Apesar do Plano ter sido enviado ao gabinete no dia 12 de agosto, a Administração Central não discutiu o documento em reunião com o sindicato (19/8) pois a Reitoria informou ainda não ter lido o material.
O Plano Sanitário e Educacional é uma contribuição do sindicato ao debate, que visa antecipar e planejar as discussões sobre o avanço para a Fase 3 do Plano de Contingência da Ufes. Aprovada em Assembleia Geral, a proposta foi construída a partir do acúmulo de debates realizados nas reuniões setoriais, departamentais, indicações de documentos do Andes-SN e contou ainda com avaliação do Conselho de Representantes da Adufes.
Durante reunião, o sindicato também expôs à Administração Central informações sobre a pesquisa “trabalho/ensino remoto” realizada com as/os docentes da Ufes. O material mostrou que a categoria está exausta, trabalhando jornadas excessivas, utilizando medicamentos para conter sintomas de adoecimento físico e psicológico. Revelou ainda que a categoria considera o trabalho frustrante e que avalia não ter recebido formação adequada/suficiente.
“Os pontos destacados têm relação direta com a preparação do Plano Sanitário e Educacional, que precisa ser elaborado pela universidade”, disse, no encontro, Ana Carolina Galvão, presidenta da Adufes. , salientando ainda que as decisões não podem ser tratadas de forma fragmentada, ou seja, responsabilizando-se os centros, departamentos e colegiados. “Se cada local de trabalho precisa se organizar, primeiro é preciso ter os encaminhamentos e dados gerais, que a Administração Central não apresentou, uma política institucional que contemple a todos os centros e não amplie a desigualdade de condições entre eles”, frisou Ana.
“Diretrizes gerais de migração para a fase 3 do plano de contingência da UFES”. Na tarde de ontem, 26, essas diretrizes começaram a circular entre a comunidade universitária, ainda que a divulgação não tenha sido oficial, pelos endereços eletrônicos ou site da instituição.
Para Ana Carolina, “o documento é um passo importante, como ponto de partida do processo. Mas ainda tem muita coisa vaga e superficial, sem responsabilidades e compromissos definidos”. No “Relatório de Intervenções de Manutenção para o Combate à COVID”, constam os “principais grupos de ações”, resumidos a álcool gel, torneira, ventilação, marcação de piso e instalação de acrílicos. Ana Carolina argumenta que há muito mais a fazer. “É preciso um amplo e franco debate com a comunidade universitária sobre o avanço para a Fase 3. A discussão não pode ir ao Conselho Universitário sem que antes se esgotem todas as discussões e levantamentos necessários. Sem isso, o Conselho Universitário estará passando um cheque em branco para a modalidade híbrida”.
Resoluções 8/2020 e 22/2021 do Cepe. Em meio à reunião, a Adufes mais uma vez reivindicou o tratamento às demandas não respondidas pela Reitoria, a exemplo da Resolução nº 8/2020 – Cepe, que versa sobre o calendário acadêmico. As alterações na normativa podem, inclusive, sinalizar alterações no início do próximo semestre letivo previsto, inicialmente, para novembro.
O sindicato encaminhou à Reitoria, em maio deste ano, documento aprovado em Assembleia Geral, em que propõe modificações na resolução que trata do calendário. A categoria reivindica revisão dos intervalos de recesso de, no mínimo, 30 dias entre cada período letivo.
Outra resolução que a Adufes pediu que fosse discutida foi a nº 59/2020 (Cepe), agora já superada pela Resolução 22/2021. “Como até hoje não houve o encaminhamento ao Cepe, já aconteceu a alteração da resolução. Mas o conteúdo da solicitação permanece. Se as resoluções desse período de excepcionalidade são semestrais, então os encargos mínimos exigidos para aulas na graduação não podem ser compatíveis às exigências regulares, que não falam em carga horária semestral”, explicou Ana.
A professora Ana Claudia Meira (CCAE), que pertence ao Conselho de Representantes da Adufes lembrou à Reitoria que o planejamento para avanço de fase passa pelo desmembramento de disciplinas, mesmo as práticas e laboratoriais, para garantir as condições sanitárias. “Com quais e quantos docentes? A questão da carga horária docente não está sendo discutida e cabe a nós, como representantes dos docentes, no sindicato, reivindicar respostas a esse ponto”, ressaltou Ana Claudia.
Retorno híbrido em novembro. Outro diretor do sindicato que se manifestou sobre o ensino híbrido foi Edson Cardoso. Ele chamou a atenção para o contexto de pandemia em que no ES menos de 30% da população recebeu a 2º dose da vacina: “Não podemos discutir instalações e necessidades ‘pedagógicas’ – preocupação da reitoria com evasão, retenção etc. – sem considerar a movimentação da população. Estamos longe da imunização de 70-80% da população e já há no estado notificação da variante Delta”, salientou, preocupado com a falta de transparência nas decisões da Ufes e um possível retorno híbrido que poderá colocar em risco milhares de pessoas.
O Conselheiro da Adufes, professor Alexandre Cardoso da Cunha, demostrou muita preocupação com a possibilidade do retorno ainda que de forma híbrida no mês de novembro. “Estudos apontam que exatamente neste mês teremos o pico da variante Delta e um dos maiores riscos de transmissão é a utilização dos transportes públicos. E nossos estudantes, em sua absoluta maioria, transitam pela cidade de coletivo”, pontuou, angustiado com a possibilidade apresentada pela reitoria.
Sobre a definição de “ensino híbrido”, a Pró-reitora de Graduação, Claudia Gontijo, explicou que não se trata de retorno presencial. A secretária geral da Adufes, Junia Zaidan, que também participou da reunião, contestou. “O híbrido recebe esse nome justamente porque prevê o presencial e o remoto”. Junia também solicitou que a universidade divulgue, por meio de um boletim ou relatório, tanto as informações sobre as providências em curso e as estruturas em cada centro, quando o cronograma físico e sanitário das obras em andamento no Centro Tecnológico, Centro de Artes e Centro de Educação Física e Desportos. “Somente de posse de informações, que também devem incluir o percentual de imunização da comunidade, bem como dados referentes às questões pedagógicas, como evasão, reprovação, matrícula no Earte, pode a comunidade participar do debate e processo decisórios”, frisou Junia, salientando que, sem transparência, ficamos reféns de eventuais decisões de gabinete.
Criarte. A tesoureira geral da Adufes e professora do CEI Criarte, Fernanda Binatti questionou como a Ufes está pensando a escola de educação infantil da Ufes, uma vez que o CEI Criarte não consta no plano de contingência da universidade. O reitor disse não conhecer as especificidades da escola e a Pró-Reitora Josiana Binda ressaltou que o público do Centro de Educação Infantil, apesar de geralmente ser assintomático, é vetor de transmissão e por isso, objeto de preocupação. Ela também destacou que a Ufes tem buscado acompanhar as orientações do governo do estado quanto ao retorno presencial.
Na avaliação de Fernanda, há dois pontos a serem discutidos. O primeiro, é que não há informação sobre como ficam as questões práticas – de limpeza, EPIs e servidores com comorbidades. O segundo aspecto é que o funcionamento do CEI Criarte não é determinado pelo Estado ou pelos municípios. “Somos uma instituição de educação infantil federal, devemos ter deliberações próprias, garantidas pela autonomia da universidade e de nossas condições objetivas. As decisões que temos visto na educação básica são muito problemáticas, estão colocando as pessoas em risco e massacrando os trabalhadores da educação. Não é o que queremos dentro da Ufes”, disse Fernanda.
Pautas adiadas. Estavam em pauta vários assuntos, porém o tempo disponível não foi suficiente para debatê-las. Uma nova reunião foi agendada para dia 2 de setembro e a pauta já foi encaminhada.
Adufes