Thales Rodrigues, aluno do curso de Matemática Industrial, que no mês passado morou nas ruas do Centro de São Mateus, faz novo protesto. Desta vez, ele não está sozinho. Um acampamento com vários estudantes foi montado em frente à biblioteca do Ceunes. Os manifestes também reivindicam o aumento da bolsa estudantil. O acampamento foi montado hoje (21), pela manhã.
“Sou estudante de camada popular e não recebo nenhum tipo de ajuda dos meus pais. Para que seja garantida a permanência dos estudantes de baixa renda à universidade, é necessário que haja outros tipos de auxílios no Ceunes, como as bolsas de caráter administrativo (PAD) e outra, de acadêmico (PIB)”, disse Talles Rodrigues.
Thales relatou que ele recebe o auxílio estudantil da Ufes no valor de R$ 309 por mês, sendo R$ 200 para aluguel, R$ 50 de bolsa permanência e R$ 59 para transporte. O estudante chegou a morar em uma república por quatro meses, mas como não conseguiu pagar o aluguel, precisou morara nas ruas. Segundo ele, outros alunos também passam pela mesma dificuldade e chegam, inclusive, a trancar o curso.
Para a representante da Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (Anel) e estudante do curso de farmácia, Elina Santos, é preciso ouvir os estudantes sobre a ampliação dos Programas de Assistência Estudantil. “As políticas de assistência ganham caráter assistencialista, perdendo seu papel de dar subsídios para que os estudantes continuem estudando sem dificuldades, um direito constitucional. Lutamos pela construção de casas de estudantes e pelo reajuste dos valores das bolsas para um salário mínimo”, defendeu Eliana.
Barraca foi destruída pela guarda da Ufes. Na parte da tarde, Talles, um dos estudantes acampados, deixou a barraca que está montada em frente à biblioteca do Ceunes e foi para aula. Quando retornou, uma surpresa: seus objetos pessoas foram levados pela segurança patrimonial da Ufes. A barraca foi totalmente destruída. “Meu protesto é pacífico e quero respeito. Estamos aqui em favor da ampliação da Política de Assistência Estudantil, algo que já vem sendo feito em todo país. Isso não é crime”, desabafou o estudante.
Repressão policial. Por volta das 17 horas, a polícia federal revistou todos os estudantes acampados. Na ocasião, o professor do departamento de física do Ceunes, Raphael Goes Furtado, também foi abordado pela polícia.
“A luta por moradia estudantil é muito antiga e justa. Os alunos estão protestando de forma tranquila. Não é necessária a intervenção da polícia”, defendeu Raphael. De acordo com o docente, essa foi mais uma tentativa de desmobilizar o movimento dos estudantes, porém, ele avisa: “o grupo se mantém forte e promete passar a noite em frente à biblioteca”, destacou.
Os estudantes reivindicam ainda a abertura do restaurante universitário durante os finais de semana e feriados, auxilio emergencial, a criação de um centro de línguas e espaços de vivência comunitário no campus do norte do Estado.
Fonte: Adufes