Ufes tem responsabilidade ético-política de reconhecer a complexidade do processo, e de entender que não vai conseguir avançar para construir o conjunto de ações que atendam à demanda comunitária enquanto continuar agindo de maneira verticalizada, com decisões de gabinete
A Adufes realizou uma Assembleia Geral com a categoria nesta quinta-feira, 13, na sua sede, no campus de Goiabeiras. As/Os participantes incluíram na pauta o ponto “ameaças e ataques extremistas e neonazistas às escolas e universidades”, o que foi amplamente debatido pelas/os docentes presentes.
A participação da categoria no debate foi grande, tanto presencialmente quanto online. Entre as/os que fizeram uso da palavra estava a professora Brunela Vincenzi, docente do Departamento de Filosofia que dava aula para a turma de Direito – da qual a vítima do ataque ocorrido na segunda-feira, 10, faz parte – no momento em que o fato aconteceu. Houve pânico e as/os estudantes deitaram no chão temendo serem eventualmente alvejados após a colega ter sido rendida e ter ouvido ameaças em um banheiro no CCJE.
Além dela, a mãe da estudante que foi rendida no banheiro, que também é professora da Ufes, falou durante a assembleia. A Adufes está dando apoio às pessoas impactadas diretamente pelo episódio.
A presidenta da Adufes, Junia Zaidan, destacou que o debate durante a Assembleia Geral foi um momento fecundo para recolher as percepções, aflições e demandas da comunidade docente diante do cenário aflitivo e da sensação generalizada de vulnerabilidade causada pela falta de acesso às informações e pela falta de participação da comunidade acadêmica nos processos de construção de uma abordagem de segurança que tenha uma concepção diferente da atual.
“A categoria docente já reivindica, por meio da Adufes, uma outra concepção de segurança e de saúde há vários anos. Como vamos lidar com os efeitos dessa violência que temos sofrido? Docentes, técnicas/os-administrativas/os e estudantes estão adoecendo. Há suicídios recorrentes. Não dá para lidar com as ameaças sem tratar da gestão universitária e da concepção de saúde. Há que se debaterem ações reativas, mas sobretudo formação e prevenção. E as ações reativas não são só protocolos de rotas de fuga e procedimentos em caso de ataques. Elas também precisam incluir os efeitos de tudo isso na saúde mental das pessoas”, defendeu.
Junia Zaidan frisou também que, em relação ao caso registrado na segunda-feira, 10, a Adufes está ciente de que o ocorrido está em processo de apuração, inconclusivo até o momento. “Sendo ou não um caso isolado, nós precisamos reconhecer que há uma onda de violência que é sistêmica. Os desdobramentos são sistêmicos. A Ufes tem uma responsabilidade ético-política de reconhecer a complexidade do processo, e de entender que não vai conseguir avançar para construir o conjunto de ações que atendam a demanda comunitária enquanto continuar agindo de maneira verticalizada, com decisões de gabinete”.
Audiência Pública
Por isso, a Adufes reivindica que a Administração Central da Ufes realize uma audiência pública com ampla participação da comunidade acadêmica, o instrumento que o Sindicato entende ser o mais adequado para construir uma resposta para as pessoas sobre o que está sendo feito e para encaminhar soluções mais efetivas coletivamente.
Na quarta-feira, 12, a Adufes protocolou, junto do Sintufes e do DCE, Ofício solicitando a realização dessa audiência pública. Até o momento, a Reitoria não respondeu ao pedido feito pelos sindicatos e o segmento estudantil, embora tenha listado a audiência como um dos encaminhamentos na matéria publicada em seu site para noticiar reunião fechada que realizou na quinta-feira, 13, com membros da Administração Central e diretores de centro, em que a Adufes esteve representada pela Secretária-geral, Aline Bregonci. Na ocasião, a diretora do Sindicato reafirmou a posição da entidade sobre a necessidade urgente da audiência pública.
Clique e confira o ofício que solicitou a audiência pública.
Clique e confira a matéria sobre o envio do ofício.
Aprovação
Durante a Assembleia Geral também foi aprovada a previsão orçamentária do Sindicato para 2023. Além disso, professoras/es apresentaram candidaturas para o Conselho Fiscal. São elas/es: Fabiana Gonring Xavier, Felipe Berbari Neto, Inês de Oliveira Ramos Martins, Leonardo Dutra, Rogério Zanon, e Maurice Barcellos da Costa. A eleição do Conselho será realizada na próxima assembleia e as inscrições de candidatos continuam abertas até lá.
As pautas “Luta contra o EaD em cursos presenciais” e “Cotas em concurso docente” serão apreciadas na próxima assembleia. Enquanto isso, as ações do Sindicato nessas duas frentes continuam em curso.
Adufes