Numa assembleia lotada e bastante participativa, os professores da Ufes decidiram, por maioria, nesta sexta-feira, 06, não acatar ao indicativo nacional de greve previsto para este mês nas universidades federais do país. A plenária aconteceu na sede da Adufes, no campus de Goiabeiras/Ufes, em Vitória, e o resultado da votação será enviado para reunião do setor das Instituições Federais de Ensino (Ifes) que vai ocorrer neste sábado,07, em Brasília (DF), e que avaliará o retorno da rodada de assembleias realizadas nos estados.
Apesar dessa decisão, os professores não deixaram de expressar sua angústia diante do radicalismo do Governo Federal que não negocia com os trabalhadores da educação federal. Eles denunciaram as precárias condições de trabalho na Ufes com excesso de horas-aula, salas superlotadas, prédios sem infraestrutura, faltando laboratórios e necessitando de criação de espaço físico, pois houve a expansão do Reuni, mas sem os devidos investimentos.
Enrolação. Durante a plenária, que durou mais de duas horas e contou com a presença de vários estudantes, não faltaram críticas quanto à enrolação do governo em negociar a pauta de reivindicação docente. “O governo está absolutamente intransigente, mas considerando o cenário de Copa do Mundo e de eleições presidenciais, a categoria decidiu aguardar e persistir nas negociações”, diz o presidente da Adufes, Edson Cardoso.
Indicativo Nacional. A Assembleia realizada na Adufes seguiu proposição nacional de que nesta primeira semana de junho as universidades federais do país discutiriam o engajamento da categoria ao movimento paredista nacional onde Fasubra e Sinasef estão em greve há mais de dois meses. A decisão pelo indicativo saiu da última reunião do setor das Instituições Federais de Ensino, em Brasília, nos dias 24 de 25/05.
“A tática do governo tem sido a de empurrar com a barriga a negociação”, critica o diretor da Adufes, Raphael Goés Furtado, que participou da última reunião do setor das Ifes. Alegando motivo de viagem, lembra Raphael, o secretário de Educação Superior (Sesu) Paulo Speller cancelou a reunião de negociação do último 21/05 e que daria continuidade às discussões sobre a reestruturação da carreira e outras reivindicações.
“O Andes agendou a reunião com um mês de antecedência, no entanto o governo simplesmente nos ignorou. No dia seguinte, o governo se reuniu com a Proifes, uma federação governista que não representa a categoria, para discutir a carreira docente”, critica. Raphael lembra que, durante a greve de 2012, a federação pelega assinou um “acordo” que desestruturou ainda mais a carreira docente.
Greve de 2012. Em 2012, uma greve histórica dos professores tomou o país, com duração de mais de 100 dias e adesão de 58 das 59 universidades federais. Na época, o governo encerrou as negociações apresentando um Projeto de Lei problemático, que intensificou as distorções na carreira. A greve foi suspensa por tempo indeterminado, mas poderá voltar mais forte agora em 2014.
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Fonte: Adufes