Incêndio destrói parte do prédio da reitoria da UFRJ

Um incêndio destruiu parte do prédio da reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), localizado no Campus do Fundão, na capital fluminense. Segundo nota oficial da reitoria, nessa segunda (3), “por volta por volta das 21h30, foi identificado um princípio de incêndio na sala 827, pertencente à Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR-6). Infelizmente, o fogo se alastrou rapidamente e os servidores não puderam debelar o incêndio. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil foram imediatamente acionados e o combate ao incêndio seguiu até às 3h dessa terça-fiera (4/10). A perícia será feita pela Polícia Federal e pelos especialistas do Corpo de Bombeiros”.  

O incidente, que está sob investigação, agrava ainda mais a precária situação financeira e estrutural pela qual passa a universidade. A UFRJ, como as demais instituições federais de ensino, vem sofrendo repetidos cortes nos orçamentos de custeio e manutenção, intensificados desde 2014, com as medidas de ajuste fiscal. 

No final de 2015, o Conselho Universitário da UFRJ já havia se manifestado afirmando que a instituição não teria condições de continuar todas as suas atividades caso não houvesse uma suplementação orçamentária de R$ 140 milhões, justamente o valor que foi contingenciado pelo governo federal em 2015 por conta da política de ajuste fiscal e cortes orçamentários.

Recentemente, a universidade se pronunciou mais uma vez em relação ao contingenciamento de recursos, sinalizando a dificuldade em manter as atividades acadêmicas mediante nova redução no orçamento. De acordo com moção divulgada pela reitoria da UFRJ em 25 de agosto, a previsão orçamentária para 2017, apresentada ao Consuni, é da ordem de R$ 720 milhões. A estimativa incluiu despesas com obras inconclusas e novas edificações, contratação de serviços terceirizados, bolsas de assistência e acadêmicas, alimentação e mobilidade inter e intra campi, despesas com luz, água e telefonia, além da manutenção dos campi. 

No entanto, de acordo com o previsto no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para o próximo ano, não apenas o montante de 2016 deixou de ser corrigido pela inflação, como houve também uma redução de 20%, conformando um quadro extremamente grave para as instituições federais. “A exemplo das demais universidades federais, o montante destinado à UFRJ sofreu redução significativa, em especial na Matriz ANDIFES (18,74%) e no PNAES (3,15%). Os valores apresentados diminuem, estruturalmente, os recursos possíveis em comparação ao orçamento autorizado de 2016 e existe ainda o anunciado novo contingenciamento nos recursos de investimento na ordem de 45%”, denunciou a reitoria da UFRJ, em nota.

O ANDES-SN vem repetidamente denunciando os cortes no orçamento da educação federal e os impactos do ajuste fiscal na qualidade do ensino, pesquisa e extensão desenvolvidos nas IFE, bem como nas condições de trabalho dos docentes e técnico-administrativos e de acesso e permanência dos estudantes. Em 2015, os docentes federais protagonizaram a mais longa greve do Sindicato Nacional, que tinha como um dos pontos principais de pauta a luta por melhoria nas condições de trabalho e contra a redução nos recursos para a educação pública.