Obra de construção do prédio da Ecologia tem recursos da Fundação Renova (Vale do Rio Doce) e gera impacto ambiental no campus de Goiabeiras.
A ação foi registrada em vídeo por um servidor da universidade e mostra a retirada de mais de 20 árvores, que ficavam no terreno ao lado do Observatório Astronômico. A gravação, que circula na internet desde junho, revela a substituição da vegetação por um canteiro de obras. Trata-se da construção do Laboratório de Ecologia, que faz parte do Departamento de Oceanografia e Ecologia (DOE), do Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN). Em ofício protocolado junto à reitoria, a Adufes e o Sintufes fazem uma lista de perguntas visando à apuração dos fatos.
O documento assinado pelas entidades enumera diversas irregularidades que fundamentam o pedido de apuração. A obra (em andamento) conta com recursos da Fundação Renova – empresa de direito privado -, criada pela Vale para gerir ações de reparação e indenizações das/os atingidas/os pelas/os rejeitos da barragem de Mariana (MG). A Renova fez acordo de cooperação junto à Rede Rio Doce Mar (RRDM), que disponibilizou recursos para reformas e adequações de prédios na Ufes.
De acordo com site da universidade, a RRDM foi criada com a finalidade de apoiar ações reparatórias relacionadas ao impacto causado na biodiversidade aquática e é formada por pesquisadores de 27 instituições de ensino, pesquisa e extensão do Brasil.
O servidor Marcio Malacarne, Coordenador do Gaturamo Observatório Astronômico (GAO) – que recebe anualmente a visita milhares de crianças, adolescentes e jovens da rede pública e privada de ensino -, denunciou a obra que impede o acesso à passagem para o Observatório. Ele destaca que a construção irá causar “poluição luminosa”, prejudicando o Observatório e deve ser embargada.
Sobre a situação, Malacarne recorreu por meio de ofício, ao Centro de Ciências Exatas (CCE) e ao Departamento de Física, responsáveis pelo GAO , em julho, pedindo intervenção junto ao caso. Em resposta à solicitação, o diretor do CCE, professor Eustáquio Vinícius Ribeiro de Castro, apenas deu ciência e orientou Marcio a fazer a queixa junto à Secretaria de Gestão.
Reitor. Em reunião entre a diretoria da Adufes e a Administração Central, no dia 12 de novembro, o corte das árvores próximas ao GAO foi objeto de questionamento feito pela Adufes. “A construção está de acordo com o Plano Diretor da Ufes. O que ainda não foi definido é como será feita a compensação ao meio ambiente”, respondeu o reitor Paulo Sérgio Vargas.
Segundo o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), impacto ambiental é “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população (…)”.
PDI. Para a diretora do Sintufes e representante dos técnicos-administrativos no Conselho Universitário, Luar Santana, a universidade precisa criar uma resolução específica de preservação e cuidados com o meio ambiente. “É importante uma política de procedimentos de corte e poda de árvores nos campi. O Conselho Universitário precisa atentar para esses aspectos”, diz, destacando a necessidade da preservação ambiental também constar no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI).
Segundo ela, são muitos os relatos de árvores cortadas e de maus-tratos de animais. Luar cita os caranguejos, que, no período de defeso – fase da reprodução da espécie -, saem do mangue e são atropelados. O mesmo ocorre com outras espécies, como macacos. O PDI, que tem por objetivo definir a visão de futuro e projetos estratégicos da universidade para os próximos cinco anos, está em discussão por meio de consulta eletrônica à comunidade acadêmica .
Fonte: Adufes