A presidente Dilma Rousseff não mostrou disposição em dialogar com as reivindicações conjuntas apresentadas pelas oito centrais sindicais, em reunião convocada pelo Executivo na manhã desta quarta-feira (26), no Palácio do Planalto, em Brasília. As entidades apresentaram sete eixos (veja abaixo) que compõem a pauta do Dia Nacional de Luta, convocado para 11 de julho, pela CSP-Conlutas, CUT, UGT, Força Sindical, CGTB, CTB, CSB e NCST, com paralisações e manifestações em todo o país.
Segundo relato do membro da Executiva Nacional da CSP-Conlutas e diretor do ANDES-SN, Paulo Rizzo, a presidente Dilma Rousseff abriu a reunião fazendo uma análise de conjuntura das manifestações, as quais avalia como um processo positivo da democracia e consequência da inclusão social da população brasileira, desde o governo Lula e que hoje têm novos anseios e vai às ruas para exigi-los.
A presidente fez uma explicação dos cinco pactos do governo federal com governadores e prefeitos, expostos nesta semana, com ênfase no ajuste fiscal e pediu a colaboração das centrais na construção do plebiscito sobre a Reforma Política. Disse ainda que as reivindicações dos trabalhadores serão discutidas nas mesas de negociações específicas.
Um representante de cada central fez uma fala de cerca de três minutos e a reunião foi encerrada sem nenhum encaminhamento. Em sua intervenção, o coordenador da CSP-Conlutas, José Maria de Almeida, destacou que não haverá uma mudança concreta, que traga ganhos reais aos trabalhadores que estão nas ruas, caso o governo não faça uma alteração significativa no modelo de política econômica.
“Eu disse hoje à presidente da república aquilo que nós temos dito nas manifestações de rua: dentro desse modelo econômico que separa a metade do orçamento do país todo ano para banqueiros e grandes especuladores, nunca vai haver dinheiro para investir na educação e na saúde públicas, na moradia e no transporte. O Brasil tem recursos para resolver os problemas que atingem a vida do povo hoje, mas é preciso parar de dar esses recursos para os bancos e as grandes empresas e utilizar esses recursos para beneficiar a população”, contou Almeida.
Durante sua fala, ele destacou também a truculência das forças policiais, que vêm reprimindo com extrema violência, as manifestações nas ruas. “Ela pareceu ignorar essa realidade. E dei como exemplo o que vem acontecendo no Rio, São Paulo, Porto Alegre, Fortaleza e tantas outras cidades brasileiras. Belo Horizonte, por exemplo, está cercada pela PM”, enfatizou.
Para Paulo Rizzo se faz urgente cessar a entrega do patrimônio do país, para aplicação efetiva de recursos em políticas públicas. “É preciso acabar com os leilões das reservas de petróleo, com a desculpa de que parte dos recursos será usada para saúde e educação, e também reverter todo tipo privatização”, ressaltou.
Em relação às mobilizações, na avaliação de Zé Maria é preciso engrossar ainda mais as manifestações, porque até o momento o governo não fez nenhum movimento no sentido de atender a pauta real que está nas ruas, propondo apenas mudanças superficiais que não alteram o rumo das políticas públicas nem têm impacto real para a população.
“Se nós queremos de fato solução para os problemas que estão sendo colocados nas manifestações, e para a pauta que nós apresentamos aqui hoje, é muito importante fortalecer as paralisações e as greves que nós marcamos para o dia 11 de julho. O primeiro ponto do pacto proposto pela presidente da república, na frente de todos os governadores foi de estabilidade financeira, através de ajuste fiscal. Isso, neste país, significa menos verba para as políticas sociais e mais dinheiro para banco. Nós temos que inverter essa lógica da política econômica que se aplica no Brasil”, avaliou o coordenador da CSP-Conlutas, lembrando que desde abril, a entidade entregou uma pauta ao governo à qual não houve resposta até o momento.
Em relação ao Dia Unificado de Lutas convocado conjuntamente pelas oito centrais, o diretor do ANDES-SN, Paulo Rizzo, avalia extremamente importante o esforço das entidades em unificar a mobilização em torno dos eixos comuns e fortalecer a luta dos trabalhadores. Ele ressalta que não cabe às centrais se comprometerem com as inciativas do governo e apontou como problemática a manifestação de apoio do representante da CUT, durante a reunião, às recentes medidas apontadas pelo Executivo.
“Isso vai na contramão do que o povo está dizendo nas ruas. Precisamos centrar forças nos atos amanhã, 27, com vistas a ampliar a mobilização também com paralisações em 11 de julho”. O diretor do Sindicato Nacional atenta para o Dia Nacional de Luta dos Trabalhadores convocado para esta quinta-feira (27) pelas entidades que compõem o Espaço de Unidade de Ação, entre elas o ANDES-SN e a CSP-Conlutas.
Os eixos definidos pelas Centrais para compor o pleito unificado dos representantes das mais diversas categorias da classe trabalhadora são a redução das tarifas e melhoria da qualidade dos transportes públicos; o aumento nos investimentos da saúde pública; posição contrária ao Projeto de Lei 4330/2004, que trata sobre terceirização de mão de obra; pelo fim dos leilões de petróleo; pelo fim do fator previdenciário e valorização das aposentadorias; pela redução da jornada de trabalho; e a Reforma Agrária.
Confira aqui a carta entregue pela CSP-Conlutas à presidente da República, Dilma Rousseff.
Fonte: ANDES-SN