A sessão de 11/9 da Assembleia Geral Permanente da Adusp, realizada no auditório Abrahão de Moraes do Instituto de Física, decidiu, por ampla maioria (com sete votos contrários e algumas abstenções), pela manutenção da greve, tendo em vista a luta para dobrar a intransigência e o capricho do reitor M.A. Zago e conquistar o abono de 28,6%.
Os docentes aprovaram, igualmente, indicativo ao Fórum das Seis de suspensão da greve a partir de 22/9, a depender da análise da reunião do Conselho Universitário (Co) de 16/9 e do que ocorrer no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-2) em 17/9. Nova sessão da AG ocorrerá em 18/9, às 10h30, em local a ser divulgado.
Inicialmente, o professor César Minto deu informe sobre a reunião realizada entre o Fórum das Seis e o Cruesp em 9/9. Explicou que a reivindicação do abono de 28,6% apresentada na reunião pelo Fórum das Seis (e baseada na proposta feita pelo TRT-2 à USP) pareceu desconcertar a bancada do Cruesp, tanto que o professor José Drugowich, chefe de gabinete de M.A. Zago, indagou: “Mas vocês mudaram a proposta?”.
Após argumentarem em defesa do abono, frente à resposta dos reitores de que o assunto fosse tratado separadamente por cada universidade, os representantes do Fórum das Seis propuseram a eles que fizessem um intervalo para se acertar internamente. “Isso é o que digo às minhas netas quando fazem algo errado”, reagiu a presidente do Cruesp, Marilza Rudge. O intervalo acabou ocorrendo, mas não mudou a posição dos reitores, o que gerou indignação na bancada do Fórum das Seis.
“Ficou claro para todo mundo que a intransigência do reitor da USP permaneceu”, relatou César, acrescentando que os reitores ficaram de dar resposta em 15/9 à proposta de que uma nova reunião de negociação fosse realizada em 17/9. Posteriormente, porém, a coordenação resolveu enviar ofício ao Cruesp propondo mudança na data da reunião para 18/9, em razão de que M.A. Zago, que novamente ausentou-se numa audiência pública da Comissão de Educação da Alesp em 10/9, comprometeu-se a comparecer em 17/9, data considerada impostergável pelo deputado Carlos Neder (PT), presidente daquela comissão.
“Depois nos reunimos e mantivemos o indicativo de greve”, disse o professor, referindo-se à coordenação do Fórum das Seis. Ele também explicou que o Cruesp, ao preparar documento no qual pede ao governo e à Alesp maior repasse de ICMS para as universidades estaduais, não se sensibilizou com a proposta do Fórum das Seis de aumento da verba vinculada para a educação em geral, de 30% para 33% do total da arrecadação de impostos do Estado, deixando-a de fora.
TRT critica USP. Magno de Carvalho, do Sintusp, explicou que após dar seu informe sobre a reunião realizada em 10/9 no TRT-2 teria de sair para uma nova rodada de negociação com a Reitoria, prevista para 16 horas.
A reunião no tribunal “começou com o desembargador fazendo elogios aos trabalhadores da USP, por haverem aprovado a proposta do TRT”, relatou Magno. Em seguida o desembargador perguntou aos representantes da USP o que eles teriam a dizer. A resposta foi que o reitor havia passado ao Co a atribuição de decidir sobre a questão do abono.
Neste momento, segundo o diretor do Sintusp, o desembargador fez duras críticas à Reitoria: disse que a USP estava protelando a decisão sobre a proposta do tribunal e avisou que a próxima reunião seria a última de conciliação. Depois, caso não haja acordo, haverá o julgamento do dissídio. Neste caso, uma vez que uma das partes (o Sintusp) aprovou a proposta do TRT-2, há altas chances de que o tribunal mande a USP pagar o abono.
Magno também informou que os servidores, que fizeram passeata no Butantã na manhã de 11/9, sabendo da presença do governador
Geraldo Alckmin (PSDB) no Hospital Panamericano, deslocaram-se até lá e conseguiram conversar com ele, questionando a desvinculação do HU. “Alckmin foi obrigado a responder, dizendo que essa história é coisa do Zago”, contou o dirigente do Sintusp.
Sobre a reposição, Magno informou que o reitor quer que sejam repostas todas as horas paradas, o que é inviável, e que o Sintusp não aceitará reposição punitiva: “Vamos fazer o trabalho acumulado, onde houver”.
Unidades. Houve informes da EACH, EE, FFLCH, IP, FZEA, FMVZ, FOB, IME, FSP e FE. Uma única assembleia setorial, a da FSP, aprovou proposta de suspensão do movimento, por 9 x 5.
A professora Malu Schmidt relatou a circulação de manifesto, no IP, que explicita divisão muito forte na unidade: “Pinçam alguns episódios, como os cadeiraços na FFLCH e FAU, para atacar colegas grevistas. Usam conceitos de maneira rasa e inconsequente. Nossa colega Emma [Otta] está pedindo que esse documento seja aprovado por nossa Congregação. Somos contrários”, explicou. Um dos signatários é o ex-reitor José Goldemberg, que recomendou em mensagem divulgada na lista: “Vocês deveriam ir à assembleia da Adusp e acabar com essa greve sem sentido”.
O professor Adrián Fanjul informou que esse mesmo manifesto foi postado no site da FFLCH como “documento do IP”, e acrescentou que entre seus signatários encontram-se pró-reitores e ex-pró-reitores assinam, bem como o ex-vice-diretor da EACH, Edson Leite, afastado em reunião aberta da Congregação. Ainda segundo o professor, o mesmo texto foi apresentado, em outro momento, como documento de apoio ao diretor da FFLCH, Sérgio Adorno; fato que Adrián qualificou como “chantagem”.
O IME, conforme relato do professor Daciberg Gonçalves, recomendou intensificar o corpo a corpo com os diretores de unidade e representantes de congregações, em vista da próxima reunião do Co que apreciará a questão do abono. A desvinculação do HRAC, lembrou ele, passou por apenas oito votos: precisava de 53 e obteve 61. Um abaixo-assinado interno contra a desvinculação do HU circulará na unidade.
A avaliação da FE, destacou a professora Kimi Tomizaki, é de que não é o momento de sair da greve. A setorial aprovou como propostas ato em frente ao Co e carta aos conselheiros e membros de congregações. “Na última reunião do Co os conselheiros sofreram assédio moral, receberam telefonemas do alto staff da Reitoria” para que não seguissem a orientação de suas respectivas congregações, denunciou ela. No entanto, lembrou, a posição do movimento de greve sempre foi a de manter-se aberto ao diálogo.
Kimi também chamou atenção para os trabalhos da Comissão Estadual da Verdade “Rubens Paiva”, da Alesp, que em 10 e 11/11 realizou audiências públicas sobre o legado da Ditadura Militar na USP.
O professor César Freitas, diretor regional da Adusp em Bauru, falou das dificuldades de mobilização do corpo docente existentes na FOB e explicou que a pretendida desvinculação do HRAC (conhecido como Centrinho) vem encontrando resistência na cidade, especialmente na Câmara Municipal, que voltará a tratar do tema em 15/9 e 16/9, com a presença do professor Francisco Miraglia, da Adusp.
Ele explicou que seis dos vereadores, de diferentes partidos, opõem-se publicamente à medida. César explicou que, ao contrário do alegado pela direção da FOB, a desvinculação não chegou a ser debatida na comunidade universitária: “Nunca houve nenhuma discussão. Não é verdade que houve votação dentro do Conselho Deliberativo do Centrinho. Ela [a diretora Maria Aparecida Machado] simplesmente informou o que ia ser feito, não houve discussão, não houve votação. O Co foi enganado”.
Desvinculação do HU. A professora Rosangela Sarteschi (FFLCH) informou, pela Comissão de Mobilização, que será realizado em 18/9 no anfiteatro da Geografia um debate sobre a desvinculação do HU, com a participação dos professores José Pinhata Otoch, diretor do HU, e Sebastião dos Santos (FMRP), autor do relatório que serviu de base à proposta da Reitoria. Ela também informou que a petição on line SOS USP conquistou mais de mil adesões em apenas dois dias.
Ainda sobre o HU, a professora Elisabetta Santoro (FFLCH) leu e comentou informação publicada na Folha de S. Paulo on line no mesmo dia, de que tanto o governador Alckmin quanto o secretário da Saúde, David Uip, descartam de modo veemente a incorporação do hospital pelo governo estadual.
O HU também foi tema de um informe do professor Ciro Correia, presidente da Adusp, que participou, no início da tarde, de um encontro no Palácio do Bandeirantes entre um grupo de pessoas diretamente envolvidas na questão — médicos do HU e da Faculdade de Medicina, sindicalistas, estudantes e representantes da população do Butantã — e o governador. Na reunião, Alckmin declarou que jamais foi procurado pela USP para tratar da desvinculação seja do HU, seja do HRAC. Confira aqui o relato detalhado da conversa.
Outras decisões. A sessão de 11/9 da AG decidiu ainda realizar manifestação em frente ao local que vier a sediar a reunião do Co em 16/9; enviar carta às congregações e aos membros do Co reafirmando que a definição sobre o abono é parte da negociação salarial da data-base, que deveria ter sido resolvida no âmbito do Cruesp, e que como isto não ocorreu, por insistência do reitor, cabe agora aos conselheiros contribuir para levar a bom termo uma negociação que há muito já deveria ter sido concluída; e participar de audiência pública da Comissão de Educação e Cultura da Alesp em 17/9, às 14h30, que deverá contar com a presença de M.A. Zago.
Fonte: Adusp