O ano de 2024 exigiu da categoria docente muita disposição e empenho para as lutas por condições de trabalho, carreira, salário.
Logo nos primeiros dias do ano tivemos que agir em relação à tentativa de exoneração de nossa companheira, Jacyara Paiva e assistimos um verdadeiro festival de pérolas institucionais, como o envio de comunicados à toda comunidade acadêmica (docentes, técnicas/os e estudantes) a respeito do caso da professora, algo inédito em situações de exoneração na Ufes. A tentativa de dar ares jurídicos a uma evidente perseguição política a uma dirigente sindical, mulher, negra, foi derrubada com a manifestação da Advocacia-Geral da União, que confirmou todos os argumentos que a Adufes e o Andes-SN apresentaram durante meses.
Nessa ocasião pudemos conhecer de mais de perto algumas pessoas que, seja por meio dos movimentos sociais, sindicais, partidos políticos ou grupos acadêmicos, de fato, assumem as lutas da classe trabalhadora e uma postura antirracista.
Sem trégua, seguimos o primeiro semestre com uma das maiores greves da história do movimento docente da educação federal e atravessamos 82 dias em luta na Ufes.
Tivemos assembleias semanais sempre cheias, aumento de filiações, dezenas de atividades de greve executadas. Com um encerramento melancólico, traduzido em um acordo rebaixadíssimo diante da intransigência do governo federal nas negociações, finalizamos a greve em 5 de julho, pudemos, mais uma vez, constatar as lutadoras e os lutadores que não se furtaram a estar ao nosso lado.
E assim iniciamos uma nova fase do ano de 2024.
A retomada das aulas foi marcada por uma série de “idas e vindas”, com decisões que buscaram dividir docentes entre grevistas e não grevistas e com isso também dividir estudantes, além de tentar colocar um segmento contra outro.
O fenômeno, que não é local, teve requintes de silenciamentos, manobras e evidenciou a nua e crua lógica neoliberal, da “farinha pouca, meu pirão primeiro”, ainda que ninguém vá recusar nenhuma das conquistas de greve em seus contracheques e carreiras.
Aliás, a carreira docente foi central no ano de 2024, com a realização de muitos debates durante a greve e depois dela, com a realização do 15° CONAD extraordinário. Professoras e professores do Brasil inteiro estiveram reunidos para debater os rumos do movimento docente em relação a um dos pilares de nossas lutas, que é muito mais do que a tabela com o valor das linhas do contracheque, mas a estrutura – esqueleto e musculatura – do trabalho docente. E nesse sentido, vale ressaltar que há muito o que fazer, diante do desmonte do serviço público, com a Reforma Administrativa avançando “pelas beiradas”, de forma fatiada, por exemplo, com a validação, pelo Supremo Tribunal Federal, do fim do Regime Jurídico Único (RJU), ao declarar constitucionalidade do trecho da Reforma Administrativa de 1998 que suprimiu a obrigatoriedade de RJU e planos de carreira para servidoras/es públicas/os. Com discurso de “modernização”, assim como fazia/faz Arthur Lira desde o governo Bolsonaro, este é um marco preocupante, pois representa ameaça à estabilidade, redução de direitos trabalhistas, desigualdade interna entre servidoras/es, riscos à aposentadoria e aos princípios de impessoalidade e moralidade no serviço público.
Em meio a tantos desafios, outro ineditismo que estamos vivenciando é a emissão, pela Ufes, de boletos dirigidos à Adufes por ações de greve. Infelizmente parece que temos sido a ponta de lança de vários ataques à categoria docente, como no já citado caso da professora Jacyara Paiva e agora, os boletos, cujo pagamento foi rejeitado por unanimidade em assembleia por ser um despropósito e grave ataque, além de outras particularidades, como o controle de ponto das docentes da carreira EBTT, sendo a Ufes uma das últimas instituições que insistem em exigir que as professoras sejam tratadas sem isonomia em relação ao Magistério Superior, o que se arrasta desde 2018.
Mas, se a luta precisa seguir, são os afetos, os encontros, os estudos e as partilhas que nos fortalecem coletivamente. Além das seis festas anuais, foram dezenas de atividades de Grupos de Trabalho, palestras, rodas de conversa, manifestações de rua, minicursos, encontros e atividades culturais. Estivemos presentes no Comando Nacional de Greve todas as semanas e também nas diversas atividades do Andes-SN realizadas em Brasília e em outras localidades durante o ano.
Além disso, a Adufes deu continuidade às Tendas Itinerantes, visitando cada um dos Centros de Ensino, buscando articular o Conselho de Representantes e a Diretoria com o conjunto da categoria.
E, para nosso orgulho e alegria, presenteamos a categoria com o espetáculo “Laila Garin canta Elis” no dia das professoras e dos professores, numa ocasião inesquecível em que celebramos nossa resistência com arte e bons encontros.
Que a Adufes siga como referência de sua atuação independente, autônoma e de luta!
Diretoria Adufes Atenta e Forte
Biênio 2023-2025
Adufes