Como diretoria de uma entidade que representa a categoria docente da Ufes e que ademais atua diretamente nas lutas pelo conjunto das/os trabalhadoras/es, manifestamos nossa posição a respeito do 2º turno das eleições municipais.
Entre as forças que estão no atual jogo político, há o iminente risco de alinhamento às práticas ultraliberais de um governo protofascista, que, há quase dois anos, atua como agente declaradamente defensor do grande empresariado e do mercado financeiro para depauperar a classe trabalhadora de todas as formas. A rapinagem da ultradireita ao apossar-se da máquina pública em nível federal encontrará terreno nos municípios, caso não atentemos para as condições concretas de vida de nosso povo como critério principal para definir aqueles que jamais poderão ocupar cargo executivo de tamanha importância.
Candidatos vinculados a um projeto societário tal como do governo Bolsonaro ampliarão e acelerarão a produção da violência em todas as esferas da vida social. Violência que decorre da desigualdade e do desamparo resultantes da atuação política daqueles que a promoveram ao votar a favor (1) da Emenda Constitucional 95, que congelou por 20 anos os investimentos em saúde e educação; (2) da Reforma Trabalhista, que desresponsabilizou os patrões e entregou trabalhadores de todo o Brasil à sua própria sorte; (3) da Reforma da Previdência, que assaltou os recursos acumulados por nosso povo ao longo de suas vidas de contribuição para o desenvolvimento do país; violência e desamparo que apoiam (4) o afrouxamento das leis ambientais para favorecimento do agronegócio; (5) os bancos e o mercado financeiro, em campanha ininterrupta, através de seus lobistas pela aprovação de dezenas de dispositivos legais de regulamentação do assalto aos cofres públicos, por meio do sistema da dívida pública, assalto este intensificado de forma aberrante durante a pandemia; (6) a investida contra o serviço público – para desassistir ainda mais a população que dele depende – através da Reforma Administrativa, desfigurando a natureza do Estado brasileiro, que, de um Estado de bem estar social constitucional, passará a ser, um Estado de bem estar empresarial.
Mencione-se, ainda, a conduta obscurantista e genocida de negação das contribuições da ciência para o bem comum, como se pôde notar, na atitude leviana daqueles que atenderam ao chamado do presidente Jair Messias Bolsonaro e invadiram hospitais, negligenciando a seriedade da crise sanitária que vivemos. Candidatos que se valem da intolerância fundamentalista disfarçada em vozes macias, para eliminar o outro, como faz a ministra Damares Alves, não estão à altura da gestão pública. Impõem à riquíssima diversidade brasileira o pensamento único, a fé de um único grupo, numa acintosa fusão da religião com o Estado, dos interesses familiares como o interesse público.
À sociedade capixaba compete, portanto, a firmeza para não abrir espaço para que haja ainda mais retrocessos em políticas sociais e em relação aos direitos humanos e civis, sobretudo dos grupos mais socialmente vulneráveis, como negros, mulheres, LGBTQIA+, além de sindicalistas, militantes dos movimentos populares, entre outros que, se já sofrem perseguição política de um governo inegavelmente vinculado a práticas milicianas, com Bolsonaro, poderão se tornar alvos ainda mais próximos numa eventual gestão ultradireitista de municípios.
Rechaçar o protofascismo e construir, junto das trabalhadoras e trabalhadores a ruptura necessária com o sistema apodrecido, rumo ao comum, requer pensarmos além das eleições, requer construção e compromisso cotidianos. Mas, por ora, nossa ação política imediata deve ser, objetivamente, a rejeição altiva e intransigente de quem tem se empenhado em nos destruir e o fará, se deixarmos.
Vitória – ES, 27 de novembro de 2020.
Diretoria da Adufes Seção Sindical do Andes-SN
Gestão Propositiva e Plural (biênio 2019-2021)