Conselho Universitário da USP aprova abono, Unesp e Unicamp caminham para o fim da negociação
Na tarde de terça-feira (16), os docentes e técnico-administrativos em educação da Universidade de São Paulo (USP) tiveram uma grande vitória após 113 dias de greve. O Conselho Universitário (CO) da instituição aprovou a concessão de abono de 28,6% às duas categorias, referente aos meses sem reajuste após a data-base. Os professores da USP, assim como das demais universidades estaduais paulistas, também conquistaram reajuste de 5,2% pago em duas parcelas.
O conselho derrubou por 64 votos a 33, com duas abstenções, o parecer contrário à concessão do abono apresentado na ocasião pela Comissão de Orçamento e Patrimônio (COP) e defendido pela reitoria. No início da reunião, a COP apresentou o documento, que prevê impacto financeiro da concessão do abono nas contas da USP da ordem de R$ 85,8 milhões, e recomendou aos membros do CO que não a aprovem.
Porém, muitos diretores de unidades pronunciaram-se em seguida em defesa da concessão do abono, que tanto a Unesp como a Unicamp já concederam para as respectivas categorias. O abono foi proposto pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) a partir de um processo movido pela própria reitoria da USP contra a greve, mas, ainda assim, sua aprovação foi dificultada pela administração da universidade.
Antes do início da reunião, professores, funcionários e estudantes compareceram a um ato realizado para pressionar os membros do CO a votarem favoravelmente ao abono. Inicialmente os manifestantes encontram os portões do prédio fechados e guardados por uma base móvel da Polícia Militar (PM). O acesso estava controlado pela segurança e só alguns conseguiam entrar.
Os presentes lembravam que vários diretores de unidade vinham criticando a realização de piquetes, durante a greve, com base no direito de ir e vir, mas que naquele momento esse direito estava sendo cerceado pela própria reitoria. Mesmo contra as ordens da PM, os manifestantes abriram o portão e entraram. Cantava-se: “Vota Co/mas vota com atenção!/Se não tiver abono/a greve não acaba, não!”.
“A luta está longe de se encerrar agora e nós precisamos manter a organização que conseguimos nesta greve para manter uma atuação conjunta em relação ás pautas da greve e não permitir que propostas como o Plano de Incentivo à Demissão Voluntária [PIDV], desvinculação dos hospitais, confisco de verbas das unidades, permaneçam”, disse Ciro Correia, presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp – Seção Sindical do ANDES-SN).
Outras vitórias
Os docentes da Unicamp, a partir dos resultados conquistados por sua mobilização, suspenderam sua greve há mais de um mês. O pagamento do reajuste de 5,2% em duas parcelas, somado ao do abono de 28,6% já foi acertado com a administração da universidade. Assim, uma assembleia na próxima semana pode deliberar pelo fim da greve docente na instituição campinense.
Já na Unesp, a reitoria também se comprometeu a pagar o reajuste de 5,2% e o abono de 28,6%. Segundo João Chaves, presidente da Associação dos Docentes da Unesp (Adunesp – Seção Sindical do ANDES-SN), os professores têm reunião marcada com a reitora da universidade para quinta-feira (18), na qual será debatida a questão. Os docentes da Unesp já avisaram à reitora que assim que o pagamento do abono for realizado o movimento grevista se encerrará.
O presidente da Adunesp também ressalta outras conquistas dos professores da Unesp durante a greve. Segundo ele, os docentes conquistaram o aumento do vale alimentação até o valor pago pela Unicamp – maior do estado. Também garantiram o início de um estudo sobre a implantação de vale refeição para a categoria. No entanto, ainda é preciso discutir o método de reposição de aulas. João Chaves aponta que os professores querem que o processo possibilite o ensino de todo o conteúdo previsto nas disciplinas antes da deflagração da greve.
*Com informações de Adusp-SSind, Adunicamp-SSind e Adunesp-SSind.