Em meio à chuva que para o Rio e deixa população ilhada, dirigente da CSP-Conlutas critica privatizações e desvio de dinheiro para eventos como Copa e Olimpíadas
Os governantes gastam muito dinheiro público com grandes obras para os megaeventos, mas pouco ou nada investem para melhorar as condições da cidade para enfrentar as chuvas e evitar transtornos e situações de risco para a população.
Quem afirma é a CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular), por meio de um de seus coordenadores no Rio, Gualberto Tinoco, o Pitéu. “Gasta-se uma fortuna com grandes eventos e com qualquer chuva a cidade pára”, disse, por telefone, enquanto aguardava já há quase três horas, a liberação de uma alagada Rodovia Presidente Dutra, na altura de Jardim América, no Rio, para que o ônibus em que estava pudesse prosseguir viagem.
O dirigente sindical também criticou as privatizações promovidas pela presidenta Dilma Rousseff, que está ampliando a transferência de estradas para empresas privadas administrarem e instalarem pedágios. “O governo privatiza as rodovias e não garante as obras nas cidades”, disse.
Faz poucos dias, 16 pessoas morreram em decorrência das chuvas que caíram sobre Lajedinho, na Chapada da Diamantina, no interior da Bahia, região que sofria com a seca que atinge o Nordeste brasileiro.
R$ 8 bi com estádios
O dirigente da central fez críticas ainda ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, que também está privatizando parte da cidade, como as áreas da região portuária, que estão em obras. “Até a via expressa recém-criada [alagou] e parou tudo”, disse, referindo-se à via Binário, inaugurada há apenas dois meses e construída pelo consórcio privado que ganhou da Prefeitura o direito de explorar a área do Porto Maravilha. A uma rádio, o prefeito disse que só um ‘erro de engenharia’ poderia explicar o que aconteceu para a que a nova avenida, construída para substituir viaduto que está sendo demolido, alagasse.
A previsão do Ministério dos Esportes é de que somente com a construção ou reforma dos 12 estádios da Copa do Mundo da Fifa de 2014 sejam gastos R$ 8 bilhões, valor quase totalmente oriundo dos cofres públicos. As obras de reforma do Maracanã, preparado para ser o palco da final do torneio, já custam cerca de R$ 1,3 bilhão – dinheiro que saiu basicamente do BNDES e do governo estadual.
Por Helcio Duarte Filho é jornalista do SINDSPREV-RJ, da CSP-Conlutas/RJ
Fonte: CSP-Conlutas