Precisamos conversar sobre como é engendrado o discurso do ódio. Precisamos conversar sobre como é tecido o ódio às escolas, seus profissionais e estudantes. Precisamos conversar sobre o lugar que a escola tem na vida de crianças e jovens. Nos últimos 4 anos os atentados às escolas aumentaram, temos o registro de cerca de 11 escolas atacadas no Brasil. O que vem lubrificando este ódio às escolas? Como os governos têm sido cúmplices ou omissos com relação ao que se passa nas redes sociais, nas ruas, etc? O jovem de Aracruz não parece ter matado e ferido várias docentes e estudantes porque tem problemas de saúde mental. Por favor, paremos de psiquiatrizar e psicologizar o que é tecido nas relações políticas e sociais em nosso país, no estado do Espírito Santo. A loucura é desde o século 18 e 19 tratada com violência, manicomializada, criminalizada. Para matar alguém é preciso na maior parte dos casos de arma. No Estado do ES que tem altíssimos casos de crimes contra as mulheres, altos índices de violência contra crianças e jovens negros e pobres, que as armas circulam no mercado, que réplicas de armas são apresentadas em atos políticos com presença de crianças e jovens, que vereadores apregoam ódio na porta das escolas e nas sessões legislativas, que policiais enaltecem ações violentas em suas redes sociais, vamos mesmo atribuir a violência nazi-fascista ocorrida em Aracruz a uma questão exclusiva do âmbito da saúde mental? Trabalhei por 37 anos com escolas, como psicóloga ou como professora da área da psicologia da educacao/psicologia escolar, formando uma infinidade de psicólogos e professores, é deste lugar que apresento estas questões. Triste e horrendo episódio e que precisa nos Ensinar muitas coisas.
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