Vitória, capital do Espírito Santo, sediou o 43º Congresso do Andes-SN entre os dias 27 e 31 de janeiro e deixou sua marca na história de lutas da categoria docente no Brasil. Foram cinco dias de evento no campus da Ufes de Goiabeiras, com mais de 700 pessoas envolvidas de 89 seções sindicais de todo o País. Após intensos debates nos grupos mistos, foram deliberadas nas plenárias temas importantes como a criação de um protocolo para instituir normas e procedimentos de enfrentamento ao assédio e política de reparação de concursos para docentes negras e negros. Também houve aprovação do regimento do processo eleitoral e apresentação das chapas pré-candidatas à disputa pela Direção Nacional para o biênio 2025-2027.
Já na mesa de abertura, o evento marcou o tom de luta com participação de representantes de diversas entidades: Movimento Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Fórum de Mulheres do Espírito Santo (FOMES), Sindicato de Trabalhadores da Ufes (SINTUFES), Federação Nacional de Estudantes Técnicos (FENET), União Nacional de Estudantes (UNE), Movimento de Trabalhadores Sem Terra (MST), Comitê de Solidariedade à Palestina, União de Negros pela Igualdade do Estado do Espírito Santo (UNEGRO), Fórum Nacional de Mulheres Negras, Federação de Sindicatos de trabalhadores técnico-administrativos em educação das instituições de ensino superior públicas do Brasil (FASUBRA) e Movimento pela Soberania Popular na Mineração Brasileira (MAM). Todas/os tiveram momento de fala e destacaram a importância da união de esforços para prosseguimento das lutas progressistas.
As lutas fizeram parte da programação em todas as suas atividades. As atrações culturais que abriram cada trabalho, por exemplo, foram selecionadas pela organização do evento priorizando artistas locais com representatividade de movimentos e comunidades. Manifestações também marcaram o evento. Na quarta-feira, dia 29, professoras/es saíram pelo campus da Ufes em defesa da visibilidade trans, pelo fim do racismo e em favor da educação indígena. As pautas foram unificadas para a mobilização, que partiu da tenda do evento em frente ao Teatro Universitário e seguiu para o prédio da Administração Central da Ufes.
A Reitoria foi palco também de outra manifestação, desta vez na quinta-feira (30), quando as/os docentes se reuniram para o lançamento nacional da campanha “Lutar não é crime”, do Andes-SN, que se opõe a todo tipo de tentativa de criminalização das lutas legítimas da categoria, com destaque para a cobrança à Adufes, por parte da Administração Central da Ufes, de boletos por ações na greve de 2024. Sob gritos de “Não vamos pagar nada”, que marca a campanha local e a decisão em assembleia da Adufes pelo não pagamento dos boletos, as/os professoras/es ocuparam a Reitoria, que foi convidada a dar sua fala sobre o caso, mas as/os manifestantes foram informadas/os que a Administração Central estava em “horário de almoço”.
Plenárias
Com participação da delegação da Adufes, as plenárias seguiram durante os dias do 43º Congresso e importantes decisões para a categoria foram definidas. Em uma deliberação histórica, foi aprovada a criação de um protocolo para instituir normas e procedimentos no âmbito de uma política institucional de combate, prevenção, acolhimento, enfrentamento e apuração de assédio moral e sexual, racismo, LGBTfobia, gordofobia e qualquer discriminação nas universidades, IFs e Cefets. O documento define o que são e as situações que caracterizam essas violências e será incluído na pauta de reivindicações da categoria, nos setores das Federais e das Estaduais, Municipais e Distrital.
Entre outras ações aprovadas, está a definição de que o ANDES-SN irá fomentar iniciativas de mobilização de enfrentamento à extrema direita, ao golpismo e aos ataques às liberdades democráticas e aos direitos humanos e ainda atuar na construção da unidade na luta do movimento sindical, movimentos sociais e das juventudes na defesa de direitos sociais com perfil autônomo e independente do governo.
Foi referendada a deliberação do Conad Extraordinário da defesa do Piso Salarial Profissional Nacional para os Profissionais do Magistério Público da Educação Básica (Lei 11.738 de 2008) a ser adotado como referência do piso gerador da malha salarial, assumindo percentual igual ou superior a 50% de seu valor como piso gerador para 20 horas semanais.
Também foram deliberadas as regras do processo eleitoral com apresentação de quatro chapas como pré-candidatas para concorrer à Direção Nacional para o biênio 2025-2027. São elas: Chapa 1: ANDES pela base: diversidade e lutas! Tendo como componentes Cláudio Mendonça (APRUMA) – Presidente, Fernanda Vieira (ADUFRJ) – Secretária-Geral e Sérgio Barroso (ADUSB) – 1º Tesoureiro; Chapa 2: Renova ANDES, com Nicole Louise Pontes (ADUFERPE) – Presidenta, Edson Franco de Moraes (ADUFPB) – Secretário-Geral e Geverson Grzeszceszyn (ADUNICENTRO) – 1º Tesoureiro; Chapa 3: ANDES Classista e de Luta, com Gean Santana (ADUFS-BA) – Presidente, Welbson Madeira APRUMA – Secretário-Geral e Soraia de Carvalho (ADUFEPE) – 1ª Tesoureira; e Chapa 4: Oposição para renovar o ANDES-Sindicato Nacional, com Jailton Souza Lira (ADUFAL) – Presidente, Maria Carlotto (ADUFABC) – Secretária-Geral e Mariuza Guimarães (ADUFMS) – 1ª Tesoureira.
Diferenciais capixabas
Durante todos os dias do evento, mães, pais e responsáveis participantes contaram com Espaço Infantil para suas crianças enquanto discutiam sobre os rumos da categoria docente. Foram 13 crianças inscritas, que brincaram à vontade no espaço montado na sede da Adufes, que organizou as atividades, com direito a imersão na cultura capixaba e passeios. O projeto foi coordenado por Elis Beatriz de Lima Falcão e Lorrana Neves Nobre, trabalhadoras do Colégio de Aplicação Criarte da Ufes.
As/Os participantes do 43º Congresso do Andes-SN também receberam itens personalizados e artesanais, como a bolsa, uma pequena panela de barro, lápis-casaca talhado a mão e bombons produzidos na Ilha das Caieiras.
Avaliações
“Receber o 43º Congresso do Andes Sindicato Nacional depois de 40 anos em Vitória foi uma grande honra. Nós estamos trabalhando na organização desse congresso desde abril de 2024. Então é um longo tempo de organização que nos deu muito trabalho, mas também muito prazer, no sentido de saber da importância que esse evento tem para todo movimento docente, nacionalmente. Então, diante disso, a gente faz uma avaliação muito positiva de tudo que a gente pode organizar para que as discussões da categoria docente possam se espraiar ao longo de 2025 nas nossas lutas. E aproveito esse momento para agradecer imensamente às/aos monitoras/es e todas as equipes de trabalho envolvidas nas diversas tarefas do nosso Congresso. A gente não faz um evento como esse sem uma equipe entrosada e trabalhando bem”, destacou Ana Carolina Galvão, presidenta da Adufes.
Ao final do evento, a Adufes fez o recolhimento de papéis, lonas e tecidos utilizados em decorações, divulgações e materiais do Congresso e doou para a Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Vitória (Ascamare).
Clique aqui e confira a íntegra da Carta de Vitória, lida ao final do 43º Congresso.
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