Brasil são as trabalhadoras e trabalhadores da Educação, aquelas e aqueles que estão em luta pela defesa da educação pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada, que estão em greve. ‘Mas a extrema direita está se aproveitando da situação!’ É claro que está! Não disse que eram honestos. É necessário relembrar e destacar com muita ênfase que as categorias profissionais que apoiaram o Governo protofascista de Jair Bolsonaro e que utilizaram de diversas estratégias golpistas e violentas para tentar assegurar a vitória do bolsonarismo não precisaram fazer greve, pois tiveram suas demandas atendidas ainda em 2023 e já receberão os aumentos salariais em 2024. Quem está fortalecendo a extrema direita?”, questionou.

 Discussão sobre a Carreira do Magistério Federal

Além disso, o professor Luiz Henrique Schuch, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e ex-presidente do Andes-SN, compôs a mesa e também contribuiu com as análises realizadas. Ele participou de dois eventos esta semana realizados na sede da Adufes, em Goiabeiras, e no campus de Alegre. O tema das atividades organizadas pelos Grupos de Trabalho Carreira e de Formação Sindical foi “Para entender a carreira docente: uma história de lutas”.

Luiz Henrique Schuch possui uma longa trajetória na política sindical. No Andes-SN, passou por diversas gestões, entre elas no biênio 1994-1996, como presidente, e entre 2010 e 2012, como 1º vice-presidente. Nesta gestão, participou ativamente da condução das lutas dos professores durante a greve nas instituições federais de 2012, considerada a mais longa da história. Schuch também foi vice-reitor da UFPel de 1988 a 1992 e coordenador do processo nacional de debate sobre a carreira do professor federal após 2010.

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