Um mês do retorno presencial na Ufes: estrutura, ações sanitárias adequadas e política de permanência estudantil continuam insuficientes

Ações planejadas pela Administração Central para prevenção à Covid-19 aguardam implementação; equipamentos,  instalações e serviço de limpeza noturna requerem melhoria, em contexto marcado por reivindicações da comunidade acadêmica

Após um mês de retorno às atividades presencias na Ufes, o que foi uma alegria para toda a comunidade acadêmica, intensifica-se a necessidade de tratamento adequado das questões sanitárias e de infraestrutura geral para atendimento de seus estudantes e trabalhadoras/es e para desenvolver da melhor forma possível suas atividades.

O Programa MonitoraUfes, incluído no Plano de Biossegurança, que tinha como objetivo monitorar casos suspeitos de Covid-19 entre os membros da comunidade é muito limitado, pois se  resume ao mero preenchimento de um formulário no Google em que a pessoa espontaneamente registra sintomas, se quiser.

O Plano também previa a realização de uma campanha pela segurança sanitária, prevista no plano de biossegurança planejada pela própria Administração Central da Ufes. A Adufes solicitou informações sobre a campanha, em reunião com a Reitoria nesta quinta-feira, 19.  A Reitoria indicou que fará a campanha e o Sindicato continuará atento. Clique aqui e saiba mais sobre a reunião.

Outra medida que continua aguardando providências é o levantamento e divulgação da situação do esquema vacinal de sua comunidade, algo que causa preocupação diante da iminência de uma quarta onda. “A Universidade é um ambiente acadêmico, científico, e o principal centro de pesquisas do Estado, com importância nacional e internacional”, lembra Jacyara Paiva, vice-presidenta da Adufes, reforçando a necessidade de não haver descuido diante de um quadro pandêmico ainda em curso

Cautela

Além de não ter sido realizada nenhuma fiscalização do uso de máscaras nos campi da Universidade, o Comitê Operativo de Emergência (COE) recomendou flexibilizar o uso delas em locais fechados a partir de 16 de maio. Na reunião desta quinta, 19, a Adufes registrou preocupação, apresentando quatro pontos: o aumento de 57% no número de novos casos no estado, divulgado no dia 18 de maio na imprensa local; o apelo para a retomada do uso de máscaras após o aumento de casos de Covid-19 em instituições como UFRJ e a suspensão de aulas presenciais por surto do vírus na UFMG; as ondas de frio que já chegaram ao Estado com a proximidade do inverno, o que facilita a propagação da doença; e o fato de que é preciso evitar que as pessoas sejam contaminadas, mesmo que desenvolvam sintomas leves, pois a Covid-19 é uma doença nova e as sequelas no longo prazo começam a aparecer sem que haja muita informação sobre as consequências disso.

A Administração Central informou à Adufes que o acompanhamento do serviço de testagem tem revelado porcentagem que considera baixa no número de testes positivos para a doença. Segundo o reitor, professor Paulo Vargas, “desde o dia 9 de maio, em Goiabeiras, foram 14 casos positivos em 129 testes. Em São Mateus, foram três casos positivos em 103 testes”. A pró-reitora de Gestão de Pessoas, Josiana Binda, também registrou a baixa porcentagem de óbitos publicizada no último boletim do COE (edição n. 30).

Sindicato tem que defender trabalhador/a

Outra medida que causa preocupação ao Sindicato, que tem a responsabilidade de defender a saúde da categoria docente e também da comunidade acadêmica em geral, é a Instrução Normativa IN 36/2022/ME SGP/SEDGG/ME Nº 36, de 5 de maio de 2022, que estabelece o retorno de docentes com comorbidades.

A Reitoria registrou a compreensão de que a Ufes não tem mais amparo da Instrução Normativa IN 90 que respaldava a resolução da Universidade, havendo impossibilidade de manutenção do trabalho remoto para as pessoas com comorbidades após o final deste semestre.

Contudo, Ofício da Adufes encaminhado à Reitoria, anteriormente à reunião, cita parecer preliminar da assessoria jurídica sobre a matéria. “Entendemos que a Instrução Normativa 36/22 do Governo Federal, embora revogue a Instrução Normativa SGP/SEDGG/ME nº 90, de 28 de setembro de 2021, que relacionava os servidores que podiam permanecer trabalhando remotamente, não revoga automaticamente a aplicação da Resolução 31 do Conselho Universitário, até porque não poderia, remetendo à Instrução Normativa nº 65, de 30 de julho de 2020, que possibilita a continuidade do trabalho não presencial”.

Infraestrutura

Além dos problemas diretamente ligados à segurança sanitária, por conta da pandemia, e às dinâmicas de trabalho, há também questões de infraestrutura. Os centros de ensino enfrentam dificuldades estruturais para manutenção de sua atividades cotidianas com problemas nas instalações prediais, com equipamentos sofrendo avarias. Há, ainda, insuficiência na limpeza no turno noturno, uma vez que o serviço não está sendo realizada pela empresa terceirizada, como, por exemplo, relataram docentes do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE), na reunião setorial realizada pelo Conselho de Representantes no dia 12 de maio.

Outra questão estrutural que ganhou grande repercussão, inclusive fora da Universidade, é a precariedade do Restaurante Universitário (RU), que chegou a servir marmitas azedas e com larvas para as/os estudantes, prejudicando, em especial, os oriundos de famílias de baixa renda, que dependem das políticas de permanência para continuarem seus estudos. Em nota, a Adufes situou o problema no contexto do ataque aos serviços públicos por meio das terceirizações de vários setores da universidade, que escancaram suas faces mais crueis. Bolsas e auxílios têm valor insuficiente e a Ufes convive hoje, dentro de seus campi, com o problema da fome, da falta de moradia e de transporte, algo vergonhoso e entristecedor. Clique aqui e saiba mais sobre os problemas do RU.

Mobilização

O primeiro mês de retorno presencial também foi marcado por mobilização, como ocorreu no dia 28 de abril, em que foram realizadas atividades durante todo o dia nos campi de Goiabeiras e de Alegre. Clique aqui e saiba mais sobre o 28 de abril. O dia Nacional de Luta fez parte da construção da greve unificada do serviço público, que reivindica reajuste salarial, revogação da Emenda Constitucional 95, arquivamento da Reforma Administrativa e rechaço às intervenções de Bolsonaro nas instituições federais de ensino superior. Além disso, a categoria docente aprovou, em Assembleia Geral, no dia 20 de abril, e ratificou no dia 17 de maio, indicativo de greve sem data para deflagração e intensificação da mobilização para continuar chamando a atenção para os diversos ataques do Governo Bolsonaro às universidades públicas brasileiras e para as precariedades que a comunidade está enfrentando no retorno presencial. Clique aqui e saiba mais sobre o indicativo de greve.

Adufes